Paris e o mundo aos pés de Notre-Dame em chamas...
Seria muito bom se não fosse verdade,
mas Paris e o mundo se prostram diante da bela catedral Notre-Dame de Paris em
chamas, qual luzes que nãos gostaríamos de ver. A bela Paris de meus sonhos
parece não querer acreditar do pesadelo do fogo. Em tão pouco tempo, menos de
um final de tarde, onde o sol se põe depois das 19 horas, quase um milênio de
história e arte desaparece no meio das cinzas das incertezas deste início de século.
Será verdade? Sim, o sonho de dezenas de séculos se transforma no nada. Sinal
dos tempos? Reflexos do paganismo moderno em que vivemos? Destruição de um símbolo
cristão da primogênita filha da Igreja Católica? Afronta à terra de santos e de
mártires que se consumiram pelo amor à religião do Senhor Jesus? Não sei! Talvez,
nenhuma dessas alternativas. Mas o fato é que todos perdemos!
Perdeu o Ocidente, orgulhoso de sua cultura
filosófica, cientista, helênica, astrológica, etc., mas rebelde às raízes da própria
fé plantada nos albores do Cristianismo. Perdeu a arte multissecular de vitrais
magníficos de constituição catequética, de um tempo em que as gravuras falam
por si mesmas, tentando catequizar o mundo vaidoso do Ocidente sonolento no
berço de suas conquistas. Perdeu a história arquitetônica, que esboçou nos painéis
góticos a imaginação de nervuras de cimento o esplendor da criatividade humana.
Perdeu a própria Paris, encruzilhada do mundo, que alberga turistas de todos os
povos e lugares. Perdeu a humanidade, senhora de tempos sombrios, de épocas civilizatórias
e momentos de barbáries, no mesmo canteiro dos anseios humanitários. Perdeu quem
viu o esplendor de um templo cristão, na capital da França católica, de reis
santos e de santos convertidos, que beberam na fonte cristalina da graça da conversão.
Hoje, no universo cinzento que atraiu a atenção do mundo, cada um, a seu modo,
pôde externar sentimento se pesar e tristeza, de assombro, inclusive, de
espanto, mas também de oração e de prece à Virgem cujo nome detém o sentido
sagrado do que, agora, parece ter se tornado profano no meio das flamas
vertiginosas do imprevisível. Quantas vezes, eu pude adentrar no seu recinto, e
também rezar a missa com outros sacerdotes concelebrantes em domingos festivos,
na liturgia solene do Senhor! A Catedral de Notre-Dame – a catedral de Nossa
Senhora, a rainha de todas as coisas criadas, visíveis e invisíveis – certamente
renascerá das cinzas, segundo o desejo de todos que lamentaram sua inominável destruição,
inclusivo Presidente Emanuel Macron, que já decidiu conclamar o mudo político e
artístico para ajuda-lo! Enquanto isso, seguimos, de longe, rezando e torcendo
para que sua esplendecência volte ao fulgor de outrora. Numa cruzada de
sentimentos e lamentos, hoje, 15 de abril de 2019, o mundo diplomático se uniu
à Paris num canto fúnebre de tristezas e lamúrias incendidas de pesar e consternação
da alma fraterna dos povos.
Da Alemanha, veio o frêmito de Ângela
Merkel, “a dama de gelo”, referindo-se ao trágico acontecimento: “Que dor, ver
essas atrozes imagens de Notre-Dame em chamas! Notre-Dame é um símbolo da França
e da nossa cultura europeia. Todos os nossos pensamentos aos amigos franceses”;
Dos Estados unidos, Trump se solidarizou, afirmando: “É horrível ver o incêndio
massivo da catedral de Notre-Dame de Paris”; Melania Trump, a primeira dama americana,
declarou seu “coração ardendo”: “Rezo para que todos estejam sãos e salvos”;
Barak Obama reconheceu: “Notre-Dame é um dos maiores tesouros do mundo”; e
ainda: “É da nossa natureza se lamentar quando vemos a história perdida, mas também
é da nossa reconstruir o amanhã, tão forte quanto o podemos”; da Inglaterra, Tereza
May manifestou “pensamentos aos serviços de urgência que combatem o terrível incêndio
da catedral Notre-Dame”; também o prefeito de Londres, Sadiq Khan, da minha idade,
48, externou pesar pela catedral pegando fogo; “É verdadeiramente terrível. Que
tragédia cultural, não apenas para Paris e a França, mas igualmente para o
mundo”, afirmou, então, a primeira ministra da Escócia, Nicola Sturgeon; por
sua vez, o primeiro ministro canadense, Justin Trudeau, também lamentou: “Isso
nos queima o coração, ver a catedral Notre-Dame de Paris na proa das chamas. Pensamos
em nossos amigos franceses que combatem esse incêndio devastador”; Sandro
Sanchez, primeiro ministro espanhol, destacou: “Seguimos com inquietação as informações
que chegam de Paris, sobre o incêndio de Notre-Dame, uma das mais belas
catedrais do mundo. Uma notícia triste para nossa história e nosso patrimônio cultural
universal”; o presidente da República Mexicana, de igual modo, também deixou
sua mensagem: “Esse incêndio é uma infelicidade para a arte, a cultura e a religião”;
o presidente colombiano, enfatizou: “Pena irreparável que toca esse símbolo mundial;
e o presidente do Brasil... ah, o jornal Le
Figaro, do qual colhi tais informações, não disse nada Sobre o assunto! Nossa
visão cultural do mundo está sempre em atraso. Paciência! Enfim, para citar
mais um pensamento, assim se pronunciou o presidente da comissão europeia,
Jean-Claude Juncker: “Que triste espetáculo! Que horror! Eu partilho a emoção da
nação francesa que também é nossa...”.
Não obstante tudo, o fato é que muitos
outros espíritos de cultura elevada e conectada instantaneamente com as
tragédias da história moderna não perdem tempo em juízos de valor sobre o que é
realmente essencial na cultura moderna, mesmo que suas raízes estejas plantadas
num passado distante que também nos atinge. Ironicamente, Notre-Dame significa “Nossa
Senhora”! e, talvez, o mundo moderno tão tenha sentido a necessidade de invocar
o seu nome como agora, em que o paganismo se espraia implacavelmente destruindo
valores culturais, religiosos, axiológicos da vida, da existência humana, mas também
da zona de espiritualidade de que o mondo hodierno tenta se esquecer. E quantos
lábios pagãos não a invocaram sem o saber nessas trágicas circunstâncias de incêndio
e purificação de que o mundo precisa urgentemente.
Notre-Dame de Paris, priez pour nous!
Nossa Senhora de Paris, Rogai por nós!