Vota bem, meu Brasil!
“Vota pra mim!”
“Vota pra mim!”
Vota bem, meu Brasil! Mais uma vez, no Brasil, vamos
experimentar momentos de promessas e de sonhos. De promessas que os candidatos
à Presidência da República e de outros cargos eletivos dentro do circuito
federal e estadual fizeram. De sonhos que despertaram no povo a vontade de ver
melhorias concretas na saúde, na educação, na infraestrutura habitacional e nas
cidades, ruelas e favelas, na capacidade de segurança dos ambientes públicos e
privados, na distribuição mais equitativa da renda per capita, do favorecimento real, com tantos outros benefícios que
são patrocinados pelo Estado e gatunados pela corrupção usurpadora da “res-publica” – da coisa pública! Como
foram as campanhas? Que candidatos não mentiram ao povo, de novo? Que problemas
sociais mais urgências já foram solucionados durante o tempo da propaganda
partidária obrigatória de ser ouvida, a não ser que o rádio e o televisor fossem
desligados? Quem conhece, verdadeiramente, o sentido lato da democracia fingida
que acoberta interesses espúrios e tenta impor antivalores disseminados, de
maneira sorrateira e discreta, como protótipos do autêntico bem-estar coletivo
e individual?
Vota bem, meu Brasil! Uma nação inteira, entusiasmada
com o fascínio político ou até mesmo pessoal de seus candidatos, se acorda para
mais um dia histórico. Que bom seria se a vitória fosse, de verdade, da
DEMOCRACIA, do governo do Povo, que nada tem além do sofrimento cotidiano das
injustiças concorridas em seu próprio nome quando os maiores privilégios chegam
apenas à minoria que se diz seu representante. Sem educação, sem saúde decente
– basta constatar a agonia desesperadora no tumulto dos hospitais do Estado; sem
saneamento básico nos bairros mais pobres e isolados dos grandes centros
urbanos, alguns dos quais só recebem visitas no período que antecede às
eleições; sem alimentação saudável para todos, pois, no Brasil ainda há pessoas
que morem de fome; sem direito aos remédios que o Estado tenta patrocinar com os
acordos feitos entre governo e laboratórios, que monopolizam a aquisição dos
mesmos por quem sofre de doenças mais graves, como o câncer manifestado em suas
múltiplas matizes; sem isso e sem mais quilo, como o Brasil pode-se dizer emergente
se é incapaz de gerir, com mais competência e dinamismo prático, conjunturas
sociais tão gritantes e urgentes e, ao mesmo tempo, tão elementares para a
dignidade de um povo?
Vota bem, meu Brasil! Isso não é somente um desejo de
quem nem sequer vai votar, morando no exterior, mas é também, quem sabe, o
sonho de que promessas e mais promessas se realizem de maneira vistosa no
Brasil, como superação do preto no branco de tantos contrastes que mapeiam o
tecido social democrático em decomposição por força de comportamentos vis de
políticos compromissados com seu próprio bolso. O dinheiro, como já disseram, é
excremento de satanás. E, duvido que, por trás do mais simples e aparente gesto
de bondade ou interesse de alguns políticos – espero e torço para que seja da
minoria – não estejam os olhos esticados nos favores pecuniários das tramoias
políticas, sem falar das regalias e dos privilégios que o próprio status lhes confere. Abrir mão do máximo
em favor do mínimo não é uma atitude que desperte na ganância de muitos a
generosidade para com os menos favorecidos. Aos ricos, tudo! Aos pobres, nada! Aliás,
como já brincaram, “aos ricos, o Progresso”!
“Aos pobres, a Ordem!”. Infelizmente,
“Ordem e Progresso” estão de lados
opostos pela conjunção que deveria ser aditiva, “que une” e, não, como nesse
caso, adversativa, “que contrasta”. Nossa aposta é nos bons políticos que ainda
existem, embora, dificilmente, saibamos nominá-los! Há aqueles de boa vontade
que assumem os compromissos de campanha com intuito de erradicar as desigualdades
de todo tipo que assolam o país.
Vota bem, meu Brasil! Vota com disposição e vontade de
ver novos rumos para a grande nação brasileira! Enquanto há muita preocupação e
irritações de minorias querendo a aprovação de seus “direitos humanos” – por
acaso, a Constituição já não vale para todos os “humanos” do Brasil? – por que não
fazer valer o que ela já propõe para todos, de igualdade de direitos e deveres,
na totalidade das exigências comuns para todos? A não ser que, dentro da
amplitude das novas demandas corporativistas de certos grupos, alguns não sejam
humanos, o que, no caso, também não haveria necessidade de tais reivindicações.
A lei deve ser uma só e para todos, sem prerrogativas e discriminação que
favoreçam uns em detrimento de outros. Vivemos o tempo das “fobias” – “cristianofobia”,
“homofobia”, “islamofobia”, “heterofobia”, etc., – uma palavra que entrou na
moda como reação contra quem não aprova atitudes que contradizem o modo de vida
desses mesmos grupos. Faltam respeito e tolerância em relação às diferenças de
pensar e de agir no contexto geopolítico da modernidade, sem deixar de
considerar que qualquer tipo de violência contra quem quer que seja – repito: “quem quer que seja” – deve ser repudiado
energicamente, em qualquer lugar do mundo. A carnificina que ainda hoje degrada
a dignidade humana não pode ser apreciada com indulgência por ninguém. Na verdade,
quando o tecido social sangra em qualquer parte do mundo, é uma parte de nós mesmos
que também verte sangue, machucando a ferida de nossa própria dignidade. Desse modo,
os totalitarismos invisíveis modernos, que ainda oprimem nossos irmãos de osso,
carne e sangue, precisam ser detidos pela boa convivência de todos os vizinhos,
pois, civilização e barbárie não podem conviver bem juntas. Tal “barbárie”
designa “também comportamentos objetivamente desprezíveis que nos fazem
descobrir a realidade efetiva do mal moral, que vai além da do problema [em si]
da persistência da animalidade que existe em nós” (Alain Cambier).
Vota bem, meu Brasil! Desafortunadamente, ainda
estamos muito longe de viver a dimensão democrática que atinja todos os níveis sociais
do Brasil. Mas não devemos perder, de vez, a esperança em dias melhores. Sonhar
é uma maneira de não permitir que morram os ideais sublimes que embalam o
desejo da política honesta para todos os povos. Também para o Brasil. Sobretudo,
para o Brasil, nossa “Pátria Amada!” Sonhar para que o “progresso” não seja
somente técnico, mas também moral, pois, como escreveu o autor moderno acima referido, “o
progresso técnico não é garantia do progresso moral”, podendo, inclusive, aquele ir contra esse. Esse
autor cita o pensamento de Rousseau, segundo o qual, o progresso das ciências e
das artes não torna os homens necessariamente mais virtuosos. Quem acompanha a
crítica dos cristãos em relação à defesa político-partidária de alguns “princípios”
da imposição do Estado dito laico sabe o que isso significa.
Vota bem, meu Brasil! Que a mesma obrigatoriedade que
temos para votar, sob pena de perdemos os direitos civis de legítimos cidadãos
brasileiros, seja a mesma do voto consciente, nem vendido nem trocado, a fim de
que a corrupção que acontece no universo político do Brasil não comece nas
próprias urnas. Que os candidatos que serão indigitados nas urnas sejam
representantes condignos da esperança de seu povo. E que o verde da esperança e
o amarelo da riqueza nacional se entendam sobre todos os filhos “gentis da Pátria amada, Brasil!”.
Vota bem quem vota com consciência!