tag:blogger.com,1999:blog-11020268084687278252024-03-18T21:31:52.267-07:00Padre Gilvan Rodrigues"Et vos testimonium perhibetis
quia ab initio mecum estis..." (Jo 15,27)
"...Ecce calix saguinis mei"Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comBlogger293125tag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-13944779387234806392024-02-14T06:11:00.000-08:002024-02-14T06:11:04.429-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: large;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Jejum como atitude
penitencial </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghKwuaQxAj2IniEJex9Psb3ahPUs7sgHiHVj8leKgxC4sMLqI9jz_7EpG6_AHCfwrLItyg_6nnEjyLo4hMSVrYOJY22Jdd3O_K-SkquBFBOvh8rrMcEEF4EzNlYlSiXn51tkKpZTV3ZYaThy8_hbufYYgd169sJef_e2Hnj9d2Ac-6bAB_k4mhyl1lKrgj/s2650/popular-bread-brands-wallpaper-3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1767" data-original-width="2650" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghKwuaQxAj2IniEJex9Psb3ahPUs7sgHiHVj8leKgxC4sMLqI9jz_7EpG6_AHCfwrLItyg_6nnEjyLo4hMSVrYOJY22Jdd3O_K-SkquBFBOvh8rrMcEEF4EzNlYlSiXn51tkKpZTV3ZYaThy8_hbufYYgd169sJef_e2Hnj9d2Ac-6bAB_k4mhyl1lKrgj/s320/popular-bread-brands-wallpaper-3.jpg" width="320" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: transparent; text-indent: 35.45pt;"> </span></span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">O jejum deve ser fruto de uma necessidade
penitencial no sentido profundo do desejo de conversão. Portanto, não se trata
apenas de uma prática de dieta ou vontade de emagrecer por meio dele, embora
nos tempos modernos muitas pessoas recorram ao jejum, buscando melhorar seu
condicionamento físico, o que não seria um problema. Contudo, se essa fosse a
intenção primeira de quem se dispõe a fazer algum tipo de sacrifício pela
abstenção de alimentos, estaríamos muito distantes do propósito da reflexão, e
ela nada teria a nos dizer sobre a necessidade da “humilhação da alma” diante
de Deus, segundo uma das expressões judaicas relacionadas à prática do jejum
que descrevemos. </span><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">Todavia, o
jejum que Deus pede do seu povo deve ser reflexo do comportamento mais
condizente com o espírito do próprio jejum, isto é, ele deve expressar também práticas
de paz e concórdia em meio aos irmãos. Essa é a razão da crítica dos profetas
diante de atitudes meramente externas do jejum que não revelam o sentido
profundo dos desejos do coração. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">Na visão de Anselm Grün, que estudou profundamente
os vários sentidos do verdadeiro jejum, “a discórdia nasce da ausência de
medida, da dominação pelas paixões e pelos instintos. O jejum submete o ser
humano à disciplina, liberta-o do domínio das suas paixões e, assim,
proporciona-lhe a paz interior. [...] Desse modo, nos Padres da Igreja,
evidencia-se continuamente uma compreensão do jejum que pressupõe a unidade
entre corpo e alma. Eles nunca se preocupam simplesmente com a saúde do corpo,
tampouco simplesmente com a cura do espírito”. (<span style="font-variant: small-caps;">Grün</span>,
2013, p. 30). Dentro dessa dinâmica que envolve a percepção do homem integral,
“o jejum jamais é uma simples disciplina exterior, uma obra que podemos
apresentar a Deus, e sim um exercício que visa conduzir todo o ser humano a um
estado adequado. O jejum corporal tem que estar acompanhado de um jejum
espiritual, ou melhor: o jejum corporal bem compreendido é sempre, ao mesmo
tempo, um jejum espiritual”. (<span style="font-variant: small-caps;">Grün</span>,
2013, p. 31). Essa compreensão é muito significativa e está subjacente à dura
crítica que Cristo faz aos fariseus, preocupados apenas com o ritualismo
externo, que não permeia o espírito nem o motiva à conversão sincera. É o que
acontece quando Jesus fala do fariseu e do publicano que subiram ao tempo para
rezar. O fariseu se vangloriou tanto, inclusive por jejuar duas vezes por
semana, que não voltou para casa justificado. No seu interior, se exaltava e
desprezava os outros. (Lc 18,9-14). Qualquer pessoa consciente de suas atitudes
sabe que adequar o corpo aos imperativos do espírito não é tarefa fácil.
Podemos fingir diante dos outros, mas nunca disfarçaremos a aflição que
carregamos dentro de nós pelos vendavais das incoerências que nos contorcem
interiormente. Nesse contexto, a conversão é uma caminhada em direção a Deus e
contra nós mesmos, contra nossos instintos e apetites, contra todas as frestas
abertas na alma pela concupiscência que nos dilacera. Que tremendo desafio! </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">A “concupiscência” traduz, de modo negativo, todos
os anseios do espírito que nos puxam para baixo, que não nos permitem
elevar-nos à transcendência. A concupiscência é a casa dos nossos pecados. É o
olimpo dos deuses infernais que nos perturbam, que nos desorientam no caminho
da perfeição. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">No contexto joanino, a “concupiscência” está
relacionada ao desejo das coisas especialmente proibidas. Na verdade, esse é o
terreno de nossas lutas, sobretudo, espirituais: vencer em nós o que contraria
a vontade de Deus. Desse modo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">epithymia</i>
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">kosmos</i> são termos correlatos, pois
ambos participam do mesmo universo teológico do contexto soteriológico. Essa é
a razão pela qual “o mundo em sentido teológico é o mundo como cenário do
processo da salvação; ele não é somente o cenário, mas é um dos protagonistas
do drama, pois o mundo é a humanidade decaída, alienada de Deus e hostil a Deus
e a Jesus Cristo. Essa concepção é frequentíssima nos escritos paulinos e em
Jo, menos frequente nas cartas, quase totalmente ausente nos evangelhos
sinóticos. O mundo está em oposição a Deus: o espírito do mundo é contrário ao
espírito de Deus (1Cor 2,12)”. (<span style="font-variant: small-caps;">Mckenzie</span>,
1983, p. 637).</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">Numa profunda reflexão sobre “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Blaise Pascal, conversão e apologética</i>”, Gouhier assevera que “a
alma convertida encontra-se voltada para Deus. Ora, o amor de Deus só pode ser
exclusivo; ele exclui, portanto, o amor de si. Essa é a própria essência da
vida espiritual. Mas, na união propriamente mística, o amor de si desaparece
com o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i>; à ausência do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i> corresponde um estado de indiferença
a tudo o que lhe concerne: o amor exclusivo de Deus é também o esquecimento de
si. Na perspectiva de Pascal, o aniquilamento proclama que a queda fez cair meu
ser sob a cólera de Deus e que faço minha essa cólera: a conversão substitui o
amor-próprio, que desde o pecado põe o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i>
no lugar de Deus, pelo amor de Deus [...]”. (<span style="font-variant: small-caps;">Gouhier</span>,
2005, p. 77). É, pois, justamente na direção da conversão, a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">metanoia</i>, para usar a expressão grega,
que deve nos levar o jejum, mesmo que haja quem defenda a abstinência de
alimentos como um esforço de busca de si, de sua identidade mais profunda, o
que é também evidentemente válido. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">Na visão de Balbinot, por exemplo, “o jejum está
relacionado à experiência humana intencional de privação dos produtos que
suprem as necessidades fisiológicas. Por que se faria isso? Não seria uma ação
conta a própria natureza infligir o castigo contra si próprio? O jejum é a
renúncia voluntária de saciar-se fisicamente com a intenção de estar em maior
sintonia com as questões ontológicas interiores, que determinam o sentido do
ser. [...] o jejum, para muitas pessoas, não passa de um tempo de espera pela
comida, quando, na verdade, deveria ser um tempo de reflexão sobre a vida e o
ser. A fome não pode ser confundida com o jejum, pois é uma ameaça à
existência. O jejum é ação pedagógica e espiritual que possibilita vivenciar
uma situação de carência para entender e aprender a viver bem, mesmo em
situações extremas”. (<span style="font-variant: small-caps;">Balbinot</span>,
2015, p. 48-49). </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black; font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">A santidade é outro apelo da Igreja numa trajetória
de vida que dura a existência inteira, até o fim, até o céu. Por isso, no
contexto da espiritualidade do jejum, abre-se, de igual modo, a senda dos
desafios para a santidade nos conturbados tempos modernos. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Tanto quanto a oração, o jejum também deve nos
conduzir a humildade, pois ele “nos confronta com nós mesmos, com todos os
nossos desejos e necessidades, nossos sentimentos e pensamentos, com nossas
sombras. Reconhecer as próprias sombras nos torna mais humildes. Além disso, o
jejum nos conduz aos nossos limites. [...] O jejum nos confronta com nossa
própria carência. Não somos suficientes para nós mesmos, não possuímos o
sossego dentro de nós. Quem está sentado diante de Deus e sente fome sente
também seu anseio de satisfação”. (Grün, 2013, p. 46-47). Numa palavra, pelo
jejum, podemos reconhecer nossas insuficiências mais profundas e, assim,
recorrer ao auxílio divino que nos plenifica, com o dom da graça sobrenatural. (Do
livro “O sentido do jejum cristão, p. 47-56 – Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos).</span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-47182565415832336622024-01-18T05:51:00.000-08:002024-01-19T10:22:28.463-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 16pt; font-variant: small-caps;">Trilogia Judaica – Cantos do Gueto </span><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 16pt;">(Sarah Gorby)<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt;">(Dos
Arquivos do então Instituto Dom Luciano Duarte)</span><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 10pt;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 22pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><!--[if gte vml 1]><v:shapetype id="_x0000_t75" coordsize="21600,21600"
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<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-I0ZNfQknR5Aeqyj9ic6F2CH9SBoiKd5kZ-SuiLIt9IVoR_vDxqXdyTmMovvd2bawlQVls_ZYDNbi9DIF8q-3T0LS2j6AC0cZEFI8J47f1wSj43lA98N2bdybZUzgzPRd5phxcH1Pl5AIZ2xA3kyzziKRQOti66spSD7srUuFYlIFFIxLL3IvXbhAzVVv" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="724" data-original-width="493" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg-I0ZNfQknR5Aeqyj9ic6F2CH9SBoiKd5kZ-SuiLIt9IVoR_vDxqXdyTmMovvd2bawlQVls_ZYDNbi9DIF8q-3T0LS2j6AC0cZEFI8J47f1wSj43lA98N2bdybZUzgzPRd5phxcH1Pl5AIZ2xA3kyzziKRQOti66spSD7srUuFYlIFFIxLL3IvXbhAzVVv" width="163" /></a></div><span style="font-size: 10pt;"> </span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Para fazer memória do dia em que Dom Luciano
Duarte comemoraria 76 anos de ministério sacerdotal (18 de aneiro de 1948),
gostaria de apresentar-lhe a “Trilogia judaica – cantos do gueto”, a que fui
convidado a analisar quando ainda existia o Instituto Dom Luciano Duarte. Isso também
fez parte do patrimônio cultural da personalidade de quem, por sinal, dentro de
um ano, estaremos celebrando o centenário de seu nascimento (1925-2025). Portanto,
ei-lo: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">O universo cultural do homem sempre atravessa
as fronteiras de suas percepções e sensibilidades, sobretudo quando ele está
voluntariamente devotado ao enriquecimento das apreensões elásticas do saber
erudito. Sem sombra de dúvidas, isso poderia ser dito sobre Dom Luciano José
Cabral Duarte que nunca se deixou vencer pelas fatigas acadêmicas, por mais que
as gavetas de seu espírito já estivessem ocupadas. Ainda bem que o conhecimento
não ocupa lugar na inteligência como poderia acontecer com os bens materiais
que acumulamos nas gavetas e dos quais, vez por outra, temos de nos desfazer!
Mas isso é privilégio do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">homo sapiens</i>
que, pela artimanha da intelecção, projeta dentro de si o mundo exterior,
maravilhando-se, assim, pelo fascínio das possiblidades de suas descobertas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Convidado para analisar o conteúdo da Trilogia
Judaica, que envolve <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cantos do Gueto</i>,
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cânticos dos cânticos</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cantos judaico-espanhóis do século XVI</i>,
embalados pela voz cândida e solene de Sarah Gorby, o contexto histórico por si
mesmo fala profundamente de um tempo em que os judeus viviam a experiência
dolorosa de mais uma diáspora. Com efeito, é isso mesmo que o canto reflete no
conteúdo doloroso de pais e mães que sofrem a tristeza do distanciamento dos
filhos pela covardia da brutalidade humana com que são perseguidos, torturados,
psicológica e espiritualmente, nas dobras mais recônditas e profundas da alma
que silencia o grito sufocante do desespero. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Marcadamente o fato histórico de 1942, quando
os judeus foram expulsos da Espanha, encheu de angústia e lágrimas a vida de
muitos espanhóis dessa etnia, como tantas outras vicissitudes o fizeram ao
longo dos séculos, o que se estendeu também pelo século XVI e até os nossos
dias. Certamente, temos de recorrer a alguns dados históricos se quisermos
adentrar no âmbito da situação judaica, especialmente do conhecido mundo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sefardita</i>, isto é, de toda a conjuntura
que concerne aos judeus da Espanha. Segundo o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dicionário Enciclopédico do Judaísmo</i>, em nossos dias, o judaísmo
compreende dois componentes principais: o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">asquenaze</i>
e o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sefardita</i>. Os sefarditas deveriam
tirar o seu nome do país onde viveram seus ancestrais na Idade Média, de modo
que o termo sefardita designa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tradicionalmente</i>
a Espanha. Trata-se, na verdade, de um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">hápax<sup>
</sup></i>da Bíblia (palavra que aparece apenas uma vez), citado no livro de
Abdias (v.20), que anuncia que os “exilados de Jerusalém, que estão em Safarad,
tomarão posse das cidades do Negueb”. Portanto, para a crítica bíblica, esse
topônimo se aplica, então, à cidade de Sardes na Ásia Menor, e os primeiros
comentadores judeus se tornaram Safarad pela Espanha. Em 1917, sob o mandato
britânico, estabeleceu-se a dualidade rabínica (ritual ou litúrgica)
Asquenaze-Sefardita, de modo que todos aqueles que pela filiação não eram
asquenazes pertenciam ao grupo dos sefarditas. Mais tarde, no encontro
acontecido em Amsterdam, organizado de 14 a 17 de 1971 pela Federação Sefardita
Mundial, tomou-se para si o pragmatismo israelense que apregoava a declaração
de Élie Éliyachar: “Chamo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sefardim</i>
(plural hebraico de sefardita) todos aqueles que não são <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Asquenazim</i> (plural hebraico de asquenaze)”. (<span style="font-variant: small-caps;">W., Geoffrey</span> <i>et al</i>, 1996, p.
1234). Quanto a esse último nome, também julgo necessário algum esclarecimento
para os que não estão muito afeitos a tal terminologia. O dicionário Aurélio
afirma: “Do hebr. <i>ashquenazi</i>, do top. bíblico <i>Ashkenaz</i>,
posteriormente atribuído à Alemanha medieval.]”; e ainda: “Relativo a, ou
próprio dos asquenazes, ou do judaísmo da Europa central e oriental”. Portanto,
sem maiores detalhes, pois a intenção é a de tão somente situar a compreensão
do leitor, esse grupo surge das numerosas comunidades originadas da Polônia, da
Alemanha, da Holanda, da Áustria, da Tchecoslováquia, da Iugoslávia e da
Grécia, entre outros países como o bloco da União Soviética (antiga), Romênia e
Hungria. (<span style="font-variant: small-caps;">W., Geoffrey</span> <i>et al</i>,
1996, p. 1339). Voltando à conjuntura sefardita, que é a que nos interessa no
momento, as mudanças comerciais, demográficas e culturais que sempre
aconteceram antes e depois da expulsão dos judeus da Espanha, vividas entre as
comunidades judaicas da bacia do Mediterrâneo permitem falar de “sefardização”
e de “região sefardita”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Já na Idade Média, mesmo que a civilização
sefardita seja diferente daquela dos Judeus da Europa do Norte, ela está muito
próxima dos Judeus da África do Norte e do Oriente, de modo que existe uma
espécie de civilização comum a todas as comunidades judaicas. (<span style="font-variant: small-caps;">W., Geoffrey</span> <i>et al</i>, 1996, p.
1234). Consequentemente, esse mosaico de considerações apresentado teve por
objetivo contextualizar melhor o sentido e a compreensão da Trilogia judaica
ensaiada por Sarah Gorby. Nascida no ano de 1900, em <span style="background: white; color: black; mso-color-alt: windowtext;">Chisinau, capital, a maior e mais
importante cidade da Moldávia, sua voz imortalizou “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Les inoubliables chants du Ghetto</i>”, um álbum musical lançado em
1976. </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Perlustrando o conteúdo das músicas traduzidas
para o português com títulos em espanhol e outras línguas, graças ao pequeno,
mas significativo acervo adquirido por Dom Luciano Duarte, podemos intuir a
grandeza da experiência transmitida pela voz de Sarah Gorby em tempos difíceis para
os membros da comunidade judaica. Mas antes de adentrarmos em terras mais
profundas da linguística judaica de cantos de sofrimento e de esperança, de
contratempos e de arroubos de entusiasmo em meio às intempéries circunstanciais
dos ventos poéticos, precisamos entender melhor o sentido do “gueto”, dentro do
contexto da sinfonia histórica que, de algum modo, restringiu os judeus no
círculo da persecução que os encerrou nos limites de seus próprios sonhos de
realização e conquistas enquanto povo. Tudo isso vivido como fruto de barbáries
que sempre fizeram diminuir a dignidade de culturas, civilizações e povos,
esmagando a carne humana sob o véu de ideologias e crenças não salutares, mas
perniciosas e, às vezes, extremamente nocivas à humanidade inteira. No
Dicionário Aurélio, uma das definições apresentadas para gueto é a seguinte:
“Bairro onde os judeus eram forçados a morar, em certas cidades europeias”. Um
sítio da internet (<a href="http://www.superinteressante.pt/index.php?option"><span color="windowtext" style="text-decoration: none; text-underline: none;">http://www.superinteressante.pt/index.php?option</span></a>...)
apresenta a etimologia do termo: “Um gueto é uma área separada e habitada por
um grupo étnico, cultural ou religioso, voluntária ou involuntariamente, em
maior ou menor reclusão. O termo referia-se originalmente às judiarias e
aplica-se, hoje, a qualquer zona que concentre um determinado grupo social.
Provém da palavra do dialeto veneziano <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ghetto</i>
(fundição de ferro), devido à fábrica que existia no bairro onde foram
confinados os judeus de Veneza, em 1516. De noite, o acesso ao gueto, situado
numa das ilhotas da cidade e rodeado de canais, permanecia fechado”. Ou seja,
na essência da significação atribuída ao vocábulo, trata-se de pessoas
segregadas por circunstâncias variadas em relação ao contexto social em que
vivem ou são obrigadas a viver. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">No contexto das letras cantadas por Sarah
Gorby, encontramos expressões e conteúdos tais como: “Nossa aldeia está em
chamas e vocês ficam indiferentes, de braços cruzados? Nossa aldeia está
ardendo, o vento penetra por todos os lados, ululando e tudo destrói. A
salvação está nas mãos de vocês...”; “Chove no verão e cai neve no inverno. Vou
andando sozinha, caminhando infeliz, sem destino... Todos os meus entes
queridos desapareceram, mortos por forças demoníacas... e após tanto
sofrimento, tantos horrores, após tudo isso... ainda devo fugir da Polônia”;
“Quando te aproximares, todas as portas hão de fechar-se diante de ti. No lugar
em que passares um dia, não poderás passar outro. Fecha teus olhos... Vai,
procura uma rocha escarpada, senta-te e, sozinho, golpeia o peito com teus
punhos... Raquel virá então te acompanhar em tuas lamentações...”; “Multidões expulsas
de seus lares vão se arrastando através de campos poeirentos e manchados de
sangue. Com o coração humilhado e os olhos repletos de angústia, as mães
estreitam os filhos contra o peito... Mães aniquiladas pela dor e pais
extenuados pelo sofrimento, curvados sobe o peso de uma tristeza infinita...
Eles vão caminhando para a morte”; “Dorme, criança... Noite e chuva, noite e
vento... Por caminhos encharcados, famintos como cães, espancados como cães,
caminham eles... Dorme, criança, dorme. Para aonde vão? Só a noite sabe, só o
vento sabe, pois ouviram os seus soluços e gritos lancinantes. Como colunas de
sombras, vão andando. Dorme, filho querido, dorme. Noite e chuva... noite e
vento...”; “Os incêndios foram apagados; contudo, o fogo que brota do meu coração
ficará sempre aceso. A provação dolorosa que sofreu nosso povo dispersou pelo
mundo os melhores de cada geração... As gerações perderam o orgulho e a
alegria. Todavia, a guerra acabou”; “Não digas nunca que o caminho que
percorres é o último porque pesadas nuvens o encobrem: o dia chegará e também a
hora esperada. Hás de escutar nossos passos. Já estamos aqui! O sol da aurora
iluminará nosso caminho. Os dias negros do passado desaparecerão com o inimigo.
Nosso canto será entoado por todas as bocas; por isso, não digas jamais que é a
tua última jornada...”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 10pt; line-height: 150%;">Na verdade, os textos acima citados refletem,
de maneira singular e profunda, a experiência inaudita de um povo que sempre
carregou sobre os ombros da existência a estranha sina da perseguição, da depreciação,
da violência mesmo. E nenhuma luz dialética jamais será suficientemente bem
apresentada ou projetada sobre ele, de modo a iluminar os pontos obscuros de
sua própria história. (Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos, da Arquidiocese de Aracaju.
Escritor e Advogado).</span></p><br /><p></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-1781163875900215842023-12-01T07:04:00.000-08:002023-12-01T07:04:35.489-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><a name="_Hlk152321861"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 24.0pt; font-variant: small-caps; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">Advento, Natal e Ano Litútigo </span></a></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4AEOgiyTDE07uyjpI8gTOdpeq-zqIS8qHjOTF7rYyceAoX7ib2IVnoKGumCDCbLiE8Lo91VWGXlpkPACP2_7o27Tam4ndNqYey_xa4yllY9b0qxlXWCAMW6OrKkUuQtlBvn_WWv8PWW32LhmFcK80B73c_XNt3ZmSJrVCBMhczC9iKlX8gjGr1rhppEJB" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="372" data-original-width="372" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj4AEOgiyTDE07uyjpI8gTOdpeq-zqIS8qHjOTF7rYyceAoX7ib2IVnoKGumCDCbLiE8Lo91VWGXlpkPACP2_7o27Tam4ndNqYey_xa4yllY9b0qxlXWCAMW6OrKkUuQtlBvn_WWv8PWW32LhmFcK80B73c_XNt3ZmSJrVCBMhczC9iKlX8gjGr1rhppEJB" width="240" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">O Catecismo da Igreja Católica afirma
que “ao celebrarmos cada ano a liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta
espera do Messias: comungando com a primeira vinda do Salvador, os fiéis
renovam o ardente desejo de sua Segunda Vinda” (CIC, n. 524). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">Essa é a motivação pela qual, de novo,
queremos abrir as comportas do nosso coração para acolher o Senhor que vai
chegar no mistério da Encarnação pela qual “a verdade do amor de Deus alcança o
homem na história, convidando-o a acolher livremente essa novidade radical”
(Papa Bento XVI). No âmbito desta “novidade radical”, a Igreja de Jesus Cristo
retoma “o ciclo das [suas] festas essenciais que são o Natal, a Páscoa e
Pentecostes”. (Dom Luciano Duarte). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">O período do Advento coincide com o
início do novo ano litúrgico, e também, chamado ano eclesiástico, que, em 2024,
retoma a reflexão sobre o Evangelho de São Marcos, o ano “B”. Notoriamente, o
começo do ano litúrgico não corresponde ao princípio do ano civil, o que
acontece no dia primeiro de janeiro. Então, foi a partir do Concílio Vaticano II,
que a Igreja de Cristo se enriqueceu com a meditação dos Evangelhos
distribuídos nos chamados anos “A”, “B”, e “C”. Trata-se, respectivamente, dos
Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, conhecidos na literatura bíblica como “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">os Evangelhos Sinóticos</i>”. Essa
distribuição dos Evangelhos em três anos litúrgicos foi um “dos frutos maiores
do Concílio Vaticano II”. Tudo isso porque, como afirmara Dom Luciano Duarte,
“a Igreja inteira vive, pende, está suspensa pela vida histórica de Jesus Cristo,
e é celebrando esta vida histórica que a vida religiosa dos cristãos foi se
desenvolvendo”. Em outras palavras, “o ano litúrgico é a estrutura que sustenta
todo o mistério do culto cristão” (Matias Augé). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">Essencialmente, do ponto de vista
litúrgico, a vida da Igreja se desdobra no arco de tempo que vai do Advento até
o último domingo do Tempo Comum – Solenidade de Cristo Rei do Universo –
passando pelo Tempo da Quaresma, que culmina na celebração da Páscoa do Senhor.
