Depois
de muita expectação, finalmente, os cristãos católicos do Brasil têm a
oportunidade de chamar o Apóstolo do Brasil de Santo: São José de Anchieta! Beatificado
pelo Papa João Paulo II – agora São João Paulo II – quando de sua primeira
estada em terras brasileiras, em 1980, no dia 3 de abril de 2014, suspendendo a
comprovação de um milagre para sua canonização, o Papa Francisco declarou-o
santo por meio de Decreto assinado nesse mesmo dia. Segundo noticiário
nacional, quando o Papa Francisco passou pelo Brasil, em julho de 2013, para a
Jornada Mundial da Juventude, a CNBB (Conferência nacional dos Bispos do
Brasil) teria apresentado ao Romano Pontífice uma carta por meio da qual era
solicitada a canonização do Beato José de Anchieta. Ele figurava entre os
pioneiros da pregação do Evangelho na Terra de Santa Cruz, tendo por aqui
chegado em meados do século XVI com a Congregação fundada por Santo Inácio de
Loyola, a dos jesuítas, à qual também pertence o Papa Francisco.
Uma
vida de total desprendimento, como deve ser a dos seguidores de Cristo, fez com
que missionários abandonassem a Espanha, uma das nações mais opulentas da
época, para se embrenharem nas matas brasileiras, a fim de enfrentarem os
desafios de uma aventura espiritual e catequética sem precedentes, numa terra
recém-descoberta, cheia de armadilhas e labirintos para novas adaptações. Foi o
próprio Santo quem escreveu ao seu superior, afirmando: “De outros muitos
poderia contar, máxime escravos, dos quais uns morrem batizados de pouco,
outros já há dias que o foram; acabando sua confissão vão para o Senhor. Pelo
que, quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de Índios como
de Portugueses, sem fazer caso das calmas, chuvas ou grandes enchentes de rios,
e muitas vezes de noite nos bosques mui escuros a socorrermos aos enfermos, não
sem grande trabalho, assim pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade
do tempo, máxime sendo tantas estas povoações e tão longe uma das outras, que
não somos bastantes a acudir tão várias necessidades, como ocorrem, nem mesmo
que fôramos muito mais, não poderíamos bastar. Ajunta-se a isto que, nós outros
que socorremos as necessidades dos outros, muitas vezes estamos mal dispostos
e, fatigados de dores, desfalecemos no meio do caminho, de maneira que apenas o
podemos acabar; assim que não menos parece ter necessidade de ajuda os médicos que
os mesmos enfermos. Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a honra de
Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida. Muitas
vezes, nos levantamos do sono, ora para os enfermos, ora para os que morrem.
[...]. Mas bem-aventurados aqueles que morrem
no Senhor (Ap 14,13), os quais livres das perigosas águas deste mudável
mar, abraçada a fé e os mandamentos do Senhor, são transladados à vida, soltos
das prisões da morte, e assim os bem-aventurados êxitos destes nos dão tanta
consolação, que pode mitigar a dor que recebemos da malícia dos vivos”. Por
certo, um relato comovente, que deixa transparece a aflição dos missionários de
Cristo que desgastam sua vida em favor dos irmãos, entre tristezas, alegrias e
consolações do espírito.
No
Brasil, a primeira Igreja dedicada a São José de Anchieta está na Arquidiocese
de Aracaju, no Bairro Farolândia, e no Conjunto Augusto Franco. De fato, à
entrada da porta da Igreja Matriz, há uma placa comemorativa com a seguinte
inscrição: “Esta primeira Igreja no Brasil, dedicada ao Bem-aventurado José de Anchieta,
foi inaugurada no dia 22 de maio de 1988, sendo Sumo Pontífice o Papa João
Paulo II, sendo Arcebispo Dom Luciano José Cabral Duarte, sendo Pároco Pe.
Balbino Marques da Silveira. Nossa gratidão ao Dr. Augusto do Prado Franco, que
custeou ¾ das despesas, à Adveniat e à Comunidade Paroquial pela colaboração”! Em
conversa com Dona Marlene e sua filha Suely, que são pessoas da comunidade que
acompanharam o processo de edificação e construção do templo, descobri que a inspiração
do nome do Bem-aventurado José de Anchieta para o padroeiro da comunidade veio de
uma circunstância de doença do próprio construtor, o Pe. Balbino Marques, que também
foi o engenheiro da edificação. Ele revelou que se encontrava gravemente doente
em um hospital e ouviu pelo rádio que o Apóstolo do Brasil seria beatificado
pelo Papa João Paulo II. Então, ele fez a promessa de que, se ficasse curado e
restabelecesse logo sua saúde, onde quer que fosse mandado como pároco,
construiria uma Igreja dedicada ao Beato, o que, de fato, aconteceu mais tarde.
