Bonanças depois da tempestade
Durante
muito tempo, vivemos fascinados pelo fato de que operários, que estiveram
fomentando e apoiando a luta de classes, tivessem chegado ao poder, depois de
algumas tentativas, concorrendo às eleições, até conseguirem grimpar os mais
altos cargos da nação como chefes de Estado. Assim o foi na Polônia de São João
Paulo II. Foram tempos sublevados por circunstâncias de ditadura, opressão,
desrespeito aos direitos humanos, etc. Lech Walesa assumiu o poder, depois de
fundar o sindicato da solidariedade, e também depois que o comunismo fora
derrocado na Polônia. Em 1993, ganhou o prêmio Nobel da paz, e se manteve na
presidência do país ate 1995! De Roma, João Paulo II acompanhava, com muita preocupação
e esperança, os rumos de sua nação, invadida pela Alemanha nazista, fazendo
explodir a II Grande Guerra Mundial!
Tempos
sombrios e macabros acobertavam as incertezas do horizonte da humanidade. Mais
tarde, outras nações também tiveram essa oportunidade. Na Venezuela, fora eleito
Hugo Chaves, que, segundo um amigo desse país, subira ao poder aclamado por
todos como um novo messias, trazendo esperança e entusiasmo, sobretudo para os
mais pobres. Não muito tempo, e começou a mostrar a que viera, tornando-se um
ditador, à semelhança dos comunistas, e deflagrou o início de tempos mais
sombrios do que antes, assomando no pedestal da opressão para humilhar sua
gente. Inimigo dos americanos, chegou a excogitar a possibilidade de o governo
estadunidense ter inventado um modo de fazerem adoecer de câncer autoridades
sul-americanas (Lula, Dilma e o próprio Chaves). Na sua visão, isso seria
descoberto daqui a uns 50 anos. Depois ele morreu, e nem teve tempo de ter o
corpo embalsamado para se tornar uma estátua que seria exposta na Venezuela para
idolatria dos súditos. A medicina chegou atrasada! Ainda bem! Enquanto no
mundo, a estátua de muitos outros tiranos estavam sendo derrubadas (Stalin, Saddam
Hussein, Mussolini, Hitler et alii),
aqui, nosso vizinho gostaria de ser endeusado. Agora, por outras motivações
históricas, a Índia se orgulha de ter a maior estátua do mundo: 182 metros de
altura! Foi “construída em homenagem a um dos heróis nacionais, Sardar Patel,
autor da unidade do novo país surgido após a independência dos britânicos em
1947 e a partilha do subcontinente”.
Infelizmente,
a conspiração da doutrina comunista, marcadamente, infectada também no Brasil,
não morreu com eles. Aliás, uma “bela” curiosidade histórica é o fato de que, a
América Latina, que sempre teve a mania de copiar a cultura europeia, especialmente
de França, se esqueceu de que, por lá, inclusive na Rússia, o comunismo foi
varrido, enquanto, com mais de 30 anos de atraso, ainda vigora aqui nas terras
ameríndias. Mas como já disseram, e a frase de Max ficou famosa pelo desprezo à
religião, essa foi diagnosticada como sendo o “ópio do povo”. Todavia, como não
há argumento desprovido de contestação, outro pensador francês, Raymond Aron
(1905-1983) asseverou que o marxismo se tornou “o ópio dos intelectuais” – inclusive
era o título de seu livro. [Por sinal, intelectuais de que o Brasil está cheio].
Eles apoiam as revoluções socialistas e históricas, refletindo apenas de seus
laboratórios de ideias, muitas delas venenosas, enquanto na práxis de sua
própria experiência pessoal, elas soam como algo poeticamente belo, mas indiferentemente
distante da sua vida.
Uma
coisa é ouvir falar de bombas, outra, bem diferente, é ouvir as bombas
pipocando ao seu lado, como experimentei no próximo Oriente médio, enquanto o
Estado Islâmico (EI) destruía implacavelmente museus e fontes históricas da
civilização dos povos. Mas não que isso signifique que estejamos longe de
realidades opressoras ao alcance de nós mesmos. No Brasil, como na Venezuela,
diferentemente da Polônia, tivemos igualmente dois presidentes comunistas, um
dos quais inclusive está na cadeia, acusado de encabeçar uma quadrilha que
surrupiou bilhões de reais dos cofres públicos ou de empresas estatais, por
meio de conchaves e conluios, com o intuito de favorecer ou apadrinhar
apaniguados da corriola dos corruptos.