Dessa maneira, a vida do cristão é permeada por este “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">kairós</i>” de Deus, o tempo da salvação que se chama “hoje”, que
assume a plenitude no mistério da Encarnação de Cristo, extrapolando todos os
limites e todas as dimensões do tempo e do espaço, invadindo,
antropologicamente, todas as cavernas mais obscuras da imperfeição humana. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">Numa atitude de abertura e conversão,
todos somos chamados a mergulhar na graça da <i>Redenção</i> que nos é
oferecida gratuitamente. Ela é a fonte da esperança de que fala o Papa Bento
XVI na sua Carta Encíclica “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Spe Salvi</i>”,
publicada no dia 30 de novembro de 2007, no Vaticano. “A redenção é-nos
oferecida no sentido de que foi dada a esperança, uma esperança fidedigna,
graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que
custoso, pode ser vivido e aceito, se levar a uma meta e se pudermos estar
seguros desta meda, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do
caminho”. (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Spe Salvi</i>, n. 1). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">Falando da “transformação da
fé-esperança no tempo moderno”, e fazendo uma retrospectiva histórica de momentos
cruciais em que se tentou varrer Deus da convivência social para dar razão à
ditadura de sistemas políticos e econômicos, o Papa afirma que “o homem não é
só produto de condições econômicas nem se pode curá-lo do exterior criando
condições econômicas favoráveis” (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Spe
Salvi</i>, n. 21) e que, “para Deus entrar verdadeiramente nas realidades
humanas, não basta ser pensado por nós, requer-se que Ele mesmo venha ao nosso
encontro e nos fale”. (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Spe Salvi</i>, n.
23). E é, pois, esse encontro com Deus que queremos celebrar durante o Advento,
e mais categoricamente no dia do Natal. Sim, aí, gostaríamos de experimentar,
de modo pleno, a profunda satisfação do amor de Deus que nos supera em todas as
nossas limitações. Todavia, para isso, o coração precisa ser dilatado, limpo e
purificado. É o Papa quem afirma: “O homem foi criado para uma realidade grande,
ou seja, para o próprio Deus, para ser preenchido por Ele. Mas, o seu coração é
demasiado estreito para a grande realidade que lhe está destinada. Tem de ser
dilatado”. (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Spe Salvi</i>, n. 32). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #cc6600; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: IT;">Citando Santo Agostinho, o Papa
apresenta a bela imagem que descreve a “dilatação” do coração: “Supõe que Deus
queira encher-te de mel. Se tu, porém, estás cheio de vinagre, onde vais pôr o
mel?” Portanto, abramo-nos ao acolhimento festivo do Messias esperado, que
chega, a fim de que rebente no nosso coração ressequido a alegria divina
manifestada pelos pastores de Belém, pois, no “hoje” da nossa fé, nasceu-nos um
Salvador, o Cristo Senhor. (Dr. PGRS, 2023). <o:p></o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-5582998811256307062023-10-31T08:42:00.005-07:002023-10-31T08:42:42.039-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-large;">A Solenidade de todos os Santos<o:p></o:p></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiddah6dkemkUkQkUZJT4P1iZ9htaBDwTQUIiWL4prUb9QQsZ1Wi3gHjhvSQ9G0S9kNkVoQO4uUTsTUNgDNTiN2FUxftR6CbIxLRxhqJuZ0xkK9yjloxn-c7Waz2nG5Ewro2PyHXKCt7R2XHWaDm9GtELv2F1AWQpU_fgmIONoLm1FnKcf71R1aBPaDEl67" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="576" data-original-width="1024" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiddah6dkemkUkQkUZJT4P1iZ9htaBDwTQUIiWL4prUb9QQsZ1Wi3gHjhvSQ9G0S9kNkVoQO4uUTsTUNgDNTiN2FUxftR6CbIxLRxhqJuZ0xkK9yjloxn-c7Waz2nG5Ewro2PyHXKCt7R2XHWaDm9GtELv2F1AWQpU_fgmIONoLm1FnKcf71R1aBPaDEl67" width="320" /></a></span></div><span style="font-size: large; text-indent: 35.45pt;"> </span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">“O Reino celeste é a morada dos santos, sua paz
para sempre”. No dia 1º de novembro, celebramos, na Igreja Católica, a
solenidade de Todos os Santos, que no Brasil se transfere para o Domingo
seguinte, caso o dia 2 – comemoração de todos os fiéis defuntos – não caia em
dia de Domingo. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Celebrar todos os santos significa alimentar a
esperança de, um dia, também nós estarmos participando da plenitude da vida
eterna, depois de vencidas todas as imperfeições de nossa humanidade pelo
mistério da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. De fato, ele nos
abriu o cominho de céu, e nos tornamos herdeiros de sua vida divina,
concidadãos dos céus, da vida plena em Deus. Desse modo, “já não sois
estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de
Deus. Estais edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, do
qual é Cristo Jesus a pedra angular. Nele, bem articulado, todo o edifício se
ergue como santuário santo, no Senhor, e vós, também, nele sois coedificados
para serdes habitação de Deus, no Espírito” (Ef 2,19-22). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Somente os santos poderão morar no céu!
Portanto, todos somos convidados e intimados a uma vida santa diante de Deus e
dos homens. A santidade é fruto da íntima e profunda união com Cristo, que faz
resplandecer nos santos a glória de sua ressurreição. Ou seja, a santidade não
é para os extraterrestres, como, às vezes, imaginamos. Não o é para os que
vivem fora do mundo, nas nuvens imaginárias da alienação do cotidiano. Ninguém
pode ser santo se não for dentro da realidade propriamente humana, vivendo as
disposições interiores e espirituais na abertura transcendental que permite a
ascensão para Deus. Quando Cristo pede que sejamos santos como o nosso Pai do
céu é santo, isto é, perfeito (Mt 5,48), ela já está dando-nos a esperança de
que isso é possível, com o auxílio de sua graça e a nossa abertura ao
acolhimento das exigências e implicações que o desejo e a atitude concreta da
santidade o pedem. Portanto: “A santidade cristã manifesta-se, pois, como uma
participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja nos
oferece, particularmente com os sacramentos. A santidade não é fruto do esforço
humano, que procura alcançar Deus com suas forças, e até com heroísmo; ela é
dom do amor de Deus e resposta do homem à iniciativa divina”. (<span style="font-variant: small-caps;">Missal</span> <span style="font-variant: small-caps;">Dominical</span>,
1995, p. 1367). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Nossos altares estão cheios do exemplo luminoso
de pessoas que viveram na terra como se já estivessem no céu, totalmente
impregnadas pelas maravilhas que Deus realizou em sua vida: “De fato, toda
forma de santidade tem seu núcleo central na comunicação por parte de Deus, que
irrompe na vida da criatura humana e efetua de modo criativo uma autêntica
novidade interior. Na luz da transcendência divina, o santo é atraído a entrar
em íntima relação com o Pai, participa de sua riqueza salvífica, vive suas
exigências e torna-se uma incessante glorificação. Imerso na santidade do Pai e
animado pelo Espírito, que é santo e santificante, o santo torna-se um hino de
louvor e um sinal vivo da bondade divina para com toda a humanidade, pela
riqueza de sua ação”. (<span style="color: #c00000; font-variant: small-caps;">Dicionário
de Homilética</span>). Contudo, a vida dos santos não é vivida sem as
dificuldades impostas pelas limitações humanas dos filhos de Deus, mas,
sobretudo, assumindo, na concretude da vivência cristã, todos os apelativos da
vontade divina. Numa dimensão de fé, isso significa não se deixar perturbar
pelas vicissitudes alheias aos desejos de controle do que nos escapa, mas tudo
colocar, de modo confiante e abandonado, sob o prisma da providência divina.
Para os santos, nada acontece sem a permissão divina, mesmo as situações aparentemente
negativas, que causam aborrecimento e desgosto pelo entusiasmo da fé. Daí que
os santos experimentam momentos de terrível escuridão interior, de aparente
indiferença divina, de suspeitoso silêncio divino quanto às angústias
desprovidas de consolações espirituais. De fato, quantos dissabores
existenciais de questionamento perturbam a alma dos santos! Santa Teresa
d’Ávila já dizia que não era de admirar que Deus tivesse tão poucos amigos por
causa dos “maus tratos” com que Ele saúda os que dele se aproximam. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Desafortunadamente, o mundo moderno, tão
materialista quando arreligioso, tem demonstrado um grave indiferentismo quanto
às realidades sobrenaturais da existência. A ciência e a técnica tentam
explicar tudo e, assim, não deixam espaço para o transcendente, embora o
coração do homem jamais se satisfaça com os avanços tecnológicos ou
científicos. Tudo isso pode favorecer uma faceta obscura do sonhado
“humanismo”, mas não conduz à plenitude do homem desejoso de infinito. Na
expressão do Papa Bento XVI (2009, n. 78).), “a reclusão ideológica a Deus e o
ateísmo da indiferença, que esquecem o Criador e correm o risco de esquecer
também os valores humanos, contam-se hoje entre os maiores obstáculos ao
desenvolvimento. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O humanismo que exclui
Deus é um humanismo desumano</i>. Só um humanismo aberto ao Absoluto pode
guiar-nos na promoção e realização de formas de vida social e civil – no âmbito
das estruturas, das instituições, da cultura, do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ethos</i> – preservando-nos do risco de cair prisioneiros das modas
modernas. É a consciência do Amor indestrutível de Deus que nos sustenta no
fatigoso e exaltante compromisso a favor da justiça, do desenvolvimento dos
povos, por entre êxitos e fracassos, na busca incessante de ordenamentos retos
para as realidades humanas”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Portando, também dentro do horizonte das
conquistas humanas, deve haver condições producentes em relação ao encontro
entre o humano e o divino, a fim de que essas satisfações historicamente
momentâneas não fechem o caminho progressivo da santidade ultra histórica
porque nos leva a Deus. É permitindo que Deus – o Santo e Santificador, por
excelência – participe da nossa vida terrena que poderemos ser agraciados pela
participação futura da sua vida no céu, pois a vida no céu não será outra coisa
senão a continuidade de nossa amizade com Ele vivida na terra. Com efeito,
iluminados pela luz interior da fé – que é um dom da gratuidade divina – os
santos conseguem contemplar um horizonte tão longínquo que poucos conseguem
perceber. É, pois, lá, onde eles fazem a sua morada eterna desde o mundo
sombrio da Terra. (Dr. PGRS) </span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-72895476965029536882023-09-13T09:11:00.003-07:002023-09-13T09:11:19.664-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 20.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Gaudete in laetitia fratrum <o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbJjr2y84dxiXNnn6iKQAhlFBGQHqv7s2sRxtbx79lp-nc-pjZAK_YtjIyk5D4-9WGCc0Pb9rAz-z1Gsd8aizkPluOZ1cJC1DKBsdA5KtfmsmkcMjx5hj2xXopvSprF28uXzZ-9MSHmQnvf-fK_yWh_vlZwFMlYgY5R3C6m9XZ8GF7GzCGvJFEtxS_YXR8/s916/Dom%20Genivado%20.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="890" data-original-width="916" height="311" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbJjr2y84dxiXNnn6iKQAhlFBGQHqv7s2sRxtbx79lp-nc-pjZAK_YtjIyk5D4-9WGCc0Pb9rAz-z1Gsd8aizkPluOZ1cJC1DKBsdA5KtfmsmkcMjx5hj2xXopvSprF28uXzZ-9MSHmQnvf-fK_yWh_vlZwFMlYgY5R3C6m9XZ8GF7GzCGvJFEtxS_YXR8/s320/Dom%20Genivado%20.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><br /></span></b></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Alegrai-vos na alegria
dos irmãos</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">! Esse foi o pensamento que me assaltou o espírito quando
vi fotografias de Dom Genivaldo Garcia, Bispo da Diocese de Estância, em
Sergipe, visitando o Santo Padre, o Papa Francisco, ou até mesmo na Basílica do
Vaticano, juntamente com alguns irmãos bispos, eleitos para o episcopado entre 2022
e 2023, especialmente, aqui, no Brasil. Fico imaginando a alegria que não deve
ter sido poder participar de um encontro de formação na Santa Sé, no coração da
Igreja, e com a presença do Santo Padre, o chefe visível da unidade universal
da Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que outra instituição
religiosa tem esse carisma ou essa organização hierárquica, para levar a cabo a
determinação do Senhor Jesus, que pediu aos Apóstolos que fossem pelo mundo
inteiro anunciando a todos os povos a Boa Nova da salvação eterna? Digam o que
quiserem dizer, mas só a Igreja Católica Apostólica Romana tem esse privilégio!
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Na Igreja Católica, o episcopado é um convite
especial do Senhor a fazer parte da plenitude da vocação do Ministério
Sacerdotal. Mas não é para todos! O epíscopo é uma espécie de vigia, de
atalaia, alguém que olha acima dos outros – conforme a etimologia grega do termo
– numa espécie de vigilância permanente, a fim de que os súditos possam
caminhar, segundo as leis de Cristo e da Igreja, para chegarem à vida eterna. Assim,
os bispos agem “com Pedro e sob Pedro”. Trata-se, pois, de uma beleza bastante
significativa no contexto eclesial. De fato, o Concílio Vaticano II afirma: “Todos
os bispos, como membros do corpo episcopal, sucessor do colégio Apostólico, são
consagrados não só em benefício de uma diocese, mas para a salvação de todo o
mundo. O mandato de Cristo de pregar o Evangelho a toda a criatura afeta-os
primária e imediatamente a eles, com Pedro e sob Pedro”. (<i><span style="font-variant: small-caps;">Ad Gentes</span></i>, n. 38). Ou seja, em comunhão
com o Papa, os bispos assumem ainda a responsabilidade para fazerem acontecer a
“dilatação do corpo de Cristo”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Tão sublime é a missão do bispo, que outro
documento destaca o seguinte: “Na pessoa dos bispos, quando coadjuvados pelos
presbíteros, é o próprio Senhor Jesus Cristo que está presente no meio dos
fiéis. Embora sentado à direita de Deus Pai, não se ausenta da comunidade dos
seus pontífices; mas é principalmente através do Ministério excelso dos bispos que
Jesus Cristo prega a palavra de Deus a todos os povos e administra
continuamente o sacramento da fé aos crentes; e, graças ao ofício paternal dos
mesmos (cf. 1Cor 4,15), vai incorporando por geração sobrenatural novos membros
ao seu corpo; finalmente, pela sabedoria e prudência dos bispos, dirige e
orienta o povo do Novo Testamento na sua peregrinação para a eterna bem-aventurança”.
(<i><span style="font-variant: small-caps;">Lumem Gentium</span></i>, n. 21). Bonita
e extraordinária missão apostólica a eles confiada, como a toda a Igreja, com a
participação e a colaboração missionária dos sacerdotes e igualmente dos fiéis
leigos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Sei dos pecados dos homens da Igreja, que não
são santos como gostaríamos – mas também nem anjos nem demônios; sei de suas
feridas e vulnerabilidades mais profundas, diante da missão que lhe é exigida
pela própria Igreja; e, aqui, não estou me referindo especificamente a um
indivíduo por excelência. Refiro-me à fragilidade a que todos nós fomos
expostos pela “desorientação antológica” que quebrou o eixo da humanidade quanto
à relação divina; refiro-me à desobediência de Adão, que nos precipitou a todos
nós nas garras da concupiscência da carne e dos olhos e consequentemente na
soberba da vida. (cf. 1Jo 2,15-17). Tudo isso como consequência do pecado. No
entanto, resgatados por Cristo pela generosa entrega do Filho de Deus, o novo
Adão, voltamos maravilhosamente à intimidade com o Pai criador. Dessarte, o próprio
Filho de Deus, Jesus de Nazaré, quis colaboradores, os discípulos, dentre os
quais ele escolheu os “apóstolos”, cuja palavra significa “enviados”. (cf. Lc 6,12-19).
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Agora, Dom José Genivaldo Garcia está também
entre eles, na linha da sucessão apostólica, de modo que nós também nos
alegramos com sua chegada ao episcopado! Ele é nosso amigo; ele é nosso irmão,
saído do clero da arquidiocese de Aracaju. Por isso, alegramo-nos pelo seu
chamado a tal ministério, pelo seu “sim” a Deus, pelo seu “fiat”’ – “faça se!” Que
a experiência junto ao Santo Padre, com outros bispos de sua geração, anime-o
imensamente, a fim de que corresponda sempre com mais generosidade à missão que
lhe fora confiada pelo Pastor dos pastores, Jesus, o dono da messe. A ele, nosso
abraço, nosso respeito, nossas orações por sua fidelidade. (Dr. PGRS). </span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-57422335145823119972023-04-03T19:38:00.006-07:002023-04-03T19:44:19.395-07:00O drama da paixão de Cristo <p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center; vertical-align: baseline;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: Arial, sans-serif; font-variant: small-caps; padding: 0cm;"><span style="font-size: large;">O
drama da paixão de Cristo <o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="border: 1pt none windowtext; font-family: Arial, sans-serif; padding: 0cm;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioceKkNuz28xq-M28A4DdYckaSNQJ_jbUa-L01nb7tichqDhwfDQSaDyWGrDnUvByH0swykGOu19-v7DIy-AIg_JDGv1TiwhRLFIXRmwwM9kYUqvLcxjgcbQNS61Ccxe8dNXUqTB-WhK6jCxywJY014-H_sySSxHb2JIJIJAbVs0KLEDYEYUJu1u3gZQ/s995/Jes%C3%BAs.Crucificado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="995" data-original-width="686" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioceKkNuz28xq-M28A4DdYckaSNQJ_jbUa-L01nb7tichqDhwfDQSaDyWGrDnUvByH0swykGOu19-v7DIy-AIg_JDGv1TiwhRLFIXRmwwM9kYUqvLcxjgcbQNS61Ccxe8dNXUqTB-WhK6jCxywJY014-H_sySSxHb2JIJIJAbVs0KLEDYEYUJu1u3gZQ/s320/Jes%C3%BAs.Crucificado.jpg" width="221" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt; font-variant: small-caps; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; padding: 0cm;">O
drama da Paixão de Cristo</span><span style="border: none windowtext 1.0pt; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; padding: 0cm;">
encerra o ministério da nossa salvação eterna! Na verdade, o que Cristo veio
fazer entre nós? Qual o sentido último da sua Encarnação, da sua Paixão, da sua
Morte e da sua Ressurreição? De fato, a história da salvação começa com a
antiga promessa que Deus fizera de nos enviar o Salvador. E ela se encontra,
lá, na origem da Criação, quando ao criar o homem à sua imagem e semelhança (Gn
1,27), ele se rebelou contra o Criador mediante a insinuação da serpente
tentadora, que semeou a inimizade entre Deus e a criatura humana. Assim, aquela
resistência à vontade do Criador abriu o precedente radical que nos tornou
prisioneiros do maligno. Contudo, o Pai, santo e misericordioso, não quis
deixar-nos entregues à nossa própria sorte. E, por isso, prometeu: “Porei hostilidade
entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar...” (Gn 3,15). </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt; mso-color-alt: windowtext;">Esse texto do Antigo Testamento é considerado
pelos grandes exegetas como o <i>protoevangelho</i>, isto é, a primeira boa
nova alvissareira do nosso resgate espiritual para Deus. Assim, tal “versículo
constata a hostilidade fundamental entre a serpente a humanidade, mas deixa
entrever a vitória final da humanidade: é um primeiro clarão de salvação, ou
Proto-evangelho. A tradução grega [...] atribui essa vitória não à linhagem da
mulher em geral, mas a um dos filhos da mulher; dessa forma, é estimulada a interpretação
messiânica já presente na tradição judaica antiga, depois retomada e
explicitada por muitos Padres da Igreja”. (BJ, 2004, p. 38, nota “a”). Dessarte,
“quando o homem consegue mostrar o que tem de pior e atingir seu ponto mais
baixo, Deus lhe dá um recomeço”. (<span style="font-variant: small-caps;">Wiersbe</span>). Ou seja: no próprio alvorecer do nosso afastamento de
Deus, está também a sublimidade misteriosa, bem longínqua, bem distante, da
nossa Redenção, embora, no vislumbre da onisciência divina, esse rasgo de claridade
intensa aconteça no relâmpago de sua visão universal,
cosmogênica-transcendental. Com efeito, na intuição luminosa da divindade, a
abrangência histórica da salvação é um clarão de plenitude experimentada
somente por Deus, onisciente, onipresente e onipotente. Portanto, nossa visão
míope, extremamente contaminada pela tiflose espiritual, reforçada pelo pecado,
apenas saboreia o minimalismo radical dessa percepção, porque também é um dom
da inteligência com que fomos dotados. No entanto, o Criador precisou preparar
o coração da humanidade para o mistério de sua própria salvação, transcorrida
na história mediante a revelação do próprio Deus. </span><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #242424; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt;">Os séculos foram avançando, e Deus mesmo se encarregou de revelar
o seu plano de amor incondicional pela criatura humana, enviou seus
mensageiros, suscitou os profetas, fez resplandecer nos eventos históricos as maravilhas
de seu poder, até fazer despontar a luz do Salvador outrora prometido. Desse modo,
“quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido
de uma mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim
de que recebêssemos a adoção filial”. (Gl 4,4). Ele é o “Cordeiro imolado” desde
a fundação do mundo, quando já detinha o “livro da Vida”. (Ap 13,8). E foi por
meio do Filho que Deus olhou a cada um de nós, derramando sobre todos os dons infinitos
e espirituais de sua misericórdia, mesmo se “O amor de Deus pelo pecador, de
maneira alguma elimina sua abominação santa pelo pecado, pois, ainda que seja
verdade que ‘Deus é amor’ (1 Jo 4,8), também é verdade que ‘Deus é luz’ (1Jo 1,5).