Para
que houvesse a mudança do nome da Paróquia, de Beato para São José de Anchieta,
o Arcebispo Metropolitano, Dom José Palmeira Lessa, expediu um Decreto assinado
por ele e pelo Chanceler do Arcebispado, o Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos,
que, por sinal, também exerce a função de Vigário Paroquial na referida
paróquia. Parte do Decreto dizia: “Pelo presente ato, decretamos que a Paróquia
do Bem-aventurado José de Anchieta, no Conjunto Augusto Franco, Bairro
Farolândia, na Arquidiocese de Aracaju-SE, criada pelo meu venerável
predecessor, Dom Luciano José Cabral Duarte, em 21 de setembro de 1984, a
partir do dia 3 de abril de 2014, passa a chamar-se Paróquia São José de
Anchieta, por ocasião da canonização desse Apóstolo do Brasil, conforme Decreto
assinado por sua Santidade, o Papa Francisco, no Vaticano, no dia 3 de abril de
2014”.
Em virtude da ocasião, o Bispo de Palmares, Dom Henrique Soares da Costa, despedindo-se ainda de seu tempo como Bispo Auxiliar de Aracaju, presidiu à Santa Missa em ação de graças, na Igreja Matriz do Conjunto Augusto Franco, na véspera do dia 3 de abril. A missa foi concelebrada pelo Pároco, o Vigário Paroquial, o Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos, e o sacerdote redentorista, o Pe Carilho, que visitava a comunidade.
Em virtude da ocasião, o Bispo de Palmares, Dom Henrique Soares da Costa, despedindo-se ainda de seu tempo como Bispo Auxiliar de Aracaju, presidiu à Santa Missa em ação de graças, na Igreja Matriz do Conjunto Augusto Franco, na véspera do dia 3 de abril. A missa foi concelebrada pelo Pároco, o Vigário Paroquial, o Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos, e o sacerdote redentorista, o Pe Carilho, que visitava a comunidade.
No
dia 24 de abril de 2014, o Papa Francisco celebrou missa em Ação de Graças pela
canonização do santo jesuíta. A celebração aconteceu na Chiesa di Gesù – Igreja de Jesus – em Roma. Trata-se de uma das
mais antigas igrejas dos jesuítas no coração da Cristandade. Durante a homilia,
o Romano Pontífice asseverou: “São José de Anchieta soube comunicar o que ele mesmo
experimentara com o Senhor, aquilo que tinha visto e ouvido dele; o que o
Senhor lhe comunicava nos seus exercícios. Ele, juntamente com Nóbrega, é o
primeiro jesuíta que Inácio envia para a América. Um jovem de 19 anos... Era
tão grande a alegria que ele sentia, era tão grande o seu júbilo, que fundou
uma Nação: lançou os fundamentos culturais de uma Nação em Jesus Cristo. Não
estudou teologia, também não estudou filosofia, era um jovem! No entanto,
sentiu sobre si mesmo o olhar de Jesus Cristo e deixou-se encher de alegria,
escolhendo a luz. Esta foi e é a sua santidade. Ele não teve medo da alegria”. E
continuou: “São José de Anchieta escreveu um maravilhoso hino à Virgem Maria à
Qual, inspirando-se no cântico de Isaías 52, compara o mensageiro que proclama
a paz, que anuncia a alegria da Boa Notícia. Ela, que naquela madrugada de
Domingo sem sono por causa da esperança, não teve medo da alegria, nos
acompanhe no nosso peregrinar, convidando todos a levantar-se, a renunciar às
paralisias para entrar juntos na paz e na alegria que nos promete Jesus, Senhor
Ressuscitado”.
Tanto tempo
decorrido, depois da presença de São José de Anchieta na evangelização do
Brasil, sobretudo, dos povos indígenas, para os quais ele escreveu a primeira gramática
em tupi-guarani, que ele continue motivando cada cristão a ser missionário em
sua própria terra, em cada lar, em cada família, a fim de que o fruto do sacrifício
de sua vida derramada em favor dos irmãos seja “semente de novos cristãos”,
filhos da Igreja do Senhor e homens de boa vontade na confraternização contínua
dos povos do Brasil.