O
Brasil, que se orgulhava de não ter padecido suficientemente da histórica crise
econômica mundial de 2008 – pois,
segundo Luiz Inácio Lula da Silva, ele fora afetado apenas por algumas
“marolinhas”, que, não muito tempo depois, se transformaram num tsunami – teve
as reservas econômicas engolidas pela corrupção, e agora, a bem de verdade – quer
reconheçamos ou não, pois ninguém pode se responsabilizar pela tiflose alheia –
todos estamos pagando o pato [até mesmo eu, que, como padre, na percepção dos
míopes, não deveria me meter nisso], estou pagando também, porque o Governo Federal
não me dispensou de recolher anualmente a taxa do imposto de renda! Se não
sabem, ele também controla minhas contas. Com efeito, na qualidade de cidadão
devo respeitar as leis e cumprir minhas obrigações legais, civis.
Quem
tiver o mínimo de interesse pelas querelas internacionais deve ter ciência do
quanto, na Venezuela de agora [tempo presente], o que deveria ser maduro está
caindo de podre. Sem falar das ideologias contemporâneas, que pela América
Latina, vindas da Europa (França, Alemanha, Itália, Rússia entre outros países),
estão corroendo a moral e os bons costumes em nome das ditaduras disfarçadas de
democracias. Na França, a direita, cansada dos governos “faz de conta”, que
deixa muita gente feliz, mas afunda o país da recessão, deu um chute na
esquerda e elegeu um presidente há muito pouco desconhecido - nem de tradição
política era - e uma das medidas mais radicais que tomou, contra a gurizada
tecnologicamente dependente dos celulares em salas de aula, foi proibir o
ingresso dos aparelhos. Não chegam mais nem às portas das escolas. Emmanuel
Macron, eleito o mais jovem presidente da França, aos 39 anos, fora ministro da
Economia, e, mestre em filosofia, “trabalhou como assistente editorial do
renomado filósofo francês Paul Ricoeur [1913-2005], ajudando-o a publicar seu
último livro”.
Ainda, “o ex-banqueiro Emmanuel Macron, que nunca havia disputado nenhum cargo
eletivo, era praticamente um desconhecido. Seu nome só se tornou público ao ser
nomeado, em 2014, ministro da Economia do presidente socialista François
Hollande”.
No
Brasil, fomos descendo cultura abaixo, minimizando o alcance da exigência
educacional, de tal modo que, um aluno não deve mais ser reprovado. Uma
professora me contou que, seu filho, tendo frequentado as aulas menos de uma
semana durante o ano, fora aprovado. Indignada, ela exigiu que ele repetisse o
ano. O desrespeito aos professores aumentou consideravelmente; o Estado invadiu
as famílias, tentando impor aos pais as diretrizes educacionais estritamente
ligadas ao direito familiar; tentou erradicar o ensino religioso das escolas;
baixou o nível de respeito às autoridades constituídas; insuflou nas minorias espírito
de arrogância e privilégios como se não estivessem contempladas dentro das
exigências dos direitos e dos deveres constitucionais intrínsecos a todos;
patrocinou fenômenos culturais de ínfima e até ofensivas qualificações
artísticas; incitou apologia à pedofilia em nome da arte, com crianças tocando
órgãos genitais de adultos; manifestou desprezo e vilipêndio aos símbolos
religiosos, sobretudo dos católicos [por que não mexem com Maomé?]; tudo isso
favoreceu a que pessoas famosas invocassem o demônio em nome da liberdade
[estou sem fôlego!]; a cultura das músicas de das danças do bumbum invadiu nossas casas, com mulheres
insatisfeitas com seu tipo biofisicossomático, injetando silicone de maneira
medicamente reprovável, até morrendo [com todo respeito pelas vítimas e seus
familiares]; uma onda de "mimimim" se instalou, reprovando a seiva de
pensamentos mais elevados em relação ao esforço do dinamismo, que todos devem
galgar em direção às suas conquistas; ainda, penso que aumentou o número de
parasitas, que sugam dos privilégios eleitoreiros, sem trabalhar, e, aqui, não
me refiro aos milhões de desempregados desse país, tão rico e tão maltratado;
sei o quanto a vida é triste e penosa para tantos homens e mulheres, jovens e
crianças, que lutam pelo pão nosso de cada dia, sem segurança de sobrevivência
nenhuma, às vezes, fora das escolas, longe da educação; gente pobre, que faz
esse país valer a pena, com sua honestidade, seu suor e seu sangue, enfim, com
sua própria vida; a delinquência tomou rumos inesperados, e o ladrão pensa que
o que é seu é dele, e ainda lhe trata como “vagabundo”, o que caracteriza
desrespeito à propriedade privada, que é um bem inviolável; a vida humana virou
moeda de troca, não vale mais nada e, daqui a pouco, os animais serão mais importantes
do que as pessoas – inclusive a jurisprudência já discute “os direitos dos
animais”; matar alguém poderá ser mais vantajoso, em relação ao animal [não
estou aqui defendendo maus tratos aos animais! Leia meu texto com lucidez!];
enfim, a lista poderia aumentar, mas cansei nesse aspecto.