Um Deus santo deve tratar do pecado, para o bem do pecador e para a glória de
seu nome”. </span><span style="background: white; color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt; mso-color-alt: windowtext;">(<span style="font-variant: small-caps;">Wiersbe</span>). É o que Deus faz pela Pessoa
do Filho, historicamente, durante o <span style="font-variant: small-caps;">Drama
da Paixão de Cristo</span>, na Semana Santa! Por isso, somos chamados a viver
esses dias com piedade, gratidão e esforço mais intenso de conversão ao seu
amor. Outrossim, “Já se aproximam os dias de sua Paixão salvadora e de sua
gloriosa Ressurreição. Dias em que celebramos, com fervor, a vitória sobre o
antigo inimigo e entramos no mistério da nossa Redenção”. (<span style="font-variant: small-caps;">Prefácio da Paixão do Senhor</span>, II). </span><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #242424; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt;">O Catecismo da Igreja Católica (CIC, n. 41), é bastante esclarecedor
quando afirma: “Nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar
sobre si os pecados de todos os homens e de oferecer-se em sacrifício por
todos. A existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo
tempo, abraça todas as pessoas humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade,
torna possível seu sacrifício redentor <i>por todos</i>”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #242424; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt;">A semana santa nos ajude a ver o Senhor da Glória no seu caminho
de humilhação, de sofrimento e de morte – pela via sacra – e desperte nosso coração
renovado no resplendor de sua Ressurreição. Assim, Senhor, “que o nosso pecado
seja assumido pela tua graça redentora e santificante; nossa fraqueza, pela tua
força; nossas lágrimas, pela tua consolação; nossa inquietação, pela tua serenidade;
nosso egoísmo, pela tua mortificação; nossa covardia, pela tua coragem de amar
até o fim; nossa impaciência, pela tua paciência; nossas feridas, pelas tuas
chagas; nosso dilaceramento, pela plenitude de tua integridade; nossas lamentações,
pelo teu silêncio; nosso fracasso, pela tua vitória; nossa nulidade, pela tua perfeição;
nossa vida, pela tua morte, que gera a verdadeira vida; nossa morte, pela tua Ressurreição;
nossa ressurreição, pela eternidade de Deus...” Amém! (Dr. PGRS). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; color: #242424; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 13.0pt;"><o:p> </o:p></span></p><br /><p></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-2885753244904975712023-03-13T18:29:00.005-07:002023-03-13T18:29:51.704-07:00Araujo, o octogenário <p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 22.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Araujo, o octogenário</span></b></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXLcxIbUmmNXGtz4zBmA3xMRERSeCHk8HJNqCQuuHSvep6BiPneSgBKpEoVlQTUKKFxuoXIPP2ZpNitf8cIz-Hmy2VebNd0QWfFXDfIX1uRdtbOIIS0OhZEuKYYcQK7p-gc-YoocAPsL8RGU4f-tFOOt04n9sJBbBtg7_g-OEy-lADhvm5jEIfdSDbsw/s949/Araujo%2080.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="949" data-original-width="659" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXLcxIbUmmNXGtz4zBmA3xMRERSeCHk8HJNqCQuuHSvep6BiPneSgBKpEoVlQTUKKFxuoXIPP2ZpNitf8cIz-Hmy2VebNd0QWfFXDfIX1uRdtbOIIS0OhZEuKYYcQK7p-gc-YoocAPsL8RGU4f-tFOOt04n9sJBbBtg7_g-OEy-lADhvm5jEIfdSDbsw/s320/Araujo%2080.jpg" width="222" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Conheci o professor José Araujo Filho, o
octogenário, depois que ingressei no Seminário Menor “Sagrado Coração de
Jesus”, em Aracaju, no dia 14 de fevereiro de 1987. Há pouco mais de trinta e
seis anos. Àquela época, a CNBB havia instituído o chamado “ano propedêutico”,
com o qual Dom Luciano Duarte (1925-2018) concordou plenamente, em virtude de
que os estudantes vinham de colégios públicos e havia grande déficit de
inteligência ou de conhecimento. Éramos considerados como “tábula rasa”, isto
é, desprovidos do devido nível do saber para seguirmos no estudo do “Segundo
Grau”, como era apodado o hoje “Ensino Médio”, de modo que, por essa razão,
deveríamos parar um ano, aprofundando algumas disciplinas de cunho científico,
mas também eclesiástico. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Naquele comenos, Dom Luciano Duarte, que era um
exímio investigador das ciências filosóficas, teológicas e de outros saberes plúrimos,
inclusive preocupado do a visão rasteira que possuíamos da realidade
estudantil, requisitou, compulsoriamente, um grupo de professores intelectuais
de Sergipe, seus amigos, formados na Europa, para nos administrarem as aulas
preparatórias. Entre eles, estava o então ainda meio jovem professor José
Araujo Filho. Portanto, ali nascia a possibilidade da estrada aberta para o
conhecimento e a amizade com o dileto professor, que, às vezes, de perto, às
vezes, de longe, seguia o processo formativo que, no meu caso, durou onze anos:
quatro anos no Seminário Menor e sete no Seminário Maior, em Brasília, de onde
voltei, no final de 1997, para ser ordenado diácono e, depois, sacerdote. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">No Seminário Menor, fui seu aluno de latim e de
língua portuguesa. Mas seu universo intelectual já abrangia um leque de
sabedoria filológica e de outros ramos da cultura erudita – história,
geografia, literatura clássica e moderna, entre outras – o que tornava interativa
e envolvente sua exposição em sala de aula. Desse modo, a semente de seus
conhecimentos fora plantada no coração de muitos seminaristas. Na dinâmica do
ensino do português, ele sugeria que lêssemos textos para melhorar a prosódia e
a compreensão do conteúdo, e todos participávamos, cada um por sua vez. Nunca
esqueci a frase que, por sorte, me coube ler numa daquelas experiências na
incipiência do aprendizado: “Ele espremia os olhos, porque não enxergava
direito!” Aquela expressão quase me chocou, pois era justamente o que fazia
quando perlustrava um texto. E foi Dom Luciano quem, um dia, descobriu que eu
era quase cego! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Habitualmente, o então arcebispo frequentava o
seminário menor toda semana, a fim de nos fazer uma palestra, e jantar com os
seminaristas. Sempre pedia que o Reitor, Pe. Raimundo Cruz (1941-2014), desligasse
a campainha e o telefone, porquanto ele desejava estar exclusivamente com os
seus pupilos. O caudal de conteúdo e a motivação que derramava sobre nós eram
algo apoteótico, mas também despertava melancolia e apreensão, porque ele fazia
muitas perguntas para as quais, dificilmente, encontrávamos resposta. Contudo,
era muito contagiante! Um dia, ele quis ensinar-nos uma música em latim,
escrevendo-a na lousa, para todos copiarem. Foi quando, depois de perguntar se
todos já haviam copiado, eu respondi que ainda não. No entanto, eu copiava do
colega ao lado e não da lousa. Percebendo-o, perguntou por que não escrevia
diretamente do quadro. Respondi: “Porque não enxergo direito”! Então, ele fez
uma brincadeira, quase me chamando de “cego”, e pediu ao Reitor que me
providenciasse, com urgência, um oftalmologista. Fiz os exames, e comecei a
usar os óculos! Nas leituras seguintes, quando o professor Araujo pedia, eu não
espremia mais os olhos! E voltei a ver o mundo mais festivo. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Pois bem, o tempo passou, conclui os estudos de
filosofia e teologia, fui ordenado sacerdote, e nossos encontros eram
esporádicos, mas sem nunca perder a possibilidade dos contatos. Em 2000 e 2001,
fui Reitor do Seminário Menor, e eis que o professor seguia ministrando aulas
de latim, participando ativamente das atividades acadêmicas da referida casa de
formação. Uma fileira inumerável de alunos, hoje, padres – e há um bispo, Dom
Valdemir, auxiliar de Fortaleza-CE – beberam da fonte cristalina de sua sapiência.
Ou, pelo menos, tiveram o privilégio de seu desgaste intelectivo, ao tentar
instrui-los com maestria e competência. Uma vez, tivemos a oportunidade de
sermos colegas de turma, durante uma semana, em São Paulo, na Faculdade
Assunção, num curso de hebraico moderno. Soube depois que um dos companheiros
de viagem, o obrigou a dividir com ele os gastos que eu teria naquela semana,
especificamente, com a hospedagem. Foi o bom velhinho, o Dr. Paulo Machado,
grande jurista sergipano, que depois se tornou meu aluno no curso de Teologia
do Seminário Maior da Província Eclesiástica de Aracaju. Ele que dizia: “Daqui
a alguns dias, <i>Paulo Machado</i> será <i>Paulo Foi-se</i>!” Era muito
espirituoso, e fazia esse trocadilho! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Bem mais tarde, em 2007, depois que eu voltei
de Roma, onde fiz o mestrado em Teologia Bíblica, na Pontifícia Universidade
Gregoriana, tornamo-nos colegas do Corpo Docente no já supracitado Seminário
Maior. E, assim, ao lado de outros intelectuais de grande envergadura
epistemológica, d’uma imensa capacidade de síntese gnosiológica – como era o
caso, por exemplo, do Pe. Gilson Garcia (1936-2020) – tínhamos diálogos francos
e frutíferos do ponto de vista da abrangência da formação acadêmica como
deveria ser o ambiente dos Seminários. Mas, como o saber de um homem não deve
se deter nos limites das ciências puramente humanas, o professor Araujo, desde
cedo, também se demonstrou afeito às moções do Espírito, fomentando no fundo da
alma o esteio da espiritualidade. Talvez, aqui esteja a essência do que veio a
se tornar o nosso amigo octogenário, que teve todos os estágios das estações de
sua existência alimentados pela ceiva do divino. E, com certeza, isso tornou
mais luminoso seu caminho, e ainda mais convincente a trajetória do testemunho
em relação aos que o cercam. Com efeito, é no silêncio e na solidão que o homem
tempera melhor seu estado de alma para alcançar os páramos da felicidade que
almeja. Melhor: “A verdadeira solidão será sempre o lugar do autoconhecimento e
da elevação espiritual”. (<span style="font-variant: small-caps;">Galvão</span>,
2019, p. 147). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">De algum modo, mesmo elevando hoje muitas ações
de graças pelo dom de sua vida, inclusive na solene celebração eucarística, na
Igreja, a vida do professor Araujo poderia ser resumida como <i>dom</i> e <i>partilha</i>,
durante todo o <i>seu passando</i>. Assim, para concluir, recorro ao pensamento
do autor moderno, um sacerdote paulino, que nos ensina: “O amor de Deus esconde
uma plenitude que o amor humano não pode desvelar totalmente. Faz parte dos
limites de nossa humanidade. Contudo, essa limitada compreensão, não nos exime
do compromisso de multiplicar e partilhar esse amor no cotidiano da nossa vida.
A experiência do amor divino não pode ser algo que nos isole das contradições
do mundo, mas, antes, uma experiência que nos integra: à natureza, aos seres
humanos, à vida compartilhada. [...]. Amar é fazer a experiência de
despossuir-se continuamente”. (<span style="font-variant: small-caps;">Galvão</span>,
2019, p. 142). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Parafraseando ou quase repetindo Dom Luciano
Duarte, o problema não é fazer oitenta anos, o grave é tornar-se octogenário,
professor. Assim, pois, foi a vida do nosso amigo, agora, octogenário, que “se
despossuiu” para enriquecer todos aqueles que, algum dia, estiveram ao seu
lado, na vida, na escola, na universidade, na Igreja, no coração dos que o
admiram e o amam. (Dr. PGRS, Aracaju, 11 de março de 2023).</span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-67915723638846453422023-02-18T10:59:00.001-08:002023-02-18T10:59:24.282-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 24.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">Saudades do Carnaval?</span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJEMUJjpVnETDuTi_Yrl485scghLqtL0-8oRKltTkEgwinEND9EArdJ_Oba7gyXGL-AS2qTMGEqL_a-icw7Qvv-9CMOCC03X_BQWyIDiyKslEAgG1yUzhI2kFPwaPLov6Sc2wDm0-5dLHrt2hplhPHkUBw_xQvRCSVxtKcb3oOtpvPBluv4yGb8MgtGA/s400/prega%C3%A7%C3%A3o_caminho_para_a_cruz_serm%C3%A3o_semana_santa_estudo_b%C3%ADblico_%C3%BAltimos_dias_de_jesus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="284" data-original-width="400" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJEMUJjpVnETDuTi_Yrl485scghLqtL0-8oRKltTkEgwinEND9EArdJ_Oba7gyXGL-AS2qTMGEqL_a-icw7Qvv-9CMOCC03X_BQWyIDiyKslEAgG1yUzhI2kFPwaPLov6Sc2wDm0-5dLHrt2hplhPHkUBw_xQvRCSVxtKcb3oOtpvPBluv4yGb8MgtGA/s320/prega%C3%A7%C3%A3o_caminho_para_a_cruz_serm%C3%A3o_semana_santa_estudo_b%C3%ADblico_%C3%BAltimos_dias_de_jesus.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">Saudades do Carnaval? Sim! “Saudades do Carnaval” é o sentimento de
folia que tem repaginado a vida de muitas pessoas, Brasil afora, depois da
suposta passagem da pandemia do Covid-19, uma tragédia humanitária que, só no
país “verde e amarelo”, fez desaparecerem quase 700 mil pessoas. Então, as ruas
começam a ser tomadas pelos foliões que se reúnem para a “celebração da vida”,
diriam alguns. Por mais de dois anos afastados das passarelas do samba, eis que
tudo parece voltar a todo vapor! E a pandemia já nos deixou em paz? Quanto aos
que morreram, esses, sim, descansam em paz, porque o tumulto das nações
silencia nos cemitérios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">O carnaval não é uma necessidade essencial da alma nem do espírito
humano. Desse modo, sua substância é, sobretudo, de sede espiritual e de fome
de Deus! Ou melhor: De Saudade de Deus! E esse deveria ser o grito dos
cristãos: “Saudade de Deus!”. Infelizmente, com o afastamento moroso da sombra
da pandemia, que assustou a todos no mundo inteiro, parece que a maioria das
Igrejas ainda vazias sinaliza que vivemos, de veras, esquecidos de Deus. Alguns
não voltaram, talvez, porque se descobriram não necessitados de Deus; outros,
por acomodação mesmo, imaginando uma igrejinha doméstica, que não alcança o
sentido pleno da eclesiologia; e outros ainda, porque esfriaram na fé, perderam
o sentido da vida em comunidade e, assim, se isolaram. Mas Deus não nos
esqueceu! Portanto, precisamos recobrar o caminho da gratidão, voltar à vida da
comunidade na Igreja e nos alegrar com o fato de ainda estarmos aqui, vivos,
celebrando os louvores do nosso Deus Criador e Salvador. É, pois, nessa direção
que queremos caminhar durante o tempo forte, de oração e penitência para os
cristãos católicos, com o advento do período da Quaresma! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">Não é por acaso que “a Quaresma, que nos conduz à celebração da
Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante,
em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que
seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o centro definitivo com o
seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na
caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para
haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor
(cf. Prefácio I da Quaresma”). (<span style="font-variant: small-caps;">Bento XVI</span>).
Uma palavra do saudoso Bento XVI ainda em vigor! É a perenidade da Palavra de
Deus que se desdobra nos ensinamentos da Igreja de Cristo através dos papas, do
magistério, da tradição e da doutrina católica. Tudo, porém, fundamentado nas
Sagradas Escrituras, sobretudo nos Evangelhos de Cristo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">Ou seja, um universo de diretrizes éticas e espirituais que devem
elevar os homens à transcendência própria de sua altíssima dignidade. A dignidade
de Filhos de Deus: “Com efeito, não recebestes um espírito de escravos, para
recair no temor, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, pelo qual
clamamos: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Abba</i>! Pai! O próprio
Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus. E
se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e coerdeiros de
Cristo, pois sofremos com ele para também com ele sermos glorificados”. (Rm
8,15-16). <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sofrimento</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">glória</i>, dois termos que São Paulo aponta
aos cristãos, a fim de que não esqueçamos a dinâmica do binário espiritual aqui
enfatizado. De fato, à luz cristológica, não há glória sem sofrimento. Aliás,
essa é uma das tentações de satanás contra o Filho de Deus: para que passar
pelo sofrimento, se é possível a glória sem ele? (“Tudo isto te darei, se,
prostrado, me adorares”, Mc 4,9). Trata-se, pois, de uma enganação do diabo que
tem inspirado a vida de muitos falsos discípulos de Cristo, porque tentam criar
a sua própria religião. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">Que o tempo novo da liturgia da Igreja, que é a Quaresma, conduza-nos
a melhor entender o caminho da Cruz percorrido por Cristo para nossa salvação
eterna. Piedade, amor, jejuns e orações, tudo isso ao lado da esmola – que é
mais do que o simples gesto de doar algo a alguém – inspire-nos a bem viver
esse período de penitência. Na verdade, contemplando o Cristo da cruz, de algum
modo, contemplamo-nos a nós mesmos pelo mistério da Encarnação daquele que
carregou sobre si as nossas feridas espirituais mais profundas, como consequências
do pecado da desobediência de Adão e Eva. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">O tempo santo da Quaresma deve ser também para nossa infinita
gratidão ao Pai Criador, ao Filho Salvador e ao Espírito Santificador, pelos
benefícios advindos da Cruz do Senhor nosso Jesus Cristo. (Dr. PGRS). <o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 18.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">Feliz e Santa Quaresma!<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;">2023</span></b><span style="color: #c55a11; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-style-textfill-fill-alpha: 100.0%; mso-style-textfill-fill-color: #C55A11; mso-style-textfill-fill-colortransforms: lumm=75000; mso-style-textfill-fill-themecolor: accent2; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 191;"> <o:p></o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-91220682980468534762023-01-11T16:29:00.007-08:002023-01-11T17:31:55.751-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span style="font-variant: small-caps;"><span style="font-size: large;">Dom Luciano Duarte e a
ousadia dos gênios <o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span style="font-variant: small-caps;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEishQoVYxd6ANKcRn9g24e5-HkLulimdaH2iKWSpEzcHZFow5IXnGQCO4BydQ83wUS4acgnbWV9vNSuGCjIjRkrQyUKxnYVPaGhRrjodIagItMYMtK0ZfLWq99jV1WU8-JrpBsDIdwN9-kiSXwOJfrp2juwYsLwX_Ix6LygnRC2FV-OjU1--3M6GQtGDw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="304" data-original-width="207" height="274" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEishQoVYxd6ANKcRn9g24e5-HkLulimdaH2iKWSpEzcHZFow5IXnGQCO4BydQ83wUS4acgnbWV9vNSuGCjIjRkrQyUKxnYVPaGhRrjodIagItMYMtK0ZfLWq99jV1WU8-JrpBsDIdwN9-kiSXwOJfrp2juwYsLwX_Ix6LygnRC2FV-OjU1--3M6GQtGDw=w186-h274" width="186" /></a></div><br /><p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span style="font-variant: small-caps;"><span style="font-size: medium;">(1925-2018) <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Se vivo fosse, nesse dia 18 de janeiro de
2023, Dom Luciano Duarte estaria comemorando 77 anos de consagração sacerdotal.
A admiração que sempre nutri por Dom Luciano Duarte (1925-2018) nasceu quanto
eu ainda era jovem vocacionado, e, depois, seminarista, no final da década dos
anos oitenta, participando dos encontros vocacionais no Seminário Menor de
Aracaju. Como esquecer aquele tempo e suas visitas frequentes aos seminaristas?
Pelo menos, para mim, foi um tempo de desejo ardente de florescimento
multicultural, ouvindo e aclamando, com tantos encômios dignos de sua
autoridade pessoal e eclesiástica, o então Arcebispo Metropolitano da
Arquidiocese de Aracaju. O fulgor de sua inteligência era, realmente,
contagiante. Portanto, o que trago aqui outra coisa não é, senão, um breve <i style="mso-bidi-font-style: normal;">memorandum</i> sobre o mítico de multifacetada
personalidade que ficou conhecido no meio intelectual de Sergipe e na própria
Igreja católica simplesmente como Dom Luciano Duarte. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Grande visionário, intelectual de profundo e
rico veio oratório e dialético, versátil na exposição vocabular de seu
conhecimento linguístico. O homem da palavra ligeira e cortante, da réplica
espontânea, no belo estilo polido da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">finesse</i>
dos grandes espíritos argutos, sábios, mas também capaz de ajudar os menos
afeitos ao rico patrimônio do saber, da “sabedoria acumulada” de que fora
dotado pela própria natureza de sua insistência na formação do caráter e da
individualidade. Mas nada aconteceu por acaso, no sentido de que ele não tenha
se esforçado para atingir os páramos mais elevados da grandeza que a
envergadura de sua genialidade poderia lhe favorecer. Com efeito, a intensidade
da educação que recebemos pode tornar-se uma referência que determina, negativa
ou positivamente, a vida de quem se abre ou se fecha aos dotes cognoscitivos
dos próprios recursos que brotam dentro da claridade dos pensadores. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Grande estudioso, insaciável na ânsia pelo
saber, de raciocínio investigador, extremamente inquieto e saliente nos limites
das aquisições já adquiridas, Dom Luciano era um espírito sempre desejoso de ir
mais além, alfinetado pelas respostas prontas que trazia sob os riscos ou
traços da pena literária, lúcido até onde lhe permitiram os rasgos do
brilhantismo intelectual. Dom Luciano Duarte sabia se posicionar, de modo
categórico e certeiro dentro dos vários ambientes em que se encontrava, sob
qualquer tema ou assunto, mesmo não agradando nem convencendo. No entanto, estava
convencido de suas certezas, de suas convicções pessoais, fundamentadas no
fértil solo do conhecimento erudito de que se servia para expor seus
argumentos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Embora o caráter e a personalidade de uma
pessoa possam crescer e amadurecer no tempo cronológico de sua formação
educacional ou acadêmica, levando em consideração outros efeitos da
conceituação antropológica do indivíduo – sua infância e adolescência, o meio
onde foi criado e educado, o acesso que pôde ter às letras e aos livros, a
oportunidade de leituras e elaboração do pensamento etc. – o fato é que algumas
mentes privilegiadas podem se destacar, desde cedo, mediante o mistério
inebriante da acuidade espiritual e intelectiva de suas percepções mais tenras.
Penso que isso tenha acontecido com o homenageado, Dom Luciano Duarte. Gênios
brincam como gênios, mesmo que o alcance de sua criatividade seja traído pela
não concretude de seus anseios na vida futura. Aliás, quem pode garantir a vida
futura? Ouvi um dia, numa pregação da quinta-feira santa, na missa do lava-pés,
Dom Luciano dizer que quase morreu quando criança, muito doente. Mas conseguiu
se tratar e sobreviver, e não apenas não se tornou mais um número nas
estatísticas do governo federal, aumentando o índice da mortalidade infantil no
país, mas, sobretudo – dizia ele – havia se tornado alguém importante e
influente no seio da sociedade sergipana e alhures. Na verdade, ele se referia,
no contexto da celebração, ao modo como, muitas vezes, o Senhor Jesus poderia
nos lavar os pés, servindo-se daquela maneira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Nos vários “recreios culturais”, que tive e
tenho com a amiga Ana Maria Medina, da Academia Sergipana de Leras, ela me
contou que, num episódio narrado em seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">diário</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">seminarístico</i>, consta que,
numa brincadeira de menino, ele dizia que queria ser “gente grande”, no sentido da
importância de uma personalidade que se destacasse pelos seus talentos, numa
espécie de peça de teatro, o que ele escreveu aos onze anos. Desse modo, ele já se
colocava como aquele a quem todos deveriam obedecer, isto é, a “Dom Luciano
Duarte”. Certamente, adormecida nas dobras da alma pueril do menino levado,
inteligente, jazia o tom brincalhão de quem, futuramente, se tornaria, de
verdade, importante e influente. Esse fato, narrado por ele mesmo, fez-me
acordar dentro das lembranças da fantasia da alma, algo que li, por sua
influência, sobre Geovanni Papini, um dos tantos convertidos do século XX,
entre os quais podemos destacar também o filósofo Maurice Blondel (1861-1949) e
escritor Léon Bloy (1846-1917), sobre os quais ele falava com largueza de conhecimento
e riqueza de detalhes da vida dos dois. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Geovanni Papini, que dizia nunca ter sido
criança, sisudo na fisionomia do rosto, já era tratado e apelidado como
“velho”, aos sete anos de idade. Não brincava como as outras crianças de sua
contemporaneidade, mas, penetrado por uma inteligência brilhante e astuciosa,
rivalizava com o próprio Deus em peças de teatro que imaginava, querendo
concretizar o acontecimento bíblico de quando a serpente disse a Adão e Eva que
eles seriam como o próprio Deus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Assim sãos os gênios e sua ousadia
intelectual, tempestivamente provocados por suas intuições mais profundas. Às
vezes, tento fantasiar em minhas especulações a ousadia da genialidade de
meninos assim, abertos aos ventos do espírito, com as asas da inteligência volitando
sobre os encantos de suas criações inocentes. Devaneios ou sede de
autoafirmação mesmo? Consciência plena dos caminhos de suas buscas ou enlevos
francos de sua esperteza em arrebatamentos idealistas? Não sei! Mas tenho
certeza de que as sementes dos grandes sonhos plantados na alma dos pequenos
gênios podem ser sinais de virtude, de coragem ou de desejo de realizações
oportunas. Contudo, a vida é o caminho dessas vitórias e conquistas, mas os
limites são os desafios impostos pela superação dos grandes ideais e aspirações
do espírito humano. Aquele menino virou padre e, depois, também Arcebispo da Arquidiocese
de Aracaju. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">O tempo é o senhor de todos os sonhos! Para os
ideais daquele menino também. Levantando-se do chão pelo crescimento da força
física, mas também intelectual, seu caminho estaria marcado pela lucidez com
que, sempre, se embrenhou pelas florestas altas do saber e do conhecimento,
percorrendo o mundo pela construção acadêmica que a Igreja lhe abriu durante a
formação, porém ampliando, cada vez mais, o horizonte das inquietações que lhe
perturbavam o espírito. Não se deteve no conhecimento das coisas da Igreja,
apenas, mas igualmente se deixou desassossegar pela conjuntura mundial das
ideologias que, de um modo ou de outro, espezinhou e vilipendiou a dignidade
humana em conflitos revolucionários de governos caudilhistas e déspotas. Ele,
que costumava citar o pensamento de um pastor inglês, metodista, John Wesley
(1703-1791) – que dizia que, ao abrir a janela de sua casa pela manhã,
contemplava o mundo inteiro como se fosse sua paróquia – também saiu das
sacristias e elevou seu pensamento e suas preocupações sobre os telhados do
mundo em decomposição moral, espiritual, ética, deteriorando-se nos seus
valores mais prementes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Outrossim, a alma dos gigantes não se contenta
com o mundo pequeno de suas percepções, mas com a grandeza e a elasticidade de suas
inquietações mais profundas. Não quis somente ser o padre ou pastor,
especializado nas coisas da Teologia e da Igreja, mas também se abriu para o
mundo, fazendo seu doutorado na Sorbonne de Paris, aos pés de grandes filósofos
e amigos como Jean Guitton e Paul Ricoeur, também egrégios inspiradores de
grandes ideais pela elevação espiritual da humanidade. (Dr. PGRS). </span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: 12pt; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p> </o:p></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-15041648260994971952023-01-04T10:47:00.003-08:002023-01-11T16:21:23.709-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: x-large;">Signore, Ti amo </span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWlsrDhDYKCrtModj-qSzV82mDTXb53O9fIGsvScvHfWhs-fXRpUnTh1Mn5iTtNchKcojhpqhr4BACcEemMXO--QFYWqHhBGXYXkuWoIvdaUlXlNv5cm8Q5dmNFZBCYOWVUUwBmJPHsLiO3lCZgImn9LKwDROBWVocGZKmWlLpu0iE_ZCf0jR1SiUmdQ/s1133/Bento%20x%20Chritus.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1133" data-original-width="948" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWlsrDhDYKCrtModj-qSzV82mDTXb53O9fIGsvScvHfWhs-fXRpUnTh1Mn5iTtNchKcojhpqhr4BACcEemMXO--QFYWqHhBGXYXkuWoIvdaUlXlNv5cm8Q5dmNFZBCYOWVUUwBmJPHsLiO3lCZgImn9LKwDROBWVocGZKmWlLpu0iE_ZCf0jR1SiUmdQ/s320/Bento%20x%20Chritus.jpg" width="268" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-size: large; font-variant-caps: small-caps;"> </span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-size: medium; font-variant-caps: small-caps;">Joseph Aloisius Ratzinger (1927-2022) - Bento XVI </span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Jesus,
eu Te amo</span><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;">! Dizem que essas foram as últimas palavras do Papa
Emérito, Bento XVI, ao morrer no dia 31 de dezembro de 2022, derradeiro dia do
ano. Certamente, uma palavra síntese do que foi a sua vida inteira, porque a
ousadia dos santos passa pela brevidade de um discurso, que resgata,
solenemente, na introspecção da alma, a coerência da fé e da vida dos amigos de
Cristo. <span style="font-variant: small-caps;">Jesus eu Te amo</span>! Quantas
vezes nós tivemos a coragem de dizer isso? Mas não, levianamente, da boca para
fora, como manifestação do que, na verdade, não corresponde aos nossos atos ou às
nossas atitudes cotidianas diante d’Aquele a quem dizemos amar! Eu não ousaria
responder! Infelizmente, na maioria das vezes, nosso comportamento contradiz a
essência do que falamos ao sabor das incoerências mais devastadoras do nosso
agir. Mas Bento XVI sabia o que estava dizendo! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Percorrendo o histórico de
sua vida pessoal, do seu amor a Cristo e da sua fidelidade incondicional à
Igreja do Senhor, a lucidez de sua consciência é comovente. Com efeito, tudo o
que fez e viveu – inclusive enfrentando os inimigos internos e externos da
Igreja, a fim de não negociar com o mundo moderno os valores da pregação do
Evangelho – foi para fazer valer o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">depositum
fidei</i> – o depósito da fé – em detrimento das falsas doutrinas ventiladas
por supostos teólogos e liturgistas, entre outros “pensadores” convertidos às
ideologias mais diversas dos dias que correm. Dentro desse contexto, “como seu
posto na Cúria o obrigara a defender a ortodoxia católica contra a heresia e a
inovação, os sentimentos por ele antes da eleição iam da idolatria ao puro
ódio”. (<span style="font-variant: small-caps;">Coulombe</span>, 2022, p. 502).
