15 Anos de Ministério Sacerdotal
No próximo dia 21 de janeiro,
estarei completando 15 anos de exercício de Ministério Sacerdotal. De lá para
cá, Deus me concedeu a possibilidade de aprofundar sempre mais a riqueza do dom
vocacional por meio de muitas experiências que gostaria de partilhar com meus
queridos leitores. Como havia anunciado aqui nesse espaço jornalístico,
publicarei o meu oitavo livro intitulado: “Pérolas de Espiritualidade
Paulinas”. Depois formularei o convite oficial, mas quem desejar já pode
agendar-se para a Missa de Ação de Graças, às 19h30, na Igreja do
Bem-aventurado José de Anchieta, no Conjunto Augusto Franco. O texto a seguir
foi elaborado com base na mensagem final do livro que publicarei na ocasião.
Louvado seja nosso Senhor Jesus
Cristo! Não encontrei outra expressão melhor para iniciar a “mensagem final”
dessa obra comemorativa. Sim, louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, por
ter-me concedido a graça de poder chegar aos quinze anos – Bodas de Cristal – de exercício do Ministério Sacerdotal, mesmo que
nunca tenha sido Pároco. Poucos
sacerdotes têm o privilégio de poder fazer tal afirmação. Essa é a minha
história. Louvado seja Deus!
Como se poderá perceber ao longo
das páginas do livro “Pérolas de Espiritualidade Paulina”, por meio dos acenos
que faço à figura de São Paulo e ao conteúdo espiritual e evangelizador de seus
textos, trata-se do esforço de ensaio sobre a magnitude de algumas “pérolas de espiritualidade” encerradas
em suas missivas pastorais, com o intuito de animar, exortar, chamar a atenção,
evangelizar e, sobretudo, apresentar Jesus Cristo como o único Salvador de
todos, por meio de quem podemos obter o dom supremo da redenção pela efusão de
seu sangue. A grandeza de sua teologia e cristologia é inesgotável. Cada
expressão poderia encher páginas e mais páginas de reflexão e amadurecimento
quanto ao conhecimento de Cristo. Porém, o mais importante dentro do contexto
de sua apresentação é a abertura que o leitor deve ter em relação à novidade de
Cristo, Morto e Ressuscitado, o único capaz de fazer “novas todas as coisas”
(Ap 21,5). De fato, essa é a sua intenção pedagógica e doutrinal mais emergente
e comprometedora. Ninguém deveria permanecer indiferente ao seu apelo de
conversão ao Senhor, qual exigência imperativa do acolhimento à pessoa de
Cristo e à profissão de fé no redentor de nossa humanidade pecadora. Por isso
que é motivo de grande alegria e comoção interior, poder celebrar o dia 21 de janeiro
de 2013 dentro do Ano da Fé – de 11
de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013, Festa de Cristo Rei – que o Santo
Padre, o amabilíssimo Papa Bento XVI, proclamou, a fim de que todos os cristãos
católicos possam “tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado
que só n’Ele temos a certeza para o futuro e a garantia dum amor autêntico e
duradouro” (Porta Fidei, n. 15).
A palavra do Papa focaliza,
também, de maneira enfática e concreta, a urgência do testemunho cristão. Na
verdade, “aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho
credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor,
são capazes de abrir a mente e o coração de muitos outros ao desejo de Deus e
da vida verdadeira, aquela que não tem fim” (Porta Fidei, n. 15). De alguma
maneira misteriosa, também o nosso coração deve deixar transbordar o testemunho
sincero do Senhor em nossa vida, mesmo se, para isso, não devamos negar nem
esconder a displicência e a luta do combate interior pelo empenho de conversão,
por causa das fragilidades vulneráveis da vontade humana diante dos apelos do
Senhor. Como diria o próprio São Paulo, bordejando inseguro pelas águas
impetuosas de sua humanidade, “Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na
minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance, não, porém o praticá-lo.
Com efeito, não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se
faço o que não quero, já não sou eu que ajo, e sim o pecado que mora em mim”
(Rm 7,18-20). Claro que com o final de tal afirmação, São Paulo não está
querendo negar, sob nenhuma hipótese, a responsabilidade pessoal do homem
diante da prática do mal, conforme acena uma nota da Bíblia de Jerusalém. Ou
seja, as naturais inclinações para o mal, marcadas pela concupiscência, não
podem dispensar o homem de sua condição de liberdade e alvedrio quanto aos
condicionamentos de suas escolhas. É quando o velho Adão salta dentro de nós.
Portanto, da consciência da realidade de cada decisão pessoal, nasce, de igual
maneira, a responsabilidade moral pelas suas consequências. Todavia, é
especialmente a gratuidade do Senhor quem nos conduz pelo caminho da conversão
e da liberdade interior para o assentimento de seu desejo de santidade para
todos. Com a proclamação do Ano da Fé,
o Papa nos convida a sintonizar o botão da fé em Cristo, núcleo da pregação e
motivação da própria fé. Que possamos impor-nos ao desafio das solicitações de
Cristo e de sua Igreja, de modo que, como ainda pede o Santo Padre, possamos
“descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a
fé [...]. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor
recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria” (Porta Fidei,
n. 7).
Para mim, é uma grande graça
poder comemorar os 15 anos de exercício do Ministério Sacerdotal dentro de um
ano – o Ano da Fé – tão importante na vida de todos os cristãos, especialmente,
procurando “ser” mais do que “fazer” coisas, segundo uma afirmação do então
Cardeal Joseph Ratzinger, na catedral de Freising, em 1978. Não nos é exigido
somente “o fazer”, mas antes “o ser”, intimamente relacionado com Cristo em
seus mistérios. Desse modo, afirmava o Cardeal Ratzinger, apenas nessa
profundidade por meio da qual se deixa tocar pessoalmente, e pela qual se dispõe
a colocar-se a si mesmo em jogo, é possível corresponder ao dom do Senhor. Consciente
dos desafios que vivemos nos tempos pós-modernos, o futuro Papa já nos advertia
sobre os perigos de uma vida superficial e medíocre, inclusive, para os
sacerdotes da Igreja de Cristo. Não somos “funcionários de Deus”, mas nos
colocamos à disposição do mistério que se realiza na Igreja e no mundo por meio
de nossa generosidade e doação.