Todas
essas bonanças ideológicas, que acabei de narrar, foram vivamente reproduzidas
pelo PT e seu mefistofélico comunismo! Uma inteligência sadia percebe isso com
tanta clareza quanto a luz do sol que se levanta, a cada dia, sobre a fronte
dos terráqueos. [Não sei se isso é também prerrogativa dos extraterrestres!
Bom, pelo menos, nós estamos aqui!]. Talvez, por respeito humano ou acolhimento
ao “politicamente correto”, nós fomos nos habituando, paulatinamente, aos
desmandos da ditadura e, considerando a imposição dos dogmas de suas
prevaricações éticas, não fomos capazes de reagir, condignamente, às falácias
imperativas das ruínas deletérias de nossos valores mais sublimes. Não
precisarei dizer muito sobre o que o PT fez pelo nosso país, sem querer
desmerecer tudo aquilo que o povo, bom e humilde, recebeu do paternalismo da
gerência administrativa de outrora. Em relação à Cuba, nem preciso dizer nada!
A história é um juiz implacável, e sobeja nos livros sobre seus detratores!
Reconheço,
enfaticamente, que, no momento, há muita apreensão, desconfiança e, por que não
o dizer (?), até medo! Mas torcemos pelo melhor para o Brasil. Não somos
profetas visionários do futuro! Contudo, aqueles que o foram, tinham seus pés e
sua mente diretamente projetados no redemoinho dos acontecimentos. A história é
o fundamento mais contundente de suas percepções. Por isso, aprendemos que o
condicionamento dos fatos podem esclarecer o vislumbre de seus vaticínios. A
profecia não é uma magia. Quem tem os pés fincados na realidade consegue ver
com mais lucidez e menos demência o alcance da cotidianidade. De fato, como
afirmou Dom Luciano Duarte (1925-2018), “a ideologia não é puramente da ordem
da inteligência: é da zona candente da paixão. E a paixão é cega a argumentos
cartesianos: só o impacto dos testemunhos pode romper a fronteira de fogo”.
Com
a nova cara do Brasil, estampada no rosto do novo presidente, também renovamos
nossas esperanças. Esperamos que ele não traia os princípios que atraíram a
maioria doa votos nas urnas democraticamente abeiradas dos eleitores, mas se
ele o fizer, também não será muita surpresa! Como diz o ditado, não confie em
político sem antes olhar o seus dentes. Como não os vimos, esperemos o
testemunho da história, que, por sinal, também é vingativa. Ninguém precisa
afazer justiça com as próprias mãos. A história devolve o troco aos enganadores
de uma nação. Com efeito, mais cedo ou mais tarde, as manobras políticas e
falcatruas emergem à superfície da democracia espontaneamente, e os
responsáveis, não obstante a morosidade da justiça, recebem a devida punição
legal.
De qualquer modo,
enquanto estivermos devendo à justiça de nossa própria consciência,
dificilmente gritaremos contra a corrupção, exceto para esconder nossa condição
de corrupto. Falo das pequenas corrupções que também cometemos na dissimulação
do dia a dia. Com efeito, quando elas crescem e se agigantam dentro de nós é
porque também já corroeram as vísceras da honestidade do nosso espírito. (PGRS).