E, assim, a sua vida se derramou, do início ao fim, custodiando o patrimônio
multissecular da Igreja contra os lobos ferozes, que tentam enganar o rebanho
para satisfazer o modismo de egoísmos penetrados de autodeterminação e vontades
mundanas. Ele não era um homem de visão míope e limitada pela cegueira dos que imaginam
os valores da fé e da doutrina da Igreja como acidentais e passíveis de mudança
ao sabor das modas contemporâneas. Por isso, ele condenou a “ditadura do
relativismo que nada reconhece como definitivo e deixa como última medida
apenas o próprio eu e as suas vontades”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">No evangelho que ouvimos (Jo
1,35-42), a expressão do Apóstolo André dirigida ao irmão Simão Pedro é
bastante significativa: “Encontramos o Messias, que quer dizer Cristo”. Joao
Batista estava com dois de seus discípulos que o ouviram dizer: “Eis o cordeiro
de Deus”’, indicando Jesus. Depois, eles seguiram a Jesus que lhes perguntou:
“O que estais procurando?”. E, então, eles quiseram saber: “Rabi, onde moras?”.
Em seguida, vem o suave convite de Cristo: “Vinde e vereis!”, e foram ver onde
ele morava, de modo que permaneceram com ele naquele dia. Certamente, foi um
dia muito agradável e de muitos ensinamentos. Foi, pois, naquela ocasião que
André fez o anúncio a Pedro, conduzindo-o até Jesus que lhe disse, fitando-lhe
os olhos: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado ‘Cefas’ (que quer dizer
pedra)”. Para compreender bem essa passagem do Evangelho, não é suficiente recorrermos
apenas às ideias pessoais que tentam elaborar a dimensão mais profunda de seu
conhecimento. Trata-se, pois, de um acontecimento cristocêntrico, que traz à
vida dos Apóstolos a amizade fiel, até a morte, ao seu Senhor e Mestre. Assim, o
pano de fundo exegético indica-nos melhor o alcance de sua abordagem. Pensemos com
os estudiosos! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Na visão de Poppi (2006, p.
568), o chamado não é uma escolha humana, mas nos evangelhos sempre aparece como
consequência da iniciativa de Cristo. “O que estais procurando?”. Na Bíblia,
com frequência se fala da procura pela sabedoria personificada, que convida os
homens a acolher suas instruções, a seguir as suas vias e a participar do seu
banquete (Pr 8-9); e ela, por sua vez, vai a procura daqueles que são dignos do
seu seguimento. (Sir 6,18ss: Sb 6,12-16). Portanto, parece eu seja necessário
reconhecer uma aproximação intencional entre Jesus e a sabedoria divina, que o
homem deve procurar (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">zēteîn</i>) para
conhecer a verdade e encontrar e encontrar a salvação. Com certeza, iluminado
pelas moções do Espírito Santo, Bento XVI percebeu essa realidade de busca ou
de esforço de reposta ao chamado de Cristo durante a sua existência. Não por
acaso, ele se colocou como um entre tantos outros “<span style="font-variant: small-caps;">Cooperadores da Verdade</span>”! Mas que verdade? A única revelada
por Deus ao homem, à criatura humana, fazendo descer dos céus o Seu Filho eterno
para ser o nosso Salvador. Foi ele mesmo, o Filho, quem assim se nos
manifestou: “Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida!” (Jo 14,6). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Bento XVI foi um papa de
muitas surpresas, inclusive com o ineditismo de sua renúncia! Renunciou por
amor à Igreja, que sempre a reconheceu como não sendo sua nem nossa. A Igreja é
de Cristo! A Igreja é de Deus! E ele o sabia! Mas renunciou também por fidelidade
ao Fundador, que, um dia, disse a Pedro: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tu
es Petrus, et super hanc petram aedificabo ecclesiam meam, et portae inferi non
prevalaebunt adversus eam</i> (Mt 16,19). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Bento XVI foi um gigante na
pregação e defesa da fé católica, pela qual consumiu todas as suas forças, do início
ao fim da vida, para que grandes e pequenos pudessem saborear a alegria da
experiência do encontro com Cristo. Diante de um mundo raivoso e apóstata,
longe das sublimes exigências da dimensão da fé concreta, ele foi o último bastião
de uma era. Portanto, rezemos pelo Papa Defunto, Bento XVI! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Que o Senhor da messe, a
quem ele amou incondicionalmente, conceda-lhe contemplar nos céus a luz de sua
face, dizendo-lhe: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!” (Mt
25,23). Amém! (Dr. PGRS). </span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p><br /></o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-80899590510081562262023-01-03T16:33:00.006-08:002023-01-03T16:33:55.222-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Um padre na
vitrine da Arquidiocese <o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJovuOJ1Q0T41Viu8DdBM74dQj8_XPlLfsnStLgtUPLK-3wBxtuy2kQZlNTv0x8JQVK79Crk0WVgqoLnlnBKyjpOPEGR1dBLNDmyQ7tkgtvyppEOH4uX93609h58QKH2cCQm5ay3lheK2LmVIWRGPszSCnTgODNwreEPiBpURxU_miH1VvAI6GYJPwfw/s1280/Pe.%20Raul.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="962" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJovuOJ1Q0T41Viu8DdBM74dQj8_XPlLfsnStLgtUPLK-3wBxtuy2kQZlNTv0x8JQVK79Crk0WVgqoLnlnBKyjpOPEGR1dBLNDmyQ7tkgtvyppEOH4uX93609h58QKH2cCQm5ay3lheK2LmVIWRGPszSCnTgODNwreEPiBpURxU_miH1VvAI6GYJPwfw/s320/Pe.%20Raul.jpg" width="241" /></a><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-variant-caps: small-caps;"> </span></span></div>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;">Um dia, há muito anos, eu
fui visitar o Pe. Raul com outro sacerdote que não o conhecia ainda, e ele
ficou bastante entusiasmado com o reverendo. Depois, voltando para casa, ele me
disse: “Rapaz, o Pe. Raul deveria ser colocado numa vitrine da Arquidiocese
para admiração e inspiração do clero mais jovem e, sobretudo, dos seminaristas”.
Contudo, infelizmente não é assim que, às vezes, a Instituição ver os padres
mais avançados nos anos.</span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Eu tive o privilégio de ser
coroinha do Pe. Raul, lá atrás, nos idos da década de setenta e oitenta, em
Carira, e fui testemunha do seu zelo pastoral, ao dedicar-se incansavelmente ao
pastoreio do rebanho que lhe fora confiado. Tanto que sou fruto de seu
ministério sacerdotal naquelas terras tórridas e inclementes em tempos de seca
prolongada, onde o duro chão nada fazia florescer, castigando, então, o
sertanejo que até passava fome e tinha dificuldades para alimentar os filhos. Foram
tempos sofridos no meio daquela gente, mas o Pe. Raul, no frescor da juventude sacerdotal,
era uma motivação para a fé simples do povo. Carismático no sentido prático do
evangelho, dedicado à cura das ovelhas, assistia espiritualmente, não apenas a
sede paroquial, no caso, a matriz, mas se desdobrava para ir aos povoados, construindo
capelas, pedido ajuda à própria comunidade, não deixando faltar-lhes
oportunamente a missa nas localidades. Com ele, fiz a Primeira Comunhão! Também
o acompanhei pelas redondezas, no verão, no inverno, nas estações de chuva, em
meio aos riscos das estradas inundadas, etc. Ou seja, vi de perto seu desgaste
pelo bem da comunidade. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Mais tarde, fui para o
seminário menor de Aracaju, e, lá, fui seu aluno de latim, em 1987, quando ele
se mudara para o Grageru, na capital. Na nova comunidade, assumindo a missão do
pastoreio, igualmente revelou seus dotes como escritor e poeta, publicando
livro de poemas. Homem da palavra fácil, ainda teve tempo de desenvolver a inteligência
engenhosa para a pintura, uma obra de arte que exige criatividade e vislumbres
pontuais da mente do artista. Pinturas em tela, com tinta; gravuras rabiscadas
a lápis de cor ou apenas de grafite; tudo isso mostrava o gosto pela cultura polivalente
que lhe rebentava na alma. Mais tarde, em 1996, voltou a Carira para preparar
as minhas ordenações diaconal e sacerdotal. Fez tudo com muito carinho e
generosidade, junto à comunidade. Seu “primogênito” tornava-se padre no dia 21
de janeiro de 1998. Há 25 anos! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Ao celebrar o <span style="font-variant: small-caps;">Jubileu de Ouro Sacerdotal</span> nos brindou
com o livro “Cartas para Francisco”, em 2013, retratando, através de missivas endereçadas
ao pobrezinho de Assis, suas preocupações pastorais no vicariato de Carira. Na verdade,
um belo resgate de boas lições vividas como sacerdote. No final dessa obra, há uma
coleção iconográfica de sua autoria que resume a história de São Francisco. Feita
a lápis de cor, parecem figuras tridimensionadas pela percepção da acuidade do
criador. Ainda há outras obras suas que não foram publicadas por falta de
recursos pecuniários, inclusive uma que auxiliou muito a Ir. Morais na sua obra
“Província Eclesiástica de Aracaju: Evangelizando para a vida” (2014). Sua colaboração
foi muito valiosa, e a autora lhe agradeceu condignamente a generosidade da
pesquisa. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Agora já octogenário, no dia
3 de janeiro de 2023, comemorou mais uma primavera, no alto de seus 86 anos de
vida, e caminha para o sexagenário aniversário de ordenação sacerdotal, no dia
7 de julho do ano em curso. Vive numa casinha em Itabaiana, na solidão de seu
peregrinar, ajudando no que pode às religiosas de um hospital, desgastando seus
dias com alegria testemunhal e espírito de bom humor. Sim, sua pessoa deveria
ser colocada na vitrine da arquidiocese de Aracaju, não somente para ser reconhecido
como consagrado do Senhor, mas, também, elevado ao pedestal da dignidade do que
foi sua vida derramada pela Igreja e pelos cristãos por onde passou. Enfim, um
testemunho vivo, fiel e alegre do serviço ao Senhor. (Dr. Pe. Gilvan Rodrigues
dos Santos).</span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-32800540284107379312022-12-24T09:53:00.002-08:002022-12-24T09:53:50.773-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #833c0b; font-family: Arial, "sans-serif"; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Uma manjedoura cheia de graça <o:p></o:p></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;"><br /></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: center;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;"><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgo6egOIPBTpr8BDDj67M3QGb3zYd_byf2F8pcgUj151OqNgb30fepMXZomuyvLiUrmKAnaEVq9ASN_bxnbuO10R1cbq-9aKuhm-ReQ95-3I1lN5WxkyZE1okiA5BysYgB9Zq9wgGXTVN3PsTNV0xjf3U8yK-BGoKcqxQu27bx1k-m4OYWh-f1x-d4VBw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="177" data-original-width="284" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgo6egOIPBTpr8BDDj67M3QGb3zYd_byf2F8pcgUj151OqNgb30fepMXZomuyvLiUrmKAnaEVq9ASN_bxnbuO10R1cbq-9aKuhm-ReQ95-3I1lN5WxkyZE1okiA5BysYgB9Zq9wgGXTVN3PsTNV0xjf3U8yK-BGoKcqxQu27bx1k-m4OYWh-f1x-d4VBw" width="320" /></a></div><br /> <p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Uma manjedoura cheia
de graça! Também não poderia ser diferente. O cocho no qual é colocado o feno e
o capim para alimentar os animais, tornou-se o lugar do pequeno menino nascido
em Belém – em hebraico “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Betlehem</i>” que
significa “casa do pão” – não para ser capim, mas alimento vivo que sacia a
fome de eternidade que o homem carrega dentro de si pela vida afora. A saudade
de Deus é preenchida somente por Deus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Daí a expressão de
Santo Agostinho, logo no início, na primeira página de suas “Confissões”:
“Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em
ti”. É por isso que ele veio ao nosso encontro, buscando-nos onde quer que nos
encontremos perdidos no espaço físico, espiritual ou interior de nós mesmos. O
sonho de Deus chega carregado de Si próprio na manifestação plena de sua
extraordinária e frágil pequenez. Nasce como criança, vinda do seio de uma
mulher, arrebentando os portões do mundo, com a grandeza de sua presença
inaudita. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Na manjedoura de Belém
está a paz que o homem procura para as guerras; a harmonia para o caos cósmico
e universal; a felicidade plena para os infelizes; o calor humano para os frios
e indiferentes; a esperança viva para os desesperados; a serenidade para os inquietos
e agitados; a salvação para os perdidos; a consolação para os sofredores; a
calmaria interior para os injustiçados; a fortaleza para os fracos; a graça
redentora para os pecadores; a cura definitiva para as feridas da alma; a
vitória para o fracasso; a verdadeira vida para a morte; a coragem do amor sem
limites para os indecisos. Na manjedoura repousa a esperança do mundo
adormecido em sua insensibilidade doentia. Nela está a libertação de todos os
opróbrios. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Eis, pois, a grandeza
de Cristo, o menino de Belém, luz que ilumina as trevas de todos os povos,
acobertando os séculos com sua luminosidade infinita: “O povo que andava nas
trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra
sombria. Multiplicaste o povo, deste-lhe grande alegria; eles alegram-se na tua
presença como se alegram os ceifadores na ceifa, como regozijam os que repartem
os despojos. Porque o jugo que pesava sobre eles, o bastão posto sobre os seus
ombros, a vara do opressor, tu os despedaçaste como no dia de Madiã. Com
efeito, todo calçado que pisa ruidosamente no chão, toda a veste que se revolve
no sangue serão queimadas, serão devoradas pelo fogo. Porque um menino nos
nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre os seus ombros, e lhe
foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe
da paz, para que se multiplique o poder, assegurando o estabelecimento de uma
paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, firmando-o,
consolidando-o sobre o direito e sobre a justiça. Desde agora e para sempre, o
amor ciumento do Senhor dos Exércitos fará isso”. (Is 9,1-6). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Contemplando a
manjedoura do menino-Deus, nascido em Belém, devemos recordar a bondade
misericordiosa do Senhor que, do alto de sua Transcendência e inacessibilidade,
chega ao nosso meio e se permite ser tocado pelas nossas feridas mais
profundas. Mais do que isso: “Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez
pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus”.
(2Cor 5,21). A estrela de Natal que brilha no horizonte de nossa existência não
tem nada a ver conosco e, no entanto, veio na intenção de que sejamos
restaurados nele. Ou seja: Cristo nasce para o mundo, a fim de que nós possamos
nascer para os céus. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Ó pobre criança de
Belém, teu nascimento enche de luz todos os caminhos dos homens e do mundo
inteiro. Assumindo a nossa humanidade, tu nos revestes com a glória de tua
divindade. Carregando em Ti todas as mazelas de nossos pecados, tu nos devolves
a graça perdida no Paraíso. Espoliado de tudo, até de tuas vestes, totalmente
despido das riquezas humanas, que a ferrugem pode corroer, tu nos ensinas onde
podemos encontrar a verdadeira dignidade, depois de todos os ultrajes sofridos
pela injustiça dos homens. Tocando com tua humanidade todas as angústias do
tempo e dos séculos, tu nos educas para a serenidade perene das consolações
eternas. Enfim, chorando como todos os homens, tu nos mostras a compaixão
divina por nossas fragilidades. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt right 425.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="color: #833c0b; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: accent2; mso-themeshade: 128;">Muito obrigado, Jesus,
porque no teu Natal tu continuas “nascendo no coração das pessoas de boa
vontade, nos gestos de amor e partilha, nos povos que buscam a fraternidade e a
paz”. Amém! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-52163630614658416522022-08-08T11:42:00.003-07:002022-08-08T11:42:31.525-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: large;">Paróquia
Nossa Senhora Rainha do Mundo </span></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhKoCVMRPoq_Ilo7beR21Xk1x854yd76jzzzX-d-Nrw-XSOoz5ligfWM_vv4TTCrIPV4xx5j6EVzBILC0O7GIAnBBco9Um9C2-QXQ6B5RmKIwqdbrnswQeFJSqb8TUErLiJ7LBFT2X_VvhG0TVWAow2oBXnAcgJr_W4i9Wnl0_YAtUKY7dGL-pkF66W7Q" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: medium;"><img alt="" data-original-height="225" data-original-width="225" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhKoCVMRPoq_Ilo7beR21Xk1x854yd76jzzzX-d-Nrw-XSOoz5ligfWM_vv4TTCrIPV4xx5j6EVzBILC0O7GIAnBBco9Um9C2-QXQ6B5RmKIwqdbrnswQeFJSqb8TUErLiJ7LBFT2X_VvhG0TVWAow2oBXnAcgJr_W4i9Wnl0_YAtUKY7dGL-pkF66W7Q" width="240" /></span></a></div><p></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Aracaju, 8 de agosto
de 2022 <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Prezadas Crianças e Catequistas,
<o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo!<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Com muita alegria, recebi os
bilhetinhos que cada um escreveu-me por ocasião do Dia do Padre. Então, diante
do gesto simples, mas gratificante, e da criatividade das mensagens e de alguns
desenhos – lindos, por sinal – eu não poderia deixar de responder-lhes, o que o
faço oportunamente. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Li com a atenção devida cada
recado que me foi apresentado, alguns, inclusive com pedidos de oração por
vocês, suas famílias e suas necessidades momentâneas. Saibam que os levei em
consideração e estou rezando por todos. E tenho certeza de que Cristo escuta os
pedidos das crianças. Por isso, a amizade com ele deve ser cultivada sempre,
especialmente, nesse estágio de preparação para a Primeira Comunhão. De fato,
Cristo é amigo das crianças, porque foi ele quem disse: “Deixai as crianças e
não as impeçais de virem a mim, pois delas é o Reino dos céus!” (Mt 19,14). Que
belo imperativo de Cristo! Portanto, lembrem-se de que o carinho de Deus por nós
passa pela amizade do Filho, Jesus de Nazaré, que morreu na cruz para nos
salvar. Ele é o nosso Senhor e Salvador! Ele é o Bom Pastore e nos carrega nos
ombros em direção ao céu. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Deus abençoes vocês, os
catequistas e suas famílias. Contem com nossa amizade e nossas orações. Deus os
abençoes! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Em Cristo, <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Pe. Gilvan Rodrigues <o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Lucida Handwriting"; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">PÁROCO & PASTOR </span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-49238519749502853472022-08-04T17:21:00.004-07:002022-08-04T17:45:38.300-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: x-large; font-variant: small-caps;">São João Maria Vianney<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium; font-variant: small-caps;"><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGU7tDjeuDwftvV29wyn2-IXuM67gmHWlufVyOP_DeDkUleZ57zZFsDEPMbVJjW9j_GkUny27hQchFrqBBKdgm9XD1I5uTXqUwHzZUdWMG3mze6zsTkKpCLyEISFxfMha6mZCRh02ycVie1IflbRY033rcwrH2LLSgb0gzwZB88bvtWZLOTuVmRtRYxQ/s627/Cura%20d'Ars.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="418" data-original-width="627" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGU7tDjeuDwftvV29wyn2-IXuM67gmHWlufVyOP_DeDkUleZ57zZFsDEPMbVJjW9j_GkUny27hQchFrqBBKdgm9XD1I5uTXqUwHzZUdWMG3mze6zsTkKpCLyEISFxfMha6mZCRh02ycVie1IflbRY033rcwrH2LLSgb0gzwZB88bvtWZLOTuVmRtRYxQ/s320/Cura%20d'Ars.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">São
João Maria Vianney (1786-1859) foi canonizado pelo Papa Pio XI, em 1925, quando
também foi declarado o padroeiro de todos os párocos. Sua memória é celebrada
no dia de sua morte, 4 de agosto, mês considerado vocacional pela Igreja, que
se serve desse dia para comemorar o Dia do Padre. Por ironia de seu destino de
santidade, quase impedido de ser ordenado sacerdote pelas limitações
intelectuais, tornou-se um dos maiores luminares da França na primeira metade
do século XIX. Ainda bem que a santidade não está diretamente relacionada aos
dotes privilegiados da inteligência humana! Ninguém precisa ser muito
inteligente para ser santo e aproximar-se de Deus pela amizade espiritual. De
fato, a vida de santidade começa a estabelecer-se dentro do espírito do homem
quando ele, ciente da graça já recebida pelo santo batismo, abre-se,
progressivamente, cada vez mais, às inspirações divinas. Sua semente foi
semeada em nós pelo germe do projeto do Criador quando nos quis “à sua imagem e
semelhança” (Gn 1,26). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">O
Cura d’Ars-en-Dombes encontrou muitas dificuldades no trilho do anelo dos
sonhos vocacionais. Dardilly, sua terra natal, viveu momentos obscuros,
envolvida na cerração temporal da política, de modo que até a sua paróquia fora
fechada, interrompendo, assim, os serviços litúrgicos e a catequese. Segundo
Enrico Peppe, “o futuro cura d’Ars recebeu a primeira comunhão escondido em uma
casa de campo durante a missa clandestina, e o contato com aquele padre lhe fez
nascer no coração o primeiro desejo de se tornar sacerdote. Uma ideia que
parecia utópica para a situação política do país pela impossibilidade de
frequentar escola”. Talvez possamos encontrar, aí, um obstáculo futuro quanto
ao desempenho de sua escolaridade. Conheci um sacerdote, que, morando no
interior do Ceará, somente pôde ter acesso aos estudos depois dos dezessete
anos de idade, com todos os vícios linguísticos e “culturais” da educação que
não recebeu. Ainda hoje, ele possui alguns “obstáculos musculares”, sei lá (?),
que repercutem na sua tatibitate. Todos nós sabemos, e isso está provado
cientificamente, que delongando certo tempo na aprendizagem dos esforços
guturais, determinados sons da língua não são mais possíveis de serem
pronunciados. Quem já tiver ultrapassado os vinte anos, tente, por exemplo,
pronunciar alguns vocábulos em língua árabe ou até mesmo em hebraico ou de
qualquer outra língua maluca do antigo Oriente Médio. Eles podem ser
aproximados, mas, nunca, igualados ao som de quem nasceu, viveu, foi educado e
cresceu lá. Por certo, as ranhuras da música linguística do indivíduo serão
notadas no sotaque indiscreto da fala, quando não pronunciar um vocábulo
diferente. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">Na
Itália, tive a oportunidade de conviver com um jovem sacerdote libanês, ao qual
pedi que me dissesse uma palavra em árabe, e assim que eu a repeti, ele ficou
visivelmente ruborizado. Quis saber a razão, e ele me respondeu: “O que você
disse é um palavrão na minha língua, e eu não falei isso!” Nem o significado
ele quis dizer-me. Imaginem o constrangimento! Todavia, o Cura d’Ars teve
outros problemas de compreensão, sobretudo, da língua latina, mediante a qual
eram feitos os estudos e os exames para a superação dos estágios acadêmicos.
Dizem que ele não entendia nem sequer o conteúdo das perguntas que lhe eram
feitas. Mas ninguém precisa de latim para ir para o céu. Os espanhóis dizem que
os anjos falam a sua língua, na ferrenha disputa para depreciar a “última flor
do Lácio” (Olavo Bilac), o português. E nós, em contrapartida, afirmamos que
Deus fala português. Pilhérias, à parte, falaremos diretamente com Deus, sem
necessidade da tradução dos anjos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">Graças
à criativa generosidade do Pe. Charles Balley, que, em Écully, não muito longe
de Dardilly, abriu uma escola para orientar os candidatos ao sacerdócio, no
caso, antes de ingressarem no seminário, João Maria Vianney “também se
apresentou: um caso humanamente quase desesperador, porque tinha 20 anos e
conhecia mal e mal os primeiros rudimentos da leitura e da escrita. O padre
Balley ouviu-o, apreciou-lhe o candor da alma e a persistência de camponês e o
admitiu em sua escola. Não foi fácil para o jovem acompanhar as lições do
mestre, sobretudo em se tratando da língua latina, que não entrava na cabeça,
enquanto se saía muito bem na aprendizagem das verdades da fé e na prática das
virtudes cristãs”. (Enrico Peppe). Sua humildade e perseverança, mas também sua
abertura às moções do Espírito divino, conduziram-no à “elevação espiritual” de
que precisava para demonstrar-se capaz de, convertidamente, santo, orientar
suas ovelhas. Durante três anos, foi designado para a cidadezinha de Ars, um
lugarejo com 40 casas e pouco mais de 270 habitantes. Tendo sido colocado à
prova pelo seu bispo, esperou três anos, a fim de que sua comunidade pudesse
ser elevada à dignidade de paróquia. Seu zelo espiritual pela vila – antes
interessada mais pelo trabalho do campo, de manhã, e à tarde, pela taverna
atrás da igrejinha, inclusive, por conta do sistema da pobreza e da
necessidade, do que pelo apostolado do jovem padre – despertou a fé escondida
sob as cinzas do tempo, mudando, de modo radical, a vida religiosa de sua
gente. Com efeito, o ambiente social da época estava tomado pelos lupanares
espalhados por muitos lugares, e, também, em Ars. É por isso qu, “nos dias mais
solenes, o ponto de encontro não era a celebração litúrgica, mas as festas e
bailes, que se prolongavam até altas horas da noite, à luz de vela e – segundo
o parecer do jovem padre – sempre terminavam em lugares onde não havia nem
mesmo essa luz fraca, permitindo ao demônio a destruição da moral familiar, até
mesmo levando à prostituição alguma pobre moça”. (Enrico Peppe). Atraídos pela
vida simples e austera do Cura d’Ars, que fazia penitência, jejuns prolongados
e orações pelos pecadores, homens notáveis, como o primoroso orador de
Notre-Dame de Paris, igualmente, sacerdote, o Pe. Lacordaire, fizeram questão
de conferir de perto a fama do pároco daquela minúscula aldeia. E quando alguém
quis saber da apreciação de Lacordaire sobre a pregação do padre tido por ignorante,
sua resposta não poderia ter sido mais ferina e contundente: “Seria bom
desejar-se que todos os párocos dos campos [e, hoje, das cidades] pregassem tão
bem como ele”. (Enrico Peppe). Por sua vez, depois de convidar o Pe. Lacordaire
a pregar em sua igreja, o Cura d’Ars também desferiu seu comentário no dia
seguinte: “Costuma-se dizer que às vezes os extremos se tocam. Isso, sem
dúvida, verificou-se ontem no púlpito de Ars. Viu-se a extrema ciência e a
elevada ignorância”. (Enrico Peppe). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">O
santo Cura d’Ars é um testemunho que, ainda hoje, serve de modelo e inspiração
para a vida de todos os sacerdotes da Igreja de Cristo. Despretensioso,
humilde, santo, ciente de seu papel de pastor e das responsabilidades graves do
dever de seu apostolado. Na expressão de Dom Luciano Duarte (1925-2018), “no
dia 9 de fevereiro de 1818, num fim de tarde de inverno, ele se aproximava, a
pé, de sua paróquia, para tomar posse. Uma bruma friorenta escondia o povoado
humilde dos olhos de seu novo pastor. Foi, ali, onde hoje se ergue o ‘<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Monument de la Rencontre’</i>, que o Cura
d’Ars encontrou o seu primeiro paroquiano: um menino, um pastorzinho de
ovelhas, Antoine Givre. Ele indicou ao Pe. Vianney o caminho de sua paróquia,
lá adiante, coberta de névoa. O Pe. Vianney o olhou longamente, com amor. Era o
primeiro de seus filhos que ele encontrava: – ‘Tu me mostraste o caminho de
Ars; eu te mostrarei o caminho do céu”. E o mesmo autor segue pelas linhas
translúcidas de sua argumentação: “Foi nesta igreja que o Cura d’Ars trabalhou
quarenta anos. Ele a encontrou vazia. Despovoada de homens, embora cheia de
Deus. Mas entre a presença divina e a ausência humana, um vazio. Um fosso. Uma
rotura. O Cura d’Ars estendeu sobre as bordas seu corpo de Padre, sua vida de
santo. E os homens de Ars passaram por cima da estranha ponte, ao encontro do
Senhor”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">Foi,
pois, indicando a direção do céu, que São João Maria Vianney converteu a muitos
de seu tempo, especialmente, pela sua vida provada de todo tipo, com
frequência, atormentado por uma presença diabólica, experimentando o próprio
peso de sua cruz. Nesse sentido, sua “união com Deus e a caridade pastoral”
fizeram dele um protótipo permanente da santidade que, por nossa vez, também
devemos buscar. De fato, até mesmo em meio aos conturbados tempos pós-modernos,
a santidade é uma provocação que Deus faz a cada um de nós todos os dias.
Aquela santidade silenciosa, cultivada no coração, propícia às benevolências do
céu. Trata-se de um esforço que exige empenho e mortificação pessoais. Com
efeito, foi um santo quem disse que é melhor andar no caminho de Deus,
claudicando, do que percorrer outras estradas longe dele. Ou como diria o
salmista (Sl 84,11), um só dia em sua casa vale mais do que milhares fora dele,
isto é, vivendo ao meu modo, à minha maneira, segundo os moldes viciados de
minha pretensa liberdade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;">Que
São João Maria Vianney, Patrono dos Padres, ajude-nos a encontrar, no garimpo
das coisas desta terra, o verdadeiro endereço do Céu! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: medium;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-81108410162099770942022-07-05T07:56:00.006-07:002022-07-05T08:00:32.978-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: large;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%; padding: 0cm;"> Escritos outonais </span><span style="background-color: white; color: #201f1e; font-variant-caps: small-caps;">na pena de Ana Medina</span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%; padding: 0cm;"><o:p><span style="font-family: arial;"></span></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizcbf9Ri3Rjb4T_YRJgKvMAJClooKecGCgOWUSNOhAfMkkY-8IcWAraXcZ6tLoqxqfkb0wM8GttmGrYPg4aFQHXzStxZgCDCIPgP1fvABcSdA_Ch9ZWjrKaRN944Fv-r3ES9oTBBJAPQlKc8-LEHVoPFgv5wbrrGGs7GMeFxzOJREYNI_eIckvzPjJUQ/s1280/Ana%20Medina%202022.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="879" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizcbf9Ri3Rjb4T_YRJgKvMAJClooKecGCgOWUSNOhAfMkkY-8IcWAraXcZ6tLoqxqfkb0wM8GttmGrYPg4aFQHXzStxZgCDCIPgP1fvABcSdA_Ch9ZWjrKaRN944Fv-r3ES9oTBBJAPQlKc8-LEHVoPFgv5wbrrGGs7GMeFxzOJREYNI_eIckvzPjJUQ/s320/Ana%20Medina%202022.jpg" width="220" /></a></span></div><span style="font-family: arial;"><br /><span style="font-size: medium;"> </span></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%; padding: 0cm;">Escritos outonais</span><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;"> é mais uma pérola de literatura com que a Acadêmica Ana
Medina brinda seus leitores. Trata-se, na verdade, de uma obra bifurcada em
duas vertentes de páginas translúcidas de poesia e paisagens do espírito,
emolduradas pela fina estampa da sensibilidade do brio intelectivo da autora.
Portanto, assim segue a distribuição escorreita e cadenciada de sua exposição: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Escritos sobre escritos</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Escritos inventivos</i>. De uma lauda à
outra, é o fascínio das letras que sorvemos avidamente como de ânforas plenas
do saber erudito que transborda e se derrama no chão estilístico da inspiração.
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;">Escritos sobre escritos</span></i><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;"> é um afresco de mosaicos imbricados, que mapeiam
inúmeras obras prefaciadas ou apreciadas pela autora em múltiplas cosmovisões,
à mercê do conteúdo e da abordagem da obra em si. São janelas da alma
contemplativa que se abrem sobre os telhados poéticos da singularidade de
muitos autores. Mas é o fio conducente de sua percepção que nos garante a
riqueza das inflexões pessoais, que brotam cristalinas na “seara da cultura”,
sobretudo, sergipana. A coletânea da primeira parte jaz jus ao talento
literário e à competência apurada da bela arte das letras. A vivacidade dos
textos é perene, atravessa décadas da produção grafológica e rebenta solene – com
o mesmo frescor do orvalho matutino de sua aurora – nas ondas do espírito do
leitor. Metáforas resplandecem no tecido dos vocábulos como em “véus diáfanos”,
que enxergam “o belo através da dor humana”; a autora enfrenta, tranquila, “as
armadilhas do português”, o desafio do conhecimento erudito dos autores que
prefacia, e as disposições da cultura clássica, com a maestria da ponderação
lógica e racional do que lhe é proposto fazer; elabora, com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">finesse et bon goût,</i> a viagem emocional
de seus textos, com leveza, sem o veio acrimonioso dos incautos; sua literatura
é plástica, sonora, e acende no vislumbre da perlustração a sede do desejo de
ir sempre mais adiante nas plagas da geografia do texto. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;">Cada panorama
da obra exige o conhecimento de uma lexicografia diferenciada, o que dá à autora
o privilégio da idiossincrasia epistemológica para atingir seu objetivo; ela
pendula entre o erudito e prosaico, entre o burlesco e o cotidiano, entre o
religioso e o profano, entre o lírico e o bucólico, entre a história e a
geologia da alma, como em instantes áureos e tempos de decadência. Tudo isso
sem cair na mesmice simplória do pensador, “afinal o que é literatura senão o
fruto da imaginação ou a recriação da vida, sem veleidades de cientificismo?”,
pergunta-se. De fato, a literatura tem a prerrogativa de depositar na intuição
dos intelectuais um universo cosmológico tão amplo quanto as gavetas que se
abrem aos ventos da imaginação, e isso se agiganta ainda mais quando pensamos
que “cada cabeça é um mundo”. Na literatura, os personagens assomam no
horizonte de seus escritos como figuras vivas de um passado recente, que
cintilam em suas páginas como estrelas nostálgicas da verdade que os
constituem. Dramas pessoais, </span><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; line-height: 150%; padding: 0cm;">experiências <span style="color: #201f1e;">da longevidade, buscas interiores, sofrimentos da alma, fulgores
da prosa, deleites sentimentais, etc. De tudo isso, a autora se reveste para
descrever – “como sacerdotisa de tempos imemoriais” – as “oferendas” que lhe
foram apresentadas para refeição e análise cognoscitiva, conforme a índole
peculiar a cada geração de autores. <o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Cotejando a
investigação dos autores com personagens clássicos das artes universais como a
pintura, a música, a escritura, a gramática poética, a história dos mitos
helênicos – num estilo que abraça tantas épocas – o pano de fundo revela a
riqueza de seu ambiento cultural. Desse modo, ela nos faz imergir no tempo
antes do tempo, na origem mesma da arte que atravessa os séculos, porque <i style="mso-bidi-font-style: normal;">in principium erat verbum</i>... (Jo, 1,1). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Quanto aos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Escritos inventivos</i> – segunda parte da
obra – uma ligeira apreciação faz deter-nos no conjunto sincrônico da compilação
argumentativa. Absorta na ciranda de outras especulações, as folhas outonais da
palavra caem da pena de quem parece dialogar consigo mesma. Na verdade, sua
prosa transborda em temas pertinentes à religiosidade popular, relembrando
tradições culturais da fé do povo de Deus; evoca conjunturas políticas de sua
amada Boquim, com as “futricas” próprias das efervescências eleitoreiras; seu
interlóquio segue rememorando celebrações juninas, do mês de Santo Antônio,
quando a cidade se acendia de luzes, cores e sons, rompendo o silêncio mudo da
normalidade dos dias, ao sabor das comidas típicas dos alusivos festejos; sem
cair no irrisório, conta “causos” hilariantes como das modas “bufantes”, etc. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Ainda: temas abordados
na segunda parte avança fronteiras, vão a Portugal, “enquanto os sinos
plangentes lembram uma fé perdida, as ruas de pedras polidas [que] vão
apertando a nossa alma de um tristeza que não se sabe por que e nem de quem,
elas falam de lutas, de amores escondidos, de sonhos abafados”. De modo
especial, “a mala do prelado” leva consigo um mundo de inquietações da alma
religiosa, que também repousa na buliçosa dimensão antropológica da visão
cosmopolita dos contrastes humanos; talvez uma “maleta” mais do que, de maneira
justa, comparada à “caixa de pandora”, que, depois de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lilith</i> – da mitologia sumeriana, a Eva dos hebreus – tornou-se
responsável palas desgraças do mundo. Na verdade, aqui, a metáfora revela
apenas uma comparação que açambarca a fertilidade criativa do conhecimento
cultural da autora. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><span style="background: white; border: 1pt none windowtext; color: #201f1e; line-height: 150%; padding: 0cm;">E vamos mais
adiante! De prosa em prosa, chegamos ao “réquiem para o presidente!” Suicidara-se
o Presidente do Brasil Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954). Não gosto desse
verto pronominal! “Suicidar-se” parece querer dizer que a pessoa se matou duas
vezes, no começo e no fim da frase, ou no início e no pôr do sol da vida! Porém,
isso é impossível. Mas o presidente se matou, e a notícia caiu com o estrondo
de um tropo, inicialmente, incompreensível: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“[...]
uma tragédia se abateu sobre a nossa Pátria amada, idolatrada. O luto veste o
grande Gigante adormecido</i>”. A narrativa segue, emocionante, não somente aos
ouvidos da plateia de então, mas também à oitiva do leitor, que ainda se
inquieta com o suspense: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Praesidem
siepsum occidit</i>! Enquanto isso, os sentimentos se sobrepõem à curiosidade
reinante. Nada mais coerente para a sequência lexicográfica do que um ensaio
sobre “Ritos da morte”, cobrindo o “imaginário infantil” da autora com
lembranças fúnebres de nostalgia e saudade de rostos que ainda vivem nos
“álbuns visitados” de sua memória. </span><span style="line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">No mais, para concluir sobre
os personagens de ontem e de hoje, do passado e do presente, a linda lembrança
de “Uma catequista memorável” une-me temporalmente àquela que também esteve
marcando o itinerário de meu histórico vocacional, ao lado de Dom Luciano
Duarte (1925-2018). Seu nome: Conceição Luduvice! Encantada com os novos tempos
na Aracaju, vista com os olhos de menina, recém chegada de Boquim, o conjunto
arquitetônico de templos e igrejas, ponte e palácios, a beleza do Rio Sergipe,
entre tantas outras novidades, enchem de brilho os neurônios inteligentes da
autora. Todavia, no meio da “selva de pedra”, também havia espaço para a
colheita de fruto espirituais oferecidos na catequese, nas missas, nas peças religiosas
de teatro, tudo sob a magistral regência da evangelizadora Conceição Luduvice, ícone
ainda vibrante da Igreja São Salvador. (Dr. PGRS). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: arial; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p><br /><p></p><p></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-63668657312437081322022-06-14T19:23:00.002-07:002022-06-14T19:27:10.687-07:00<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;"><b><span style="color: #bf9000; font-size: 16pt; font-variant-caps: small-caps; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: 32px;">Sanctissimi Corporis et Sanguinis Christi<o:p></o:p></span></b></p><div><b><span style="color: #bf9000; font-size: 16pt; font-variant-caps: small-caps; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: 32px;"><br /></span></b></div><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #bf8f00; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg926f-l0SBqcdTw4qh019CXkHsu1voyITIiCnMC1yGP6JVex3a_CnhzpsATgMMIUewwYzcPbP85bHhJwl_SKyU9jUW5Fpm7vOBDpLakxdMwFK1MZ-yY9zSxvpySwZsO1ejZkFAjJkbjyjisJ-pFn7m4aa7vP3Csiy4zuj9QxpuyGPHd49EooGx11GTew/s2000/Corpus%20Christi.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2000" data-original-width="2000" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg926f-l0SBqcdTw4qh019CXkHsu1voyITIiCnMC1yGP6JVex3a_CnhzpsATgMMIUewwYzcPbP85bHhJwl_SKyU9jUW5Fpm7vOBDpLakxdMwFK1MZ-yY9zSxvpySwZsO1ejZkFAjJkbjyjisJ-pFn7m4aa7vP3Csiy4zuj9QxpuyGPHd49EooGx11GTew/w221-h221/Corpus%20Christi.webp" width="221" /></a></b></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 150%;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 150%;">Todos os anos a Igreja de Cristo tem a alegria de celebrar um
dia exclusivamente dedicado ao Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – <i>Sollemnitas Sanctissimi Corporis et
Sanguinis Christi</i>. Trata-se, pois, de uma solenidade que nasceu na Idade
Média, e fora proclamada </span><span style="line-height: 150%;">oficialmente na
Igreja pelo Papa Urbano IV (1195-1264). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 150%;">De
fato: “<span style="background: white;">A Solenidade em honra ao Corpo do Senhor
– <i>Corpus
Christi</i> – que hoje celebramos na quinta-feira após a oitava de Pentecostes,
mais precisamente depois da festa
da Santíssima Trindade, é oficializada somente em 1264 pelo Papa Urbano IV”. Foi o próprio Senhor
e Mestre, Jesus de Nazaré, que desejou permanecer entre seus amigos – apóstolos
e discípulos – pelos séculos afora, sob as espécies do pão e do vinho, “fruto
da terra e do trabalho humano”, “fruto da videira”, que se tornam o “pão da
vida” eterna e o “vinho da salvação”. Portanto, um dia, na encruzilhada da história
humana, na celebração da última ceia, o Filho de Deus, antecipando o mistério
de sua cruz, diante dos apóstolos, assim se apresentou: “Tomai e comei, isto é
o meu corpo”; “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança,
que é derramado por muitos para a remissão dos pecados”. (Mt 26,27-28). Na
afirmação do Papa Bento XVI, “</span></span><span style="line-height: 150%;">Toda a história de Deus com os homens está resumida nestas
palavras. Não foi só recolhido e interpretado no passado, mas antecipado também
no futuro a vinda do Reino de Deus ao mundo. Aquilo que Jesus diz, não são
simplesmente palavras. O que Jesus diz, é acontecimento, o acontecimento
central da história do mundo e da nossa vida pessoal”. (<i><span style="font-variant-caps: small-caps; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">Corpus Christi</span></i>, de
2006). <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="background: white; line-height: 150%;">Depois, Cristo acrescentou: “Não beberei mais deste fruto da
videira até o dia em que convosco beberei o vinho novo no reino do meu Pai”.
(Mt 26,29). Como é grande o Mistério da nossa Fé! </span><span style="line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">O ato da cruz, realizado pela Pessoa do Verbo Eterno de Deus,
o Filho Unigênito, repercute na história da Salvação desde sempre, desde antes
da fundação do mundo, e percorre os séculos em direção à plenitude de sua obra
salvadora. É o que celebramos na terra por meio do <i>Sacramento dos Sacramentos</i>, a Eucaristia, penhor dos méritos da
paixão, morte e ressurreição de Cristo, o Senhor bendito pelos séculos dos
séculos. Ali, numa despedida, ele preanunciava sua permanência no meio de nós
até à eternidade. Segundo Angélico Poppi, exegeta do Novo Testamento, com a
expressão escatológica do versículo 29, Cristo exprime a certeza de sua
ressurreição após a morte. Assim, Mateus
sublinha, mais do que Marcos, a comensalidade com os discípulos, que serão
associados a Ele na beata participação no banquete escatológico, de que a
Eucaristia era uma prefiguração. E, dentro desse horizonte, o mesmo autor
conclui: “A partir de agora” (<i>ap’ árti</i>)
– uma expressão oculta na tradução, infelizmente – designa para Mateus o início
de um novo curso da história, isto é, do novo êxodo para os cristãos, que os
teria introduzido na verdadeira Terra prometida. Desse modo, a prospectiva da
morte sacrifical de Jesus resulta, assim, na visão radiosa do convívio
escatológico no reino do Pai celeste. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 150%;">De algum modo, essa realidade se concretiza na celebração da
Santa Missa, conforme nos recorda o </span><span style="background: white; line-height: 150%;">Catecismo da Igreja Católica: “A
Eucaristia é igualmente o sacrifício da Igreja. A Igreja</span><span style="background: white; line-height: 150%;">, que é o corpo de Cristo,
participa na oblação da sua Cabeça. Com Ele, ela própria é oferecida
integralmente. Ela une-se à sua intercessão junto do Pai em favor de todos os
homens. Na Eucaristia, o sacrifício de Cristo torna-se também o sacrifício dos
membros do seu corpo. A vida dos fiéis, o seu louvor, o seu sofrimento, a sua
oração, o seu trabalho unem-se aos de Cristo e à sua oblação total, adquirindo
assim um novo valor. O sacrifício de Cristo presente sobre o altar proporciona
a todas as gerações de cristãos a possibilidade de se unirem à sua oblação”.
(Artigo 1368, CIC). A Eucaristia é a festa de todos os cristãos católicos, é o
sacrifício da imolação de Deus por nós na Pessoa do Filho. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="background: white; line-height: 150%;">Assumindo sua permanência no pão e no vinho, ele escolheu
símbolos da cotidianidade dos homens, o que expressa também a manifestação de
sua grandeza e sua imersão no meio de nós. Bento XVI esclarece essa dimensão de
participação entre os bens da natureza e sua imanência de fertilidade em favor
dos homens. Com efeito, “</span><span style="line-height: 150%;">Durante
a procissão e a adoração nós olhamos para a Hóstia consagrada o tipo mais
simples de pão e de alimento, feito apenas com farinha e água. Assim vemo-lo
como o alimento dos pobres, aos quais em primeiro lugar o Senhor destinou a sua
proximidade. A oração com a qual a Igreja durante a liturgia da Missa entrega
este pão ao Senhor, qualifica-o como fruto da terra e do trabalho do homem.
Nele está contida a fadiga humana, o trabalho quotidiano de quem cultiva a
terra, semeia e recolhe e finalmente prepara o pão. Contudo, o pão não é
simples e somente o nosso produto, uma coisa feita por nós; é fruto da terra e
portanto também dom. Porque o fato que a terra dá frutos, não é merecimento
nosso; só o Criador lhe podia conferir a fertilidade. E agora podemos alargar
um pouco mais esta oração da Igreja, dizendo: o pão é fruto da terra e, ao
mesmo tempo, do céu”. (<i><span style="font-variant-caps: small-caps; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal;">Corpus Christi</span></i>, 2006). E desse modo,
o Senhor ostentou sua graça e seu poder salvador. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Hoje, no dia de cada geração cristã, toca a cada um de nós
usufruir de suas maravilhas manifestadas sacramentalmente na Igreja. Temos a
Eucaristia, que Cristo ofereceu ao Pai pela Salvação de todos como Ação de
graças. O convite permanece aberto a que nos ponhamos a caminho, com atitudes
de sincera conversão, não permitindo que as sombras do Mal se avantajem sobre
nós. Para tanto, precisamos trazer mais o Senhor Eucarístico diante de nós! Na
nossa vida, na nossa consciência, nas nossas ações, nos nossos encontros
comunitários, enfim, na liberdade interior com que devemos nos comprometer com
seu amor e sua misericórdia. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Que não percamos de vista a riqueza sacramental da Igreja, do
Senhor vivo e presente na hóstia consagrada. Na verdade, Ele é a hóstia
consagrada, mas, amiúde, a pobreza do vocabulário humano não atinge o alcance teológico
ou cristológico do conteúdo das palavras. No entanto, todos nós sabemos, pelo
menos intuitivamente, do que estamos falando. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="line-height: 150%;">Então, viva Cristo Eucarístico! Junte-se a nós nos louvores
da comunidade paroquial. </span><span style="text-align: left; text-indent: 35.45pt;">E
viva Cristo Rei! (PGRS). </span></span></p><p></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-80671556189335378582022-02-22T17:50:00.003-08:002022-02-22T17:50:24.264-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; font-variant: small-caps;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b><span style="color: #7030a0; font-family: "Times New Roman", "serif"; text-transform: uppercase;">Quaresma</span></b><b><span style="color: #7030a0; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-variant: small-caps;"> <o:p></o:p></span></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #7030a0; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-variant: small-caps;"><span style="font-size: large;">tempo de penitência e conversão</span><span style="font-size: medium;"> <o:p></o:p></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #7030a0; font-family: "Times New Roman", "serif"; font-variant: small-caps;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhK-cmXY-8z0kYW1VHF2XhTEulPi9KQwD5jkAzDTzJ0RgZ4QP5CmylumKdx1bWZzDyEXz2JW3BRqutZhAQVA2TXExeZr1CcW-6Q94ohRFOO2vP3f_mnZOoYwOOb_6T19QUvtJUXM2ygMB76LcUWlV3W8BS3Ba003KUDaJUbiLP3gBjvwc3Jz4Vyp_p8dQ=s900" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="631" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhK-cmXY-8z0kYW1VHF2XhTEulPi9KQwD5jkAzDTzJ0RgZ4QP5CmylumKdx1bWZzDyEXz2JW3BRqutZhAQVA2TXExeZr1CcW-6Q94ohRFOO2vP3f_mnZOoYwOOb_6T19QUvtJUXM2ygMB76LcUWlV3W8BS3Ba003KUDaJUbiLP3gBjvwc3Jz4Vyp_p8dQ=s320" width="224" /></a></b></div><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><br /></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">“O
período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade,
acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da
Penitência e caminhar com decisão para Cristo” (Bento XVI) . <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">Todo
ano acontece, para todos os cristãos, o período do tempo da Quaresma, qual
fonte de espiritualidade e enriquecimento interior diante do Senhor que, vencendo
o “seu êxodo que se consumiria em Jerusalém” (Lc 9,31), carrega-nos sobre seus
próprios ombros em direção à plenitude da Páscoa da Ressurreição. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">Por
conseguinte, nesse caminho de penitência e conversão, que é a Quaresma,
enquanto momento de forte apelo à mudança de vida e ao acolhimento da própria
vida de Deus, sobretudo manifestada de modo radicalmente novo e pleno em Jesus
Cristo, gostaria de apontar qual seria a nossa atitude diante de Deus como
manifestação do esforço de resposta e gratidão à incondicionalidade de seu
infinito amor. De fato, ao Deus que se revela, deve-se a “obediência da fé”.
Assim, nesse tempo forte de penitência, todos somos intimados a olhar com mais
generosidade e reconhecimento o amor de Deus por cada um de nós. Sob esse prisma
ou ângulo de reflexão, como é importante sermos humildes diante de Deus! E essa
humildade deve ser recomeçada e vivida cada dia, de novo. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">Quando
o sol nasce e se levanta no horizonte de nossa existência, nosso olhar piedoso
deve erguer-se, à luz do “Sol nascente que nos veio visitar”, ao encontro de
Deus misericordioso, que não leva em conta os nossos pecados, as nossas faltas,
como tão bem nos recorda o salmista: “O Senhor é compaixão e piedade, lento
para a cólera e cheio de amor, ele não vai disputar perpetuamente, e seu rancor
não dura para sempre. Nunca nos trata conforme os nossos pecados, nem nos
devolve segundo nossas faltas” (Sl 103,8-10); ou ainda: “Senhor, se levardes em
conta nossas faltas, quem haverá de subsistir? Mas, em vós se encontra o
perdão, eu vos temo e em vós espero” (Sl 130,1-5). Trata-se de um dos cânticos
das subidas para a cidade Santa, Jerusalém, que Israel canta <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De profundis</i>, clamando a piedade do
Senhor Deus. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">Deus
torna os nossos pecados escarlates brancos como a neve, conforme o
reconhecimento da oração penitencial de Davi (Sl 51,9). Todavia, não obstante a
sua misericórdia, Ele pede que nos convertamos, pois Ele é implacavelmente
contra a hipocrisia: <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">“Quando
estendeis vossas mãos, desvio de vós os meus olhos; ainda que multipliqueis a
oração não vos ouvirei. Vossas mãos estão cheias de sangue: lavai-vos,
purificai-vos! Tirai da minha vista as vossas más ações! Cessai de praticar o
mal, aprendei a fazer o bem! Buscai o direito, corrigi o opressor! Fazei
justiça ao órfão, defendei a causa da viúva! Então, sim, poderemos discutir,
diz o Senhor Deus: Ainda que os vossos pecados sejam como escarlate,
tornar-se-ão como a lã” (Is 1,15-18). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">Segundo
Austel, o vocábulo hebraico <i style="mso-bidi-font-style: normal;">shānî</i>
[“escarlata” do latim <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Quercus coccinea</i>]
“[...] adquiriu um significado simbólico por ser utilizado em cerimônias de
purificação, como na descontaminação do leproso (Lv 14,4.6) e da casa do
leproso (Lv 14,49.52) e na descontaminação da impureza cerimonial em geral (Nm
19,6). Visto que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">shānî</i> era a cor do
sangue, seria o símbolo natural para isso em tais cerimônias. A palavra torna a
aparecer em Isaías 1,18. Depois de dizer aos israelitas que a adoração que lhe
prestavam era inaceitável devido à manchas de culpa de crime de sangue nas mãos
do povo (v. 15), Deus fala que devem ser purificados e deixar de fazer o mal. O
versículo 18 é o convite que ele faz para a purificação. Ele removerá até mesmo
a culpa de crime de sangue, simbolizada por uma roupa tingida de escarlata. Por
mais impossível que seja [ou que pareça ser, aos nossos olhos humanos e
mortais], Deus torna a roupa num branco puro e brilhante, representando uma
retidão sem máculas (cf. Sl 51,7 [9]; Ap 7,4)”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">Portanto,
é a graça do Senhor quem nos acompanha, do nascer ao pôr do sol, se somos
solícitos aos seus apelos. E quando o sol no ocaso desaparecer, fazendo
precipitar sobre a noite da alma o véu da escuridão interior, renova-nos a
certeza de que, no dia seguinte, mais uma vez, e com intensa luminosidade,
brilhará sobre todos nós o Sol da justiça divina que nos recobrirá com a
infinitude de sua graça e presença. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">O
verdadeiro caminho penitencial é aquele que nos conduz a Deus pela obediência.
E esse é o grande desafio de toda a nossa vida cristã. Aliás, Cristo veio
justamente para ajudar-nos nesse itinerário de retorno à intimidade com Deus.
Pela sua obediência, somos readmitidos no aconchego acolhedor do Pai do céu, o
Criador de tudo, e, de modo consequente, tornamo-nos configurados ao Redentor
de nossos pecados, Cristo Jesus. Falando sobre “graça e obediência à lei de
Deus”, São João Paulo II escreveu o seguinte: “Ao homem, permanece sempre
aberto o horizonte espiritual da esperança, com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a ajuda da graça divina</i> e com a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">colaboração
da liberdade humana</i>. É na Cruz salvadora de Jesus, no dom do Espírito
Santo, nos Sacramentos que promanam do lado trespassado do Redentor (cf. Jo
19,34), que o crente encontra graça e força para observar sempre a lei santa de
Deus, inclusive no meio das mais graves dificuldades”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">O
pensamento do saudoso Papa vai na direção de uma vida totalmente pautada pela
abertura do homem à vontade divina. Portanto, o exemplo salutar é-nos
apresentado pelo próprio Filho de Deus, que disse ao entrar no mundo: “Eis que
eu vim para fazer a tua vontade” (Hb 10,7.9). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif";"><span style="font-size: medium;">E
ainda o contemplamos e o ouvimos nas horas derradeiras de sua agonia, ao fazer
o desabafo realizado em meio às dores de sua aflição: “E dizia: ‘Abba! Ó Pai!
Tudo é possível para ti: afasta de mim este cálice: porém, não o que eu quero,
mas o que tu queres’” (Mc 14,36). O Evangelho de São Lucas revela Jesus
colocando a sua vontade nas mãos do Pai: “Contudo, não a minha vontade, mas a
tua seja feita!” (Lc 22,42). Com efeito, somente iluminados pelo testemunho de
Cristo, somos capazes de, também nós, e, por nossa vez, levarmos adiante a
exigência da plenitude da conversão e do desejo de profunda intimidade com Ele. </span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-60749154735522181442022-01-11T06:41:00.005-08:002022-01-11T06:43:00.524-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Edson & Yara Achegas Biográficas <o:p></o:p></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #201f1e; font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj6CZWZas3FziH8xEti5y3anOrTAjDMqm8vlGkdCZHTZ74DqJT4msz053Sx-3r8PaQLNW2mLpvZZN4FcspMifqw3xLTbjpAe6hegRiDMVO46H_Pe8nbUDnKFqCvEBJaNwK4jQzZxy3SyebGWKVojkIlOPbW2Li4xqDw7r_3U3fW78XGY1sIptn7H14jyQ=s1280" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="1280" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEj6CZWZas3FziH8xEti5y3anOrTAjDMqm8vlGkdCZHTZ74DqJT4msz053Sx-3r8PaQLNW2mLpvZZN4FcspMifqw3xLTbjpAe6hegRiDMVO46H_Pe8nbUDnKFqCvEBJaNwK4jQzZxy3SyebGWKVojkIlOPbW2Li4xqDw7r_3U3fW78XGY1sIptn7H14jyQ=w208-h208" width="208" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Os rituais da existência humana, como partes da liturgia da vida, reverberam
o sentido de que ambas – a liturgia e a vida – se tocam pela sublimidade das
promessas de respeito e fidelidade recíprocos na expressão de um grande
amor. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Quanto à liturgia, nós a conhecemos bem, sobretudo no contexto da
celebração eucarística, promessa radical de amor de gratuidade e fidelidade
incondicional de um Deus apaixonado pela humanidade. Então, do pedestal da
glória celeste, ele desce até nós na pessoa do Filho, gerado no seio da filha
de Sião, Maria Santíssima, e se faz homem, igual a nós em tudo, exceto no
pecado. Viveu no aconchego da família de Nazaré, com seus pais, Maria e José;
cresceu em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens (Lc
3,52); depois de muitas andanças, anunciando o Reino, escolheu os doze, fez
curas, sinais e milagres, e assumiu o caminho da Cruz como condição de nossa
configuração a Ele pelo mistério da paixão, morte e ressurreição; fundou a
Igreja como sua esposa, santa e perfeita; e se entregou esponsalmente por ela
(Ef 5,25-27). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #201f1e; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Quanto à vida, ela se esconde nos traços misteriosos, pessoais e singulares
de cada pessoa humana, mas cada um conhece os cantos escuros ou luminosos de
seu próprio existir. Assim, sob o manto das vicissitudes cronológicas e
nostálgicas da estampa da longevidade dos anos, a filografia do amor é
costurada, simbioticamente, com as linhas da paixão. Com efeito, a reciprocação
do amor não se sustenta na vida sem as disposições interiores para o sofrimento
caritativo, para a renúncia voluntária, para o diálogo franco, desapaixonado,
isto é, sem os ditames condicionados pela cegueira do calor do momento, e,
claro, tudo isso direcionado para a cumplicidade quanto ao destino flamejante
da felicidade. De fato, as cartas de outrora, derramadas na literatura
magistral das <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-variant: small-caps;">Achegas Biográficas, Edson & Yara</span></i><span style="font-variant: small-caps;"> </span>– imbricadas na arte dialética de Ana
Maria Fonseca Medina, a autora – traduzem o sentimento sublime, gracioso e
espontâneo das exigências temporais que encantam o olhar cruzado entre dois
amores. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Na compreensão de Jorge
Carvalho, a autora nos presenteia “com um novo estudo. Aproveitou o cenário de
nascimento do médico oftalmologista Edson Brasil, para compor um atraente
ensaio biográfico emoldurado pela sedutora história do amor que uniu o devoto
de Esculápio com a ‘rainha das águas’, que encontrou na cidade de Boquim a sua
Yara”. Boquim sempre se destacou nos tempos áureos como a terra da laranja! E
isso se refere aos verdes campos floridos que se projetam na geografia pastoril
do lugar. Comparativamente, o bucolismo literário é uma espécie de jardim onde
nascem as mais belas flores da história dos amores. E, assim, Ana Medina soube
colher, sobejamente, os frutos da semeadura cultural no meio de sua gente. De
fato, flertes dessa grandeza preenchem as laudas vicejantes da sabedoria
vocabular com que ela mapeou a textura esferográfica da existência dos
homenageados. É a própria autora quem o reconhece: “A paisagem epistolar
grafada pelo autor das cartas aponta trajetórias, testemunham o cenário no
palco da vida [...]. Elas são a expressão mais profunda de uma conquista
sincera, gravitam entre o amoroso e o prosaico. Poder-se-ia considerá-las um
memorial de bem-querer, marca de um tempo em que o respeito e a galanteria
caminhavam de mãos dadas. Uma história de amor contada entre linhas cheias de
ternura”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">E mais ainda: “Acompanhei,
desde a minha infância o casal, exemplo de união perene, portanto, é um alegria
imensa plasmar no papel o que os meus olhos tão longevos viram e gravaram na
alma”. Trata-se, pois, do testemunho ocularmente palpitante, que transpõe as
barreiras profundas do horizonte das câmeras e atinge a essência da percepção
do olhar. Ao partilhar suas descobertas, ela nos devolve o brio de existências
temporalmente distantes, mas hodiernamente presentes nas lentes da escritora em
confidências com o leitor. Sua pena revela segredos escondidos na inconsciência
do cronos, a fim de nos ostentar – no genuíno sentido do termo latino, que
significa “mostrar” – a grandeza de duas vidas que se correspondem na
cumplicidade do amor-doação recíproco. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O amor verdadeiro e fiel
supera os ventos culturais do modernismo e se demonstra enraizado na alma do
esteio familiar, como na fecundidade da união esponsal diante da verdade de si
próprio e do outro. Isso também é alinhavado nas missivas apresentadas na
moldura da obra. Além do estilo leve, escorreito e agradável, impostado pela
autora. Portanto, vale a pena conferir. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Gilvan Rodrigues. Padre e Escritor.
</span><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-7809637557671992912021-12-30T05:27:00.001-08:002021-12-30T05:42:40.853-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: large;">Virando a
página do tempo <o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: arial; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGXyGuTLzAbHFJAprj3T5YAvPyjxHlTd8fiwStL24dW9ReMRgeRjHyho1PJ3xfvWGOyPxFeuyEeC-5kphIzWtgx0s4PYnDq9zqqGpOELkze04t-yE9YaDSDb4_ve2QCUBhgvxXupqkgWMY/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="224" data-original-width="225" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGXyGuTLzAbHFJAprj3T5YAvPyjxHlTd8fiwStL24dW9ReMRgeRjHyho1PJ3xfvWGOyPxFeuyEeC-5kphIzWtgx0s4PYnDq9zqqGpOELkze04t-yE9YaDSDb4_ve2QCUBhgvxXupqkgWMY/" width="241" /></a></span></div><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Réveillon</span><span style="line-height: 150%;">.
É a palavra dos tempos atuais. Mas qual a origem e o sentido de sua conotação
para o novo ano que se aproxima? Tradicionalmente, o vocábulo ficou conhecido
como “virada do ano”! Ou será que não? Com a proximidade do Natal e das festas
de final de ano, o mundo inteiro fica eufórico. Novo tempo parece desabotoar e
manifestar as forças da esperança. Se o ano que passou não foi tão bom assim,
com perdas de todo tipo, mas também com agrados de realização, resta-nos torcer
para que, “virando a página do tempo”, algo melhor rebente nossos desejos de
plenitude. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Já na iminência de
2022, papai Noel, o bom velhinho, que trouxe a concretude de tantos sonhos
adormecidos nas crianças e nos adolescentes, mas também nos adultos, ficou para
trás, deixando então a lembrança do que nos golpeou do presente recebido. Pelo
menos, para aqueles que receberam algum regalo. Com efeito, nem todos os anelos
do coração se realizam na magia da boa vontade do velhinho. São momentos
transitórios que plantam na alegria das festividades o toque sublime da
generosidade de muitas pessoas. E isso faz bem ao espírito desse instante. Mas
não é tudo! Também, talvez de maneira mais obscura, sobretudo nos veículos de
comunicação de propaganda mercantil, e até mesmo no seio de alguns cristãos, o
Menino-Jesus teve seu papel de figura discreta, no entanto, vibrante, trazendo
a todos a luz que emana de sua manjedoura e permanece mais duradoura do que
papai Noel. Afinal de contas, Ele é o Salvador, mesmo para aqueles que pensam
que não! Contudo, o tempo é o senhor de quem todos nós somos escravos. Isso mesmo:
ESCRAVOS! Apenas aqueles que já estão fora dele, no caso, os mortos, não se
sujeitam mais aos ditames de sua brava tirania. Quanto aos pobres mortais, que
perambulam pela noite escura do universo macroscópico, material e imaterial,
imanente e transcendente, físico e espiritual, todos somos, inevitavelmente,
prisioneiros de suas armadilhas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Os anos recentemente
passados, 2020 e 2021, foram terrivelmente marcados pelo monstro da pandemia
que, não obstante todo o esforço de superação mundial, ainda continua nos
assombrando. Vidas se perderam, familiares, amigos e parentes desapareceram do
nosso meio. No dia primeiro de novembro de 2021, o mundo registrava mais de
cinco milhões de mortos por covid-19. A marca de uma tragédia humanitária sem
precedentes! E as nações ainda seguem desorientadas, com a possiblidade de
agravamento da situação, trazida à baila mediante o advento da variante
ômicron. E, no dia 27 de dezembro, agorinha, enquanto escrevo esse texto, mais
de dois mil voos foram suspensos no mundo inteiro por causa dela. Ainda não nos
sentimos seguros! Contudo, a vida deve continuar. “O tempo não para”, já dizia
a música de Cazuza, e a nossa vida segue dentro de sua dinâmica cronológica,
até o fim da biocronologia de cada um dos viventes. Portanto, é nessa
perspectiva que devemos enfrentar o “réveillon”, que significa “despertar”.
Porém, “despertar” para quê? Acordar para quê? <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Despertar para a sublimidade
da vida, enquanto ainda estamos aqui. Às vezes, parece que vivemos sonolentos
demais a quotidianidade que nos assalta do nascer ao pôr do sol. A agitação do
mundo moderno, a pressurosidade dos afazeres, dos trabalhos e dos negócios; as
demandas existenciais de todo tipo, nas idas e vindas da geografia do eu mais
profundo, etc., tudo isso pode nos distanciar da essência da beleza que é a
própria vida em si mesma, o milagre do momento presente que nos escapa,
fugidio, como as torrentes dos mananciais que descem do topo da montanha para
encher os leitos da extensão do existir. Por isso, precisamos ir “virando a
página do tempo”. Santo Agostinho já asseverava: “É bom que esse tempo passe,
senão, não teremos outro tempo para viver”. Por conseguinte, a vida é essa
espiral de gratuidades e de bonanças, que independe da direção dextrogira ou
sinostrogira, mas que focaliza o centro vital do que somos e da felicidade que
buscamos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Do original francês, o
termo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">réveillon</i> se desprende do verbo
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">révellier</i>, que significa “acordar”,
“despertar”; “tirar do sono” (“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">tirer du
sommeil</i>”). Metaforicamente, quer dizer também “chamar à consciência”,
“trazer à vida”. Seria como o despertar interiormente para o clarão da
existência que nos espera, a cada amanhecer, devolvendo-nos o brilho da
esperança em dias melhores, de consolação, de boas energias, de conquistas,
vitórias, mas também de lutas, de apego à própria essência de nós mesmos, de
superação. Portanto, é nessa direção que devemos apostar com o dealbar do ano
novo, da chegada de 2022. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Então, acordemos da
letargia dos dias ruins, dos movimentos tristes da alma, dos pesares enfadonhos
do que ficou para trás. A vida está diante de nós. Vamos sonhar mais, abraçar
mais, sorrir mais, confiar mais, trabalhar mais, etc., a fim de que os sonhos
que embalam o nosso espírito não permaneçam adormecidos no castelo interior da
acomodação. Vencer é próprio de quem luta! Ou seja: vire, sabiamente, a página
do tempo! Agora, vá! Levante-se! Tenha coragem, pois a vida nos espera
sobejamente prenhe de coisas boas, alvissareiras de felicidade. Feliz 2022! </span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-48473825267604878482021-12-09T09:51:00.003-08:002021-12-09T09:52:34.145-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Desculpe-me pelo atraso... <o:p></o:p></span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"></span></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgv0znfp6XaaB6EVFZuCxxcvouTgu1YzpgLYLgsd1QjD3O6NveFYswwc2owa9MX0bWFg63Qa7JybTdrGHMhnn-KPdwLVnxhpq4K6vuAIDc_ZrPs5Y7zk3NNYixHtHeCYVmMpXlhiRh2jUbd40QVDf5YG7cu8v_UY2HjeKLHt8A6Us9GCDu4AI2Nq6633w=s217" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="217" data-original-width="216" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgv0znfp6XaaB6EVFZuCxxcvouTgu1YzpgLYLgsd1QjD3O6NveFYswwc2owa9MX0bWFg63Qa7JybTdrGHMhnn-KPdwLVnxhpq4K6vuAIDc_ZrPs5Y7zk3NNYixHtHeCYVmMpXlhiRh2jUbd40QVDf5YG7cu8v_UY2HjeKLHt8A6Us9GCDu4AI2Nq6633w" width="216" /></a></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><br /></span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">O discurso foi breve,
ligeiro, rápido, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tranchant</i>: “O curso
acabou para mim. Apresentei o TCC ontem. Só falta pegar o Diploma. Sou Bacharel
em Direito. Finalmente.” Era o meu amigo Robson, derramando sentimentos de
conquista, de vitória e de euforia no canteiro das palavras. Deixou o recado
completo! Mas as palavras também escondem aquilo que não dizemos, ou guardamos
no movimento das emoções. A luta diária de quem esteve ao seu lado sabe o que
isso significa: um gosto quase secreto de que tentar realizar os desejos da
formação acadêmica custa desafios, suor, energia, lágrimas, acordar cedo e não
saber bem em que direção olhar, etc. Mas são as exigências da vida que
demonstram a grandeza de um homem. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;">Não
desistir nunca, não se acomodar aos ditames das condições não favoráveis,
resistir às tempestades ferozes da imprevisibilidade do caminho, tirar forças
de onde parece não haver, buscar soluções imediatas no solavanco das intuições,
tudo isso faz parte do processo. Mas, “desculpe-me pelo atraso...” Pelo atraso
de quê? Por quê? Seria pela demora de minha resposta à dimensão emergencial de
seu desejo de partilhar uma alegria que conquistamos juntos. </span><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;">Vidas
paralelas, separadas pelo cordão cronológico da biografia individual, se cruzam
nos ambientes sociais da coletividade, porém, cada um no contexto de seu
próprio existir. </span><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;">Então, fiz do “desculpe-me pelo atraso” uma
metáfora de reflexão sobre a vida, toda vida, qualquer vida humana. </span><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;">Ninguém deve pedir desculpas
pelo atraso. Não, pelo atraso da vida, porque n</span><span face="Arial, "sans-serif"" style="color: #201f1e; line-height: 150%;">inguém atrasa na
vida! Na verdade, é ela que nos leva por outros caminhos: pelos caminhos das
incertezas, das inseguranças, do medo invisível que nos assalta, das portas
quase fechadas ao imprevisível! Mas a teimosia dos sonhos, da busca da
realização dos ideais, da esperança alimentada pelos horizontes interiores do
coração, tudo isso vence a insuficiência dos recursos, a letargia do espírito
desanimado, sem motivação, em virtude do esforço de sobrevivência, que não nos
permite desistir jamais. Cada um no seu tempo, com seus limites, com sua
determinação e vontade de vencer; c</span><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;">ada um com seus desafios;
cada um com sua história; cada um com as labutas próprias da sobrevivência
humana, que exige provas de superação e vontade de ir sempre mais adiante, não
obstante todos as adversidades do percurso realizado. Mas olhamos para trás
contentes e agradecidos. De fato, “O retrovisor da história é um espelho que
nos mostra um pouco do que somos. Evidentemente, essa perspectiva é limitada
pela parcialidade com que vemos as coisas e as pessoas. Com efeito, a
luminosidade de uma existência é bem maior do que as sombras eventuais que
acobertam e escondem a plenitude da singularidade de cada ser humano”. (<span style="font-variant: small-caps;">Santos</span>). </span><span face="Arial, "sans-serif"" style="color: #201f1e; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Uns mais
jovens, outros mais velhos, mais avançados nos anos, "os patinhos
feios" da universidade também vencem o preconceito, a indiferença dos
bastardos megalomaníacos do meio acadêmico, a hipocrisia do sistema, a pobreza
de alma e da estatura tacanha dos fidalgos, "filhinhos de papai", que
atravessam os olhos, querendo impedir o sucesso dos aparentemente mais fracos,
desprotegidos, como se "a paridade de armas" não fosse um direito da
justiça social equânime, que deveria se derramar também sobre os que ela pune
já no nascimento, e até mesmo antes de serem concebidos. Nos cantos escuros da
alma, a luz da esperança se acende com mais intensidade diante dos obstáculos,
das intempéries da peleja, dos contratempos da quotidianidade. Na percepção de
Ihering, “A defesa do direito é portanto um dever da própria conservação moral;
o abandono completo, hoje impossível, mas possível em época já passada, é um
suicídio moral”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Estudar direito, como também
tantas outras áreas do conhecimento, é um bom acinte para os gigantes, porque a
ciência alimenta o sonho de todos os espíritos. Contudo, a cosmovisão do
universo jurídico é ampliada pelo emaranhado de leis e vicissitudes sociais
que, dia após dia, estende ainda mais as provocações das conquistas legais na
defesa dos direitos e garantias fundamentais de todos. Desconhecer a Lei não
significa estarmos privados dos direitos que ela nos impõe pela exigência
irrenunciável de sua aplicação e eficácia, derramando-se igualmente sobre os
deveres de fazer o bem e evitar o mal. Ou seja: “comissão” e “omissão” fazem
parte da mesma moeda legal, cujos valores são impingidos para acobertar a
dignidade humana de cada indivíduo na sua singularidade e de todas as nações no
abraço de sua coletividade. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Na história pessoal de cada
um, o preço dos louros é a força bruta das energias gastas no combate desigual.
A solidão das inquietações existenciais, os dramas vividos ao sabor das sadias
altercações jurídicas da academia, o acolhimento dos amigos, a compreensão dos
colegas, a frieza da indiferença, tudo isso ainda concorre para as alegrias da
vitória. A presença em sala de aula, a festividade dos encontros, os olhares
desconfiados dos calouros ou da empatia dos veteranos, o auxílio necessário dos
funcionários, a simpatia, a competência e amizade dos professores, de igual
maneira, foram fundamentais para os passos que fizemos durante o curso. Também
os goles inebriantes da convivência jurídica através das atividades acadêmicas,
dos impasses, da indecisão do comprometimento com o grupo, foram essenciais na
formação. A camaradagem nos botecos do saber, nas pesquisas acadêmicas, na
gestação, pré-natal e nascimento dos TCC’s – ou de artigos científicos – agora
estampam a gratidão da memória pelo que vivemos juntos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Amigos se perderam no
caminho ou morreram. Depois, veio a pandemia que nos roubou ainda mais uns dos
outros, e veio também o desafio das aulas à distância, online. O mundo ficou de
pernas para o ar, e cada um no seu canto, do seu jeito, com suas lamúrias,
tentou encontrar a maneira certa para seguir, sobrevivendo ao caos sanitário
que golpeou a humanidade, enquanto muitos desapareceram do planeta Terra.
Ficaram a lembrança, a saudade doída pelo mal causado pela perda, a vontade de
encontrar novas luzes para resistir ao que estava por vir. Mas vencemos!
Estamos vivos! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;">Hoje, meu amigo é Bacharel
em Direito, e, logo, logo, será chamado de Doutor, com a aprovação no exame e
ingresso na OAB. Outros de seu tempo de universidade chegaram depois, mas a
ninguém devem pedir “desculpas pelo atraso”, porque cada um é senhor de seu
momento, de suas circunstâncias, de suas vitórias. O importante é não parar de
lutar, porque o curso universitário da vida se fecha e se conclui somente na
morte. (PGRS). <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, "sans-serif"" style="line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: helvetica; font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-67020319801063904342021-12-03T09:25:00.006-08:002021-12-03T09:25:37.958-08:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: x-large;">Natal ou lero-lero?</span></span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: x-large;"><br /></span></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVFjJlQr1p3my2-sKHeyh_eOmUtk1HIEESDuJ6vAErgdH8AavQhoGGess8H0XLsNRRQGgw6WP4zapOW2mHFLKa5RBBjf-PxOvtZEMZrUB6B3ND1WW5m7A13ltfw5-uPs_LhccaM1vPTAEu/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="183" data-original-width="275" height="182" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVFjJlQr1p3my2-sKHeyh_eOmUtk1HIEESDuJ6vAErgdH8AavQhoGGess8H0XLsNRRQGgw6WP4zapOW2mHFLKa5RBBjf-PxOvtZEMZrUB6B3ND1WW5m7A13ltfw5-uPs_LhccaM1vPTAEu/w274-h182/image.png" width="274" /></a></span></div><b><span style="font-variant-caps: small-caps; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-family: arial; font-size: medium;"> </span></o:p></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Segundo uma frase atribuída
a Santo Agostinho, “a ignorância é a mãe da admiração”. Certamente, assim, ele
quis dizer que, quando, por alguma eventualidade da satisfação de nossa
curiosidade, descobrimos uma novidade, o sentimento do espírito é de espanto,
de fascínio ou de admiração. Em grego, a palavra certa seria “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">thambos</i>”, uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">estupefação</i>. Trata-se, na verdade, do assombro que nos desconcerta
diante do inevitável desconhecido que assoma no horizonte de nossa percepção e
intelectualidade. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Infelizmente, no mundo
pluricultural em que nos encontramos e vivemos, nem sempre o sentido dos
acontecimentos encontram respaldo e apoio em nossas afirmações. Existe, de
fato, o <span style="font-variant: small-caps;">Natal</span>? A quem ele serve
como luz de inspiração e motivação para mudança de vida? Quais seriam os
elementos ou ingredientes que poderiam nos conduzir à consciência de seu
verdadeiro sentido, não apenas como propaganda de uma religião, mas, sobretudo,
e soteriologicamente, como a fonte da dimensão mais profunda da salvação do
homem, que não se delimita ao horizonte poeirento da terra? Com efeito, não
somos apenas um ser imanente, cuja vida se rasteja no agora destrutível da
transitoriedade do tempo, mas finca suas raízes na perene transcendência do
eterno. Como diria Marie-Louise Guitton: “A vida passa, mas a eternidade
permanece!” Tão triste seria se, de veras, toda a sublimidade da nossa vida na
terra se fechasse na pobreza da materialidade que nos constrange à desilusão e
à crença da tendência da finitude orientada para o caos, para o nada
existencial da potência criacional divina! A expressão é da orelha de uma obra
de Gizelda Morais (1939-2015), “A um passo do esquecimento” (2015), imortal da
Academia Sergipana de Letras: “tudo criado jamais volta a ser nada”. Assim
também é a criatura humana, obra-prima da criação. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Por conseguinte,
diferentemente dos animais irracionais, mesmo se dotados de seus instintos e de
sua maneira de percepção sensitiva, nossa vida – que, na realidade, está ligada
à essência do eu mais profundo – se sobrepõe ao mero acaso da instantaneidade e
se projeta no além transcendental. E é por causa dessa transcendência
exponencial da criatura humana que o Natal tem sentido, que o Natal incide sobre
a necessidade que todos nós temos de um Salvador. Até os ateus, ou agnósticos,
ou descrentes, ou todos aqueles que se debatem na incongruência de suas
especulações sobre o sentido do homem e do mundo, também eles precisam de um
Salvador. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Basta, então, percebemos os
sentimentos que nos invadem o espírito quando o medo da finitude nos assusta!
Quanto tudo aquilo em que julgávamos acreditar esvanece e rui por terra no
vislumbre de nossas aparentes seguranças ou certezas. Como acontecera com
aquele teólogo protestante, que passou a vida inteira falando de Deus e das
coisas do céu, mas que, na hora da morte, disse à sua esposa: “Passei toda a
minha vida refletindo sobre Deus e sobre o além. Agora, porém, não sei mais
nada! Exceto que, até na morte, estarei seguro”. De fato, é no momento extremo
da morte que todas as nossas presunções caem por terra, no chão profundo das
incertezas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Depois desses tempos
sombrios, dos quais ainda não nos libertamos, com o advento de novas variantes
do coronavírus – agora, estamos sendo acometidos pelo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ômicron</i>, cujo nome é atribuído à 15ª letra do alfabeto grego, a fim
de evitar confusões e preconceitos em relação às letras precedentes. Valeria a
pena investigar a curiosidade dessa descoberta! De qualquer modo, o fato é que,
voltando aos trilhos da reflexão natalina, não obstante todos os desafios das
mortes, da saúde, da superação da pandemia, etc. etc., o mundo ainda segue adormecido,
letargicamente mergulhado no nirvana entorpecente de suas presunções egoístas
diante das maravilhas do Pai Criador. Ele é e sempre continuará sendo a
Esperança radical de que precisamos para superar todos os males que nos
afligem, também o da pandemia. Mas preferimos olhar de lado e seguir
indiferentes aos apelos de conversão ao Menino-Deus. Mesmo assim, com toda a
nossa indiferença, o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Natal não é
lero-lero</b>! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Essa expressão – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lero-lero</i> – é muito usada no português
vulgar, para nos referir a discursos do tipo “conversa-fiada”, sem muita
credibilidade. No entanto, nem desconfiamos de que sua origem rebenta no
vocabulário helênico e está presente no Novo Testamento quando do anúncio feito
pelas mulheres na madrugada da Ressurreição de Cristo. Encontramos no Evangelho
de São Lucas, no contexto da aparição do Senhor aos discípulos de Emaús: “Ao
voltarem do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze, bem como a todos os outros.
Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. As outras mulheres que
estavam com elas disseram-no também aos apóstolos: essas palavras, porém, lhes
pareceram desvario [do original grego: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lero</i>,
que significa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tolice</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tagarelice</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">conversa</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fiada</i>], e não
lhes deram crédito”. (Lc 24,9-11). Trata-se, pois, da ação do verbo grego <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lereu</i>, isto é, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">desparatar</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">dizer tolices</i>.
O contexto também esconde o pano de fundo cultural da época, em que as
mulheres, as crianças e os escravos não possuíam valor social, de modo que,
assim, não eram levados muito a sério. Enfim, “não lhes deram crédito!” (Lc
24,11). No entanto, precisou de tempo, para que os acontecimentos fossem
empurrando a alegria da novidade da ressurreição de Cristo no coração dos
discípulos. E eles acreditaram: “Vimos o Senhor!” (Jo 20,25). Não era <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lero-lero</i> daquelas mulheres eufóricas
diante da inaudito mistério do Ressuscitado. Portanto, o Natal do Senhor também
não é lero-lero. É Deus, sempre de novo, perseverantemente, batendo à porta do
mundo e do nosso coração com desejo de se fazer presença, consolação, esperança
e, sobretudo, <span style="text-transform: uppercase;">salvação</span>. Porque
Ele é o Salvador! <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Olhemos para as necessidades
da nossa alma, para as carências do nosso espírito, do espírito do nosso tempo,
dos anseios da humanidade cansada de tatear em vão as satisfações mais
intrínsecas e espirituais de seu ser mais profundo. Olhemos para as perdas
cotidianas de pessoas, de amigos, de empregos, de dignidade humana, de sonhos,
de ideais, de realizações... <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Olhemos para a pobreza da
manjedoura de Belém onde nasce para todos nós a grandeza da Salvação na
vulnerabilidade de um infante, impotente, dependente, mas que é o Senhor
Todo-Poderoso, Criador e Salvador do Céu e da Terra, de tudo o que existe.
Amém. (PGRS). </span><span style="font-family: Arial, "sans-serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-1533393573067132472021-09-26T21:23:00.005-07:002021-09-26T21:28:12.301-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps;"><span style="font-size: large;">A morte do meu amigo cardeal
Freire Falcão <o:p></o:p></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXPutGf-Y2_TPMQre61mAzcpcRG10wKVeuOuqpqqeqixFXM4h0-1fzH3ZKLgcwyMacR0QIiPSPQZzNp0NUY6v1zkjJ0WIAF2x07hDxqbT_Dye2m-PCOA-QKPjJoVfMbjmijaT9yEmn-YSL/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1072" data-original-width="1000" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXPutGf-Y2_TPMQre61mAzcpcRG10wKVeuOuqpqqeqixFXM4h0-1fzH3ZKLgcwyMacR0QIiPSPQZzNp0NUY6v1zkjJ0WIAF2x07hDxqbT_Dye2m-PCOA-QKPjJoVfMbjmijaT9yEmn-YSL/w305-h326/image.png" width="305" /></a></span></div><span style="font-size: medium;"><br /></span><p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps;"><span style="font-size: medium;">(1925-2021) <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">Na passagem pela vida, também juntamos amigos
e conquistamos amizades, de modo que, durante a temporada em Brasília, uma das
figuras de quem me aproximei bastante foi a do Cardeal Dom José Freire Falcão (1925-2021).
Foi mais um que perdemos por causa das complicações com a Covid-19. Que ironia!
Viver, viver, para morrer em razão dessa pandemia triste! Aparentemente tímido
como uma criança, era mais lúcido do que muitas inteligências juntas. Raramente
ele ia ao seminário, mas cada vez que ia, levava novidades do Vaticano e
refletia sobre acontecimentos pontuais da vida da Igreja. Muito espontâneo e
espirituoso, dava seus recados diretamente, sem tergiversação. Também era amigo
de Dom Luciano Duarte. Certa ocasião, os dois foram convidados pelo Cardeal francês,
Paul Poupard, para uma conferência em seu apartamento onde se hospedaram por
alguns dias. No final, Dom Falcão recebeu um pacote, pensando que fosse um
presente, e se dirigiu a Dom Luciano, dizendo ter ganhado um presente do
cardeal francês. Então, Dom Luciano foi taxativo: “Aprenda uma coisa Dom
Falcão: francês não dá presente a ninguém”. Quando Dom Falcão abriu o pacote,
encontrou a conta da hospedagem para pagar, o que, depois, virou motivo de
galhofa. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">Em Brasília, Dom Falcão me conferiu o
ministério de Leitor, no dia 23 de março de 1997, na capela de sua casa, no
Lago Sul, onde morava. Sempre muito bem disposto e acolhedor, também era muito
desconfiado com tudo. Recebi o referido ministério durante a celebração de uma
missa, na presença de seminaristas, amigos e outros convidados. Dom Falcão mo
conferiu com a devida autorização de Dom Luciano Duarte, que lhe enviou a
chamada “carta dimissória”. Naquele dia, um amigo se colocou debaixo da imagem
de São José, de quem o Cardeal era muito devoto. Mas assim que ele adentrou no
recinto e o viu, gritou: “Hei, você, cuidado com o meu São José! Saia, saia
daí!”. Ao que o meu colega se defendeu, dizendo: “Eu também sou devoto, Dom
Facão!”. E o Cardeal disparou: “Pior! Pior ainda!”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">Certa ocasião, ele foi presidir a uma missa no
mosteiro de São Bento, também no Lago Sul, e pensava em permanecer para o jantar.
No entanto, escutei-o de dentro de uma cabine telefônica, dizendo: “É da
polícia? Aqui é o Cardeal Dom Falcão. Por favor, venham me buscar, porque estão
querendo me matar!”. Logo depois, ele foi embora escoltado pela polícia. Algum
tempo depois, eu precisei ir à sua casa, com a intenção de organizar a missa
durante a qual ele me conferiria o ministério de leitor. Então, ao se aproximar
da janela de seu quarto, no primeiro andar, ao me avistar, ele me perguntou:
“Era você que estava querendo me matar?”. Claro que se tratava de uma
brincadeira aquela pergunta, mas respondi que não: “Imagina! Eu, querer matar
um cardeal?”. E, assim, na tranquilidade do expediente recreativo, ele me
recebeu para conversarmos. Mas, de fato, depois eu conheci um padre brasileiro,
recém-chegado à Arquidiocese de Brasília, com tonsura na cabeça, à moda dos
filmes americanos quando tratam de religiosos. Acabara de chegar da Suíça e
possuía um sotaque carregadamente marcado por acento francês, e era ele quem
queria, a todo custo, ser recebido pelo cardeal na arquidiocese. Como o cardeal
não o conhecia, certamente, não se sentiu à vontade para acolhê-lo. Daí a
confusão, mas ele parecia muito estranho e não se parecia comigo. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">As curvas da vida nos fazem refletir sobre o
nosso próprio destino de reencontros e amizades. Muito tempo depois de já ordenado
sacerdote, morando em Roma, minha amizade com Dom Falcão se fortaleceu, de modo
que, mesmo se tornando emérito, sempre me recebeu em sua casa para refeições,
ao sabor de um bom vinho importado. Um dia, quando acabou o almoço, ele chamou
o motorista e disse: “Vá levá-lo em casa, senão ele fica para o jantar!”.
“Cardeal sovina”, eu dizia, “negando jantar a um padre!” Todos ríamos, mas essa
era a sua espontaneidade. E eu também me sentia muito à vontade com ele. Na
ocasião em que recebeu o governador do DF, no finalzinho de uma tarde,
despediu-o desse modo: “Está na hora de eu rezar as vésperas. Vocês precisam ir
embora!”. Era uma espontaneidade sadia, não ofendia nem feria ninguém, e todos
o entendiam. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span face="Arial, sans-serif">No embalo de nossas conversas, um dia, eu quis
saber sobre seus livros, porque não era escritor – ele, que escrevia tão bem no
folheto “Povo de Deus”, o folheto das celebrações litúrgicas da Arquidiocese – e
ele me revelou algo que considerei fantástico. Seu primeiro livro fora
publicado com o pseudônimo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sacerdos </i></span><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps;">–
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span face="Arial, sans-serif">O Homem integral e o Estado integral (uma
introdução à filosofia de Plínio Salgado)</span></i><span face="Arial, sans-serif">, </span><span face="Arial, sans-serif">porque tinha
medo se ser acusado de integralista, na época da ditadura no Brasil, e ser
preso. Essa descoberta me custou dinheiro, porque, depois, para comprovar o
fato, eu comprei toda a coleção de três volumes de filosofia no Brasil, de
autoria de Jorge Jaime (da Academia Brasileira de Filosofia), Volume 2, 2ª.
Edição, publicado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Centro
UNISAL) e pelas Vozes, do ano de 1997. Esse autor fazia um comentário,
considerando a obra o melhor resumo jamais lido sobre o pensamento integralista
de Plínio Salgado, e, numa nota de rodapé, se perguntava sobre a probabilidade de
o livro ser de autoria de Dom Helder Câmara (1909-1999). Embora o
questionamento seja procedente, agora o fato merece a devida referência autoral.
Espero que a história faça justiça à memória do verdadeiro autor: Dom José
Freire Falcão. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">Falei a Dom Falcão que iria procurar o autor
da obra filosófica ou a editora para registrar e corrigir a dúvida ou o
equívoco da referência. E ele, rápido na intuição como sempre, desferiu: “Não,
não! Eu não morri ainda não!”. Como se quisesse dizer: “Só depois que eu
morrer!”. Na verdade, o pensamento da morte sempre o afligia, mas ele o
aceitava de maneira espirituosa. Amiúde, ele dizia que estava entre aqueles de
quem Cristo dizia: “Alguns dos que aqui estão não provarão a morte até que
vejam o Filho do Homem vindo em seu Reino”. (Mt 17,28). E eu afirmava, no mesmo
ritmo: “Vá pensando, Dom Falcão, que eu irei junto com o senhor. Não vá embora
sozinho, não!”. No seminário maior, vez por outra, ele confessava aos
seminaristas: “Meus amigos estão morrendo todos, e eu estou ficando com medo!”.
<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">Muitas histórias engraçadas, ditas com a já
mencionada espontaneidade que lhe era peculiar, eu ouvi de Dom Falcão nas rodas
de conversas em Roma e em sua própria casa. Eu morria de rir, e os seus amigos,
que o acompanhavam diziam: “Esse padre é doido? Está mangando do cardeal”. Ele
ria comigo, e eu afirmava: “Não se preocupem! O Cardeal é meu amigo, e já me
conhece há muito tempo”. Em 2005, quando morreu São João Paulo II, que o fizera
cardeal, ele fora chamado para o conclave que elegeu o Papa Bento XVI. No dia
do funeral de João Paulo II, 8 de abril daquele ano, eu estava chegando de
Israel, depois de passar o dia visitando a acrópole de Atenas, na Grécia. A
cidade havia sido tomada por milhares e milhares de pessoas do mundo inteiro,
de autoridades políticas e religiosas, que vieram se despedir do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Magnus</i> Papa. Havia chovido muito, mas, à
noite, muitos visitantes já haviam deixado a Cidade Eterna. A urbe estava
tranquila, e, ao me aproximar do Colégio Pio Brasileiro, onde eu morava desde
agosto de 2002, Dom Falcão foi a primeira pessoa que encontrei no portão da
casa. Ele também estava recém chegado de Israel para o conclave. Depois das
emoções da eleição de Bento XVI, os cardeais que estavam presentes no Colégio
Pio Brasileiro, entre os quais estava o meu amigo cardeal, se apresentaram para
uma conferência, com o propósito de que cada um expusesse suas impressões, seu
ponto de vista. Dom Falcão, direto e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tranchant</i>
como sempre se demonstrou, falou pouco, mas disse: “Eu não queria que o papa
morresse, não. Mas, se eu morresse sem participar de um conclave, eu iria
morrer muito frustrado!”. Algum tempo antes, ele já havia dito que, no ocasião
em que fora feito cardeal, em 1988 – quando eu era apenas um jovem seminarista
menor, e nem o conhecia ainda – o chefe das cerimônias pontifícias asseverara o
seguinte: “Vocês, novos cardeais, nem pensem em participar de um conclave,
porque esse papa, aí, vai longe! Ele vai conduzir a Igreja até depois da virada
do milênio”. E concluiu: “Ele quase acertou!”. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;">Na verdade, com a idade limite de 80 anos para
ter direito a voto no conclave, Dom Falcão já estava com 79 anos e seis meses.
Ou seja, estava quase no prazo de validade! Faltavam seis meses apenas. Mas que
bom que ele conseguiu. Inclusive, em Roma, uma jornalista lhe perguntou se ele
não seria candidato ao papado. Sua resposta ferina e imediata não poderia ter
sido mais clara e virulenta do que a própria perguntada da repórter: “Pois é,
não é? Todos os cardeais do conclave somos candidatos!”. Uma resposta fina para
uma jornalista imprevisível. <o:p></o:p></span></span></p><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;"></span></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxP7XU1tz1oGLtg95FuxH1FwT6kuFjrbJmMh71Al6C1MoZj_MQWudy-5om9GkmLLk2vJdEn5ym_RKGzx4oCehCWY4jVvffnYv-4IRPsm_vBpwU0o4AmVjKaINxZjes2tvnkThmq4pmA4aj/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="600" data-original-width="900" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxP7XU1tz1oGLtg95FuxH1FwT6kuFjrbJmMh71Al6C1MoZj_MQWudy-5om9GkmLLk2vJdEn5ym_RKGzx4oCehCWY4jVvffnYv-4IRPsm_vBpwU0o4AmVjKaINxZjes2tvnkThmq4pmA4aj/" width="320" /></a></span></span></div><p></p></blockquote>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="background: white;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="background: white;"><span style="font-size: medium;">Sobre a sua nomeação para ser
arcebispo da Arquidiocese de Brasília, entra em cena a história de um
“visionário”, que o profetizara. Ele contou que sabia do fato de que, um
cidadão do interior do Ceará, dizia tê-lo como o candidato mais provável para
suceder Dom José Newton em frente ao pastoreio da Capital Federal. E o próprio
Dom Falcão reconhecia não estar entre os mais cotados. Todavia, segundo a
afirmação do visionário, seria ele mesmo, porque o então mais cotado estava
muito doente e iria “morrer louco”, isto é, sem o devido domínio das faculdades
da razão. Dom Falcão sabia da existência do vaticinador, soube do relato –
também não sei quem lho contara – e, a partir daquela ciência, declarou que
gostaria de, um dia, encontrar-se com o sonhador. Algum tempo depois, ele teve
a oportunidade do encontro, embora o sujeito já se encontrasse cego. Por
ocasião da visita, nas palavras do próprio Dom Falcão, “ele me reconheceu como
sendo aquele da visão”. Era um homem simples, piedoso, que fora tomado por
aquela percepção interior sem ter maiores explicações para tal fenômeno. Para
Dom Falcão, tratava-se de um “santo”, daqueles que, como na expressão de
Jacques Maritain, “nunca seriam oficialmente canonizados”. No entanto, Dom
Falcão contou-nos outro fato curioso sobre a morte desse cidadão. Ele gostaria
de ser enterrado na sua terra natal, mas era muito pobre e não teria condições
de realizar o desejo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">post-mortem</i>. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="background: white;"><span style="font-size: medium;">Alguém levou seu codicilo ao
conhecimento de Dom Falcão, que prontamente se responsabilizou pelas despesas na
ocasião do velório e do enterro ainda por virem. No entanto, tudo combinado,
aquele que recebera a incumbência da inumação foi, fez tudo segundo a vontade
do morto, mas, voltando para casa, no mesmo dia, sofreu um acidente e morreu,
de modo que Dom Falcão não soube mais onde o vidente fora sepultado. Ao
narrar-nos o acontecido, Dom Falcão externou o seguinte anelo: “Eu gostaria que
ele me visitasse num sonho, para me dizer onde foi enterrado, e eu poder
visitar o seu túmulo”. Do jeito que Dom Falcão tinha medo da morte e dos
mortos, eu gritei: “Não chame, não, Dom Falcão, que ele vem. E o senhor morre só
de medo!”. De fato, grande era a sua consideração e estima pelo suposto vidente
que se escondeu do mundo sem dar ao arcebispo a localidade de onde repousam
seus restos mortais. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="background: white;"><span style="font-size: medium;">Dom Falcão parecia uma
criança contando suas peripécias aos amiguinhos. De uma naturalidade tão
espontânea, que poderíamos confundir entre ingenuidade e simplicidade mesmo.
Quando, por exemplo, Bento XVI quis visitar a Turquia, em 2006, Dom Falcão
esteve em Roma e disse: “Ele é muito corajoso! Se eu fosse ele, eu não iria
não. Lá no Brasil, os videntes estão dizendo que ele pode ser assassinado”. De
fato, a conjuntura sócio-política não parecia favorável à sua presença no país
naquele momento, sobretudo, porque ele, ainda cardeal, se declarara contra o
ingresso da Turquia na Comunidade Europeia. Talvez, desejando desfazer o
mal-entendido, assim que chegou em Ancara, ainda no aeroporto, fez questão de
afirmar que estaria totalmente de acordo em relação à entrada do país de
maioria muçulmana na União Europeia. Todavia, Dom Falcão foi tirar sua dúvida
sobre a iminência do que preanunciavam os videntes brasileiros num túmulo que,
segundo ele, começava a gotejar se, porventura, o papa estivesse perto de
morrer. Parece hilariante – realmente eu ri bastantes também – mas o meu amigo
Cardeal se saiu com essa: “Na Basílica de São João do Latão, há um túmulo de
onde começa a escorrer água quando o papa está perto de morrer. Eu fui lá,
passei a mão, e estava tudo enxutinho, enxutinho!”. E eu brincava com ele,
dizendo: “Nosso amigo cardeal é supersticioso”. Era o modo divertido de como
ele sempre se demonstrava brincalhão diante de coisas sérias para as quais o
espírito humano, frequentemente, não consegue se adequar para a serenidade luminosa
de sua autoconsciência. Com efeito, na bruma das nossas certezas, o fenômeno da
morte “é o mistério que abraça a nossa consciência e nos confere o selo radical
da nossa solidão mais profunda. Cada um vive a sua própria morte como fonte de transformação, na esperança da imortalidade”. (<span style="font-variant: small-caps;">Santos</span>). Descanse na Paz do Senhor, meu amigo! (PGRS). </span></span><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Calibri;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Calibri;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; margin: 6pt 0cm 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face=""Arial","sans-serif"" style="font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: Calibri;"><o:p> </o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-60435078987431058382021-08-21T09:46:00.005-07:002021-08-21T12:38:15.819-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Pe. Luiz Lemper
e o sonho Missionário <o:p></o:p></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><o:p><span style="font-size: medium;"></span></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdBpyuAuyJxdvdZk5AHIG2PnaQWuwfgCIauHq9iCMsq1ARINzISj113Qfcsr5YlbNSsAzQkTqaHk8Asj4zgcYx7gDxnfp3-9Ju7ohM4CZauOstmZnSiOZSMJg-0fqjQnOCQ5hSIvL-KIw9/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="171" data-original-width="257" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdBpyuAuyJxdvdZk5AHIG2PnaQWuwfgCIauHq9iCMsq1ARINzISj113Qfcsr5YlbNSsAzQkTqaHk8Asj4zgcYx7gDxnfp3-9Ju7ohM4CZauOstmZnSiOZSMJg-0fqjQnOCQ5hSIvL-KIw9/" width="320" /></a></span></div><p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">(1937-2020) <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;">Ninguém
sabia, mas eu vou dizer: </span><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;">Eu teria sido o primeiro vigário paroquial do
Pe. Luiz Lemper, assim que fui ordenado sacerdote em 1998. Digo isso para
recordar, com gratidão a Deus o dom de sua existência no primeiro ano de seu
falecimento. Na verdade, aportando em terras brasileiras em 1974, quando eu
tinha apenas 4 anos de idade, vindo da Alemanha, seu apostolado se desenvolveu
na grande e imensa dimensão territorial da Arquidiocese de Aracaju, que se
estendia desde a Praia 13 de julho à região sul da Capital, como Atalaia,
Farolândia, Santa Tereza, Santa Maria, Mosqueiro, Robalo, Terra Dura, entre
outras naquela direção. Era a Igreja menina da Arquidiocese que se tornava mãe
de muitas paróquias sob o olhar sereno e evangelizador de seu pastoreio. Desse
modo, foi que aquelas freguesias de sua missão se tornaram também focos de
evangelização e centros comunitários de experiências eclesiais. <span style="font-variant: small-caps;"><o:p></o:p></span></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-size: medium;"><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;">O fato é que as vicissitudes
da Igreja particular de Aracaju havia inicialmente me indicado para ser o seu
vigário paroquial. Contudo, os ventos da história fizeram-me desembarcar em
Rosário do Catete. Na ponta daqueles acontecimentos estava o então pároco da
catedral, o Pe. Gilson Garcia, que era o elo mais imediato da comunicação
arquidiocesana, porque o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">summus episcopus</i>
estava viajando. De fato, </span><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;">eu ainda era diácono e, um dia, fui à Catedral
Metropolitana para participar da Santa Missa, que seria presidida pelo, então,
Cônego Gilson Garcia de Melo. Na catedral, na hora do abraço da paz, ele se
dirigiu a mim e me disse, sem cerimônia: “Paz de Cristo, meu Pároco!”. Claro que
entendi o recado, e pensei: “Ele é filho de Rosário do Catete. Logo, não seria
novidade nenhuma eu ir trabalhar naquela cidade do interior do Estado”.
Evidentemente, essa ideia me veio porque, em outra ocasião, ele me havia feito
um questionamento suspeito, a pedido do Arcebispo, que se encontrava na Europa
e lhe pediu que me consultasse: “O que você acharia se fosse trabalhar numa
pequena cidade do interior do Estado? Ou será que você só poderia se sentir bem
no meio da intelectualidade?”. Sobre o ambiente “da intelectualidade”,
compreendi que ele se referia ao Seminário Maior, que deveria ser um ambiente
de cultura, um laboratório de intelectualidades, enquanto casa de formação,
onde eu havia morado durante onze anos, quatro em Aracaju e sete em Brasília,
antes de tornar-me sacerdote. Dentro do espaço dialético, aconteceu um fato
curioso: o Chanceler do Arcebispado telefonou-me para dizer que eu não iria
mais para a Terra Dura, conforme a solicitação do Arcebispo. Destarte, mesmo
ciente de que não iria mais para aquela localidade, fui conversar com o Padre
Luiz Lemper para ver as questões sobre o dia da apresentação e dos trabalhos na
Paróquia. Isso aconteceu pelo fato de que ele era membro do Conselho
Presbiteral da Arquidiocese e não sabia das mudanças acontecidas nem eu poderia
contar-lhe, a fim de evitar desnecessários aborrecimentos. Diante das novas
conjunturas daquele momento, no dia 21 de fevereiro, fui empossado em Rosário
do Catete. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Em Aracaju, existe um
conjunto com o seu nome: Conjunto Padre Luiz Lemper. Trata-se de uma digna
homenagem ao grande empreendedor da evangelização numa vasta região da
arquidiocese. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Segundo o Pe. Videlson Teles,
o sonho missionário do Pe. Luiz Lemper nasceu com a ordenação sacerdotal, por influência
de uma amigo franciscano, Frei Afonso Schumaker, também sacerdote, que viria às
Terras de Santa Cruz. Filhos da mesma cidade e povoado germânico. No entanto, por
exigência do seu bispo, a concretização aconteceu dez anos depois, quando,
enfim, ele pôde aportar em terras latino-americanas. Veio, então, para o Brasil,
vivendo as estações missionárias em Aracaju. Chegou de navio, ao Rio de Janeiro.
Aqui fora acolhido por Dom Luciano Duarte (1925-2018), que possuía uma visão eclesiológica
mais universal dos desafios pastorais. Ao chegar, assumiu a Igreja São Pedro e São
Paulo, no Bairro Praia 13 de Julho. Como missionário, abriu o caminho das paróquias
abraçadas pela extensão territorial até o Mosqueiro, que hodiernamente contempla muitas paróquias. Trabalhou também para os pobres, construindo casas;
contribuiu na formação de leigos e leigas, sobretudo catequistas; edificou a
casa de retiro da Santíssima Trindade no Povoado Areia Branca, onde são realizados
encontros de formação e retiro espiritual para vários grupos eclesiais. Ao longo
desse tempo, demonstrou-se incansável no pastoreio por onde passava. Para muito
do sonho missionário de construção e edificações de capelas e igrejas, ele
contou com a ajuda de recursos financeiros trazidos da Europa. Foi um homem de Deus,
de oração, bastante presente na vida das comunidades. No final dos seus dias,
foi transferido para sua terra natal, em 2014, onde viveu a última etapa de sua
vida terrestre. Faleceu, portanto, em 2020. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">Na verdade, a Igreja no Brasil
sempre foi muito bem assistida e favorecida com a presença de muitos sacerdotes
estrangeiros, num tempo em que as vocações sacerdotais e religiosas eram
escassas, também na Arquidiocese de Aracaju. Esses homens, com tantas mulheres também
generosas no âmbito da missão, precisam ser lembrados pela generosidade com que
entregaram sua vida às comunidades cristãs católicas. A memória deve ser um
tributo da consciência ao mérito dos aventureiros da cristandade. Mas
infelizmente nos esquecemos disso com facilidade. Inúmeros missionários na arquidiocese
deram a vida pelo chão batido da incipiência evangelizadora. Hoje, olhando o
horizonte eclesial que nos golpeia, não podemos nos esquecer de que seus
albores não foram frutos da nossa boa vontade ou doação exclusiva. A história é
um crescendo pela qual passamos, talvez, semeando a nossa colaboração, mas ela
segue adiante, vinda do ontem, contemplada no agora, que escoa para os atos
constitutivos do futuro. Ela não é mérito somente nosso. Seria egoísmo demais pensar assim. Os ciclos avançam linearmente na cronologia dos fatos, mas, cada
um, ao seu modo, ao nível de sua generosidade, põe os tijolos efetivos da construção
material e espiritual da Igreja viva do Senhor. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: medium;">O Pe. Luiz Lemper é apenas
um modelo, um exemplo, de tantos outros, italianos, franceses, belgas, austríacos,
espanhóis <i>et alii</i>, que chegaram até nós
atravessando por mares “nunca d’antes navegados”. Aqui, eles plantaram a marca
da sua doação, da sua entrega ao serviço discreto da evangelização. A todos,
enfim, na pessoa do sacerdote de quem fazemos tempestiva memória, o tributo de nossa
gratidão, do nosso reconhecimento. (PGRS).</span></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-55123933541996050802021-08-04T07:36:00.001-07:002021-08-04T07:36:16.024-07:00<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="font-variant: small-caps; line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">No dia do Padre, lembramos o Pe. Gilson
Garcia </span></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0jlrf9SdLqp_-d2ehmDHqg2zSsOotOnUIbFlFbtw5hupDctOV6o6CLdu4ZxObmt_FmG-x9p1JlNiPbrK5LDH3MSv5Q8ZzJ902K27mY0G9zs8mR5i4O4K_gjp1P2HTmf71MU0JgxELbwbe/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="270" data-original-width="190" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0jlrf9SdLqp_-d2ehmDHqg2zSsOotOnUIbFlFbtw5hupDctOV6o6CLdu4ZxObmt_FmG-x9p1JlNiPbrK5LDH3MSv5Q8ZzJ902K27mY0G9zs8mR5i4O4K_gjp1P2HTmf71MU0JgxELbwbe/" width="169" /></a></span></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">História que não é contada também pode não se tornar conhecida. É, pois,
com esse sentimento de investigador que eu gostaria de apresentar ao ilustre
leitor traços da personalidade e da existência do Padre Gilson Garcia de Melo
(1936-2020), sacerdote, filho de Rosário do Catete, em Sergipe, e, portanto, da
Arquidiocese de Aracaju, onde exerceu a maior parte do ministério sacerdotal. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O retrovisor da história é um espelho biocronológico que nos mostra um
pouco de quem somos. Evidentemente, essa perspectiva é limitada pela
parcialidade com que vemos as coisas e as pessoas. Com efeito, a luminosidade
de uma existência é bem maior do que as sombras eventuais que acobertam e
escondem a plenitude da singularidade de cada ser humano. Desse modo, com a
possibilidade da interpretação dos eventos históricos e, por isso mesmo, dos
fatos propriamente humanos, podemos correr o risco das incertezas, das
informações penetradas por brechas incompreensíveis da totalidade do indivíduo,
o que, de alguma maneira, poderia ainda nos deixar à margem do que, de verdade,
intencionamos dizer ou abordar da vida e da existência do homenageado. Mas a
vida é sempre maior do que ela mesma, sobretudo, no sentido do que conseguimos
abraçar da sua substância no jardim das palavras, no canteiro das emoções
vistas por terceiros e, também, pela superfície que o horizonte de nossas
percepções pode atingir ou alcançar. Contudo, não obstante o véu temporal que
nos limita as fronteiras do conhecimento do outro, isso não nos impede o ensaio
ou o esforço de recordação das folhas caídas de sua vida. Mais do que isso: de
fato, nossa intenção mais premente é também orientada pelo desejo de não
abandonar ao esquecimento vulnerável da nossa memória a envergadura de uma das
personalidades da Igreja em Sergipe, de trânsito livre pelas dioceses da
Província Eclesiástica de Aracaju – Dioceses de Propriá e Estância – inclusive,
muito consultado e recorrido para tradução de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">bulas</i> e textos latinos, por causa da formação linguística que
possuía. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Desse modo, a concretização do pensamento, passando por estágios de
elaboração e envolvimento existencial, quer trazer também perspectivas
filosóficas e antropológicas próprias da essência humana. Nesse contexto, a
morte é apenas o pano de fundo que reflete a hermenêutica da argumentação,
porquanto o sentido da morte, ou o que nos espera depois dela, pode ser
contextualizado somente por figuras ou imagens sombrias, não muito
compreensíveis na sua totalidade, como num quadro escuro sombreado de luz, que
mais esconde do que nos revela a consciência temporal do nosso ser. Esse é um dos
aspectos da reflexão panegírica, mas não o único. Por isso, numa dimensão mais
misteriosa do ponto de vista do âmago do sacerdócio, que transcende as
barreiras do aparentemente perceptível às nossas emoções, também gostaríamos de
adentrar no mérito da grandeza do ser sacerdotal, como quis e o desejou o
próprio Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eterno
Sacerdote e Eterna Vítima</i>. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Portanto, o texto quer ser também uma oportunidade de reflexão e
amadurecimento eclesial sobre a figura do sacerdote, que não é anjo, nem santo,
nem demônio – na verdade, um pecador entre os pecadores – mas que está
revestido da caridade de Cristo – <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Caritas</i>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Christi</i> – para o bem do povo de Deus.
Com efeito, é a Palavra de Deus que o afirma: “Porquanto todo sumo sacerdote,
tirado do meio do homens, é constituído por Deus em favor dos homens em suas
relações com Deus. A sua função é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados”.
(Hb 5,1-2). Infelizmente, muitas vezes, essa percepção é obscurecida por vislumbres
humanos, que parecem falar mais alto, enfraquecendo a plenitude do dom
sacerdotal. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O zelo pastoral, por exemplo, com que o pastor das ovelhas deve conduzir
o rebanho, é uma dimensão importantíssima, especialmente, quando vivemos num
mundo pluricultural em que, muitas vezes, vozes dissonantes da verdade do
Evangelho tentam contradizer a profundidade do seu fundamento e da sua vinculação
à vivência cristã. Por isso, a centralidade da luz de Cristo ganha força e
exigências inescusáveis diante do papel do pregador. A expressão é do Papa
Bento XVI: “Sem a luz de Cristo, a luz da razão não é suficiente para iluminar
a humanidade e o mundo”. (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Apud</i> <span style="font-variant: small-caps;">Rowland</span>, 2013, p. 36). O papa tem
consciência de que, sem Cristo, o caminho da humanidade é marcado por tragédias
e barbáries que descaracterizam, ao extremo, a sublimidade da pessoa humana e
da sua dignidade, porque Ele deve ser o centro gravitacional de toda aspiração
quanto às realizações também humanas. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Antes de concluir as páginas que intitulei de <i><span style="font-variant: small-caps;">Mors principium immortalitatis</span></i>
– <i>a morte é o princípio da imortalidade</i>
– inspirado num pensamento de Maximilien de Robespierre, teci alguns
comentários sobre a realidade efêmera da vida humana, isto é, a transitoriedade
de tudo que <i>passa</i> no escoadouro do cronos.
Assim, talvez o fio esgarçado do tempo cure as feridas da saudade. E “A saudade
é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo”. (<span style="font-variant: small-caps;">Alves</span>, 2011, p. 146). Saudade do que não vivemos em
plenitude! Saudade que nos devolve, no sentimento da gratidão, a grandeza da
existência humana na terra, que transcende para a eternidade. </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-1102026808468727825.post-34727463119486394012021-07-19T12:04:00.001-07:002021-07-19T12:04:33.422-07:00<p> <span style="background-color: white; font-family: arial; font-size: large; font-variant-caps: small-caps; text-align: justify;">Ela tinha o rosto simples
da caridade...</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><o:p><span style="font-family: arial; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRXTBAjRvfGzqk_z_qFgyAxmAmoZr7Z5R8_sNJAxRx_DgtxazkwsfJ2MCgYrJEx3iGWWtCc8cDHFgVvRnumiIlIrHDtbzcxVM2IxHQr4IbE_gMz0xTa0-ogsc3HZ4wP4hzuWDAT-E99X8Q/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="560" data-original-width="523" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRXTBAjRvfGzqk_z_qFgyAxmAmoZr7Z5R8_sNJAxRx_DgtxazkwsfJ2MCgYrJEx3iGWWtCc8cDHFgVvRnumiIlIrHDtbzcxVM2IxHQr4IbE_gMz0xTa0-ogsc3HZ4wP4hzuWDAT-E99X8Q/w274-h293/image.png" width="274" /></a></span></div><span style="font-family: arial; font-size: medium;"><br /><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><o:p><span style="font-family: arial; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Hoje, nossa celebração é para lembrar
a vida e a memória da senhora Josefa Elvira de Jesus – carinhosamente conhecida
como Dona Zelita (1931-2021) – com sentimento de louvor e gratidão a Deus pelo
dom da sua existência. E nada mais significativo e grandioso do que estarmos
aqui, na Igreja Jesus Ressuscitado, que ela ajudou a construir, com a sua
família, e à qual ela também serviu como Ministra Extraordinária da Eucaristia,
tocando o corpo do Senhor, sobretudo quando para entregá-Lo aos irmãos da
comunidade paroquial. Enquanto pôde, sempre esteve presente nas atividades
eclesiais e além fronteiras, em grupos de oração, na edificação espiritual e
material de espaços para a evangelização, no serviço aos pobres e na transmissão
da fé pelo testemunho de sua presença fiel e discreta por onde se encontrava. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O tempo e a idade são desgastes
naturais por que todos devemos passar, alguns com mais vigor físico e
espiritual, outros com a carência própria das forças vitais que ainda albergam
o seu corpo. Mas os sinais do espírito e a sensibilidade da alma, especialmente
nos meandros da psicologia humana, são fortalezas que carregamos conosco até o
fim dos dias. Tal clarividência ou constatação seguiu nossa amiga até seus
últimos dias. Pela longevidade dos dias, dos meses e dos anos, trata-se de uma
graça especial de que poucos são dotados pela benemerência sobrenatural,
divina. O esvair-se da condição corpórea da humanidade é uma questão que sempre
nos faz pensar e refletir sobre a brevidade da existência, por mais duradoura
que seja a chama bruxuleante da sua vulnerabilidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">É o salmista quem nos ensina, com lucidez e
convicção profundas: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">O homem! ... seus dias são como a erva: ele
floresce como a flor do campo; roça-lhe um vento e desaparece; e ninguém mais
reconhece o seu lugar. (Sl 103,15-16). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">A bondade é uma virtude dos
corações generosos, abnegados e desprendidos diante das necessidades do próximo.
Se o resumo de uma vida se fecha no horizonte da morte, igualmente faz
resplandecer nas entranhas do mundo o altruísmo e a brandura de suas ações
entre os vivos. Assim foi a passagem de Dona Zelita no meio de nós, cujo
testemunho de amor e de fé, sombreado pela caridade fraterna, se derrama
sobejamente no canteiro florido de seus gestos, deixando um bonito legado para
muitas gerações. Aparentemente pequena na estrutura física, discreta,
demonstrava-se gigante na compreensão dos valores cristãos e evangélicos quanto
ao serviço dos irmãos. Baluarte da firmeza matriarcal, mãe da comunidade,
sensível às carências materiais de muitos, alimentou a muitos colaborando com o
Pe. Ednaldo no "banquete dos pobres". Ajudou a construir a Igreja de
seu bairro, Jesus Ressuscitado, patrocinou eventos alhures e cultivou um carinho
especial pelos padres que conheceu. De fato, ele teve um irmão padre, o Mons.
Juarez, de quem se recordava com distinção e apreço. Aliás, ela sempre
demonstrou um carinho, qual dom de gratuidade, por todos os padres que conheceu
durante sua história eclesial. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Ouvi uma frase num filme que
dizia, mais ou menos, assim: "entre o começo e o fim da existência, entre
a data do nascimento e da morte, existe um traço e é justamente esse traço o
que faz a vida valer a pena". E poderíamos dizer que, filosoficamente, ele
comporta todo o conteúdo da essência de quem fomos e de quem seremos na memória
dos vivos. Assim também foi com Dona Zelita! Sua vida foi vivida como uma vida
que valeu a pena ser vivida! Não obstante a redundância ou o pleonasmo
vocabular, a frase expressa outra dimensão do significado da vida e da morte de
um ser humano, segundo a sabedoria bíblica que afirma: “Mais vale a fama do que
o óleo fino; o dia da morte [mais] do que o dia do nascimento”. (Eclo 7,1). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Na compreensão de Wiersbe, um
estudioso da Sagrada Escritura, “A ideia de Salomão era que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nome</i> que você recebe quando nasce é como
um unguento perfumado, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">e você deve
mantê-lo assim até o dia de sua morte</i>. Quando você nasceu e recebeu um
nome, ninguém sabia o que você faria com ele; porém, ao chegar o momento da
morte, esse nome é repleto de perfume ou de mau cheiro. Se é repleto de
perfume, as pessoas têm motivo para se alegrar, pois, após a morte, não há nada
que mude essa boa fama. Assim, para uma pessoa de boa fama, o dia da morte é
melhor do que o dia do nascimento”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Diante das tempestades da vida,
como das perdas que se abateram sobre a sua família, às vezes, de maneira
precoce e inesperada, ela sempre se segurou firme na fé para superar os embates
próprios da existência e permanecer firme na trajetória de sua missão
matriarcal. Dores, sofrimentos e lágrimas, certamente fizeram parte da
pluralidade de seus dias. Mas a esperança não cansa o que têm os olhos fixos em
Deus. Porque ele é a fonte inexaurível das consolações perenes para o “vale de
lágrimas” que atravessamos no deserto existencial. Todavia, como diria Epicuro
de Samos (341-270 a.C.), filosofo da literatura clássica grega, “Os grandes
navegadores devem sua reputação aos temporais e às tempestades”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Hoje, nossa oração e o nosso
louvor são gratidão a Deus, por nos fazer participantes do mistério da vida em
plenitude, que Ele reserva para os justos no céu, e cujo mérito se desprende do
Altar da Cruz, de sua Paixão, Morte e Ressurreição: únicas garantias da nossa
futura ressurreição e participação plena na vida do Reino. Com efeito, “Se
temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de
compaixão de todos os homens. Mas não! Cristo Ressuscitou dos mortos primícias
dos que adormeceram [n’Ele]”. (1Cor 15,19-20). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Se o manto da morte nos cobre de
tristeza, de silêncio e de saudade, também nos permite viver a esperança de uma
vida feliz na presença eterna do Criador, onde o sol não se põe, a festa não se
acaba e a alegria do divino Esposo supera todas as carências da alma. Por isso,
“A morte do cristão não é um momento no fim do seu caminho terreno, um ponto
isolado do resto da vida. A vida terrena é preparação para a do céu, nela
estamos como criancinhas no seio materno: nossa vida na terra é um período de
formação, de luta, de primeiras opções. Ao morrer, o homem se encontrará diante
de tudo o que constituiu o objeto das suas aspirações mais profundas:
encontrar-se-á diante de Cristo e será a opção definitiva, construída por todas
as opções parciais desta terra. (<span style="font-variant: small-caps;">Missal
Cotidiano). </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Deus conceda a Dona Zelita a
graça da beatificação, usufruindo da presença de Deus no céu e, a todos nós,
familiares e amigos, a consolação de nos reencontrarmos um dia diante d’Ele no
tempo sem tempo da eternidade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: arial; font-size: medium;">Enfim, reconhecendo que ela
possuía o rosto simples da caridade e as mãos generosas da partilha, para todos
nós, o tempo de agora é somente de saudade e boas recordações por tudo o que
pudemos experienciar juntos. Louvado Seja Deus! (PGRS). </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></p>Padre Gilvan Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/08018155126279421055noreply@blogger.com