Unit:
Gratidão e Tributo
Em 2017, resolvi
voltar à Universidade para estudar Direito. Como costumo dizer, “a porta do
conhecimento não se fecha nunca”. Assim, num breve histórico, gostaria de
manifestar gratidão a todas as pessoas que, mais de perto, me proporcionaram
essa possibilidade. Quando a vida começa a degringolar em determinadas
conjunturas, é preciso abrir-se a novos horizontes, a fim de não ficarmos
prisioneiros nem reféns de estradas que parecem nos levar a lugar nenhum, do
mesmo modo como, quando as nuvens plúmbeas da existência se tornam densas e
obscuras, faz-se necessário encontrar novas luzes. Foi o que tentei fazer com
as portas que se me abriram.
Até os quarenta
e seis anos de idade, nunca havia me passado pela cabeça, nem de longe, pelos
espaços siderais da estratosfera intelectual, a ideia de estudar Direito. Mas
aconteceu que, um dia, a amiga da Academia Sergipana de Letras, Ana Maria
Fonseca Medina – com quem tive muitas oportunidade de me encontrar, em seus
penates, inclusive para refeições no seio da sua família, ao lado se seu
esposo, o Senhor Alair Jorge Decker Medina, e tantos outros familiares, onde
também tínhamos o nosso “recreio cultural” – depois de muita insistência e boa
vontade, conseguiu convencer-me de que eu poderia fazer parte do Movimento
Cultural Antônio Garcia Filho, da mesma Academia Sergipana de Letras. Já fazia
alguns anos que ela me abordara sobre a possibilidade, mesmo antes de 2014,
quando me mudei para Jerusalém onde fui estudar como bolsista, agraciado pela
Comunidade das Irmãs de Sion, residentes em Paris. Todavia, o feito se realizou
apenas depois que voltei. Mais uma vez, no regresso, ela me questionou sobre
minha disposição em ir participar do referido Movimento Cultural. Dei meu
assentimento, e, algum tempo depois, ela apresentou meu Curriculum Vitae ao sodalício para estudo de possível aprovação do
meu nome. Mas no meio daquela plêiade de intelectuais, composto por homens e
mulheres elitizados pela competência magistral de sua veia literária, poética,
cultural e histórica, estava alguém que se interessou vivamente pelo meu curriculum vitae, e disse que gostaria
de me conhecer.
Tratava-se,
então, do Fundador da UNIT, Jouberto Uchôa de Mendonça. Sabendo do ocorrido,
não perdi tempo, e fui atrás da realização de mais um sonho acadêmico. Um
pastor evangélico, americano, que aprendi a admirá-lo lendo seus livros de
teologia bíblica, afirmou o seguinte: “Uma das agonias do inferno será a
lembrança das oportunidades desperdiçadas”. (Wiersbe).
Então, para não correr o risco, resolvi escrever uma carta endereçada ao Senhor
Jouberto Uchôa, com o seguinte teor:
“Itabaiana, 2 de
dezembro de 2016. Sou o Padre Gilvan Rodrigues dos Santos, da Arquidiocese de
Aracaju, formado com licenciatura em Filosofia, curso reconhecido pela Unit, e
mestrado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma,
conforme o Curriculum apresentado. No
momento, gostaria de poder aprofundar meus conhecimentos através do Direito,
desejando realizá-lo na honrosa Universidade Tiradentes (Unit), a partir de
2017, no campus de Itabaiana onde
moro atualmente. Na verdade, seria uma possibilidade para ver o mundo pelos
óculos do Direito. Para tanto, gostaria de, se possível, solicitar uma bolsa de
estudos que me permitisse ajudar nos custos. Com estima, admiração e
reconhecimento, muitíssimo grato!”
Não demorou
quinze dias para que a resposta chegasse por meio da secretária do Departamento
de Assuntos Acadêmicos (DAA) da Unit da Farolândia. Uma voz feminina me dizia
que telefonava da parte do Senhor Uchôa, afirmando que eu fora autorizado a
fazer a matrícula na Universidade; que eu poderia concluir o curso – “mas nem
comecei?” – devendo apenas pagar a matrícula no início de cada período.
Aquele foi um
dos dias mais felizes da minha vida naquela época. Senti-me aéreo, flutuando dentro
de mim mesmo, por saber que alguém me confiara tamanha responsabilidade. E que
responsabilidade! Naquele instante entendi mais empiricamente a palavra de
Santo Agostinho quando asseverou: “Quando a alegria é pequena, a alegria entra
dentro de nós, mas quando a alegria é muito grande, nós entramos na alegria”.
Aquela euforia interior era o início de novos tempos na minha vida. Realizei os
trâmites legais, junto ao departamento acadêmico da Unit, e me matriculei,
patrocinado por uma bolsa exclusiva de estudos.
Matriculado, fui
dispensado de doze disciplinas reconhecidas do curso de Filosofia, e estou concluindo
o curso em quatro anos e meio. A grade ficou meio irregular, não tive turma
certa, pendulando entre os vários períodos, de turma em turma, até à iminente conclusão.
Para os meus cinquenta anos de vida, Deus não poderia ter me dado presente
melhor. À época, alguém me disse feliz: “Nossa, padre, considere-se o cometa halley do século XXI, ter conseguido uma
bolsa assim”.
Outrossim,
convém destacar que na ponta dessa cadeia narrativa, estava alguém, cujo nome,
eu não poderia deixar de declinar audível e solenemente, prestando, assim,
tempestiva homenagem de reconhecimento e gratidão, por me elevar, colocando-me
no meio intelectual sergipano e abrindo, para mim, as portas dos sodalícios
culturais do Estado de Sergipe, como o IHG-SE (Instituto Histórico e Geográfico
de Sergipe) e da ASI (Associação Sergipana de Imprensa), dos quais também sou
membro. Seu nome, já citado? Ana Maria Fonseca Medina. Pois bem, foi a partir
daquela apresentação que ela fez da minha pessoa, especialmente, indicando-me
para fazer parte do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, da Academia
Sergipana de Letras, que outra porta do destino se abriu no horizonte da minha
existência. Ela foi a protagonista do salto que dei em direção ao Direito.
A gratidão é,
pois, um sentimento profundamente enraizado no meu coração dos humildes.
Certamente, a grandeza da Unit – em todas as suas dimensões, de competência,
responsabilidade, serviço social, academia estudantil, de pesquisa e
conhecimento científico tão profícuo, etc. – é a expressão mais grandiosa que
se derrama da própria vida e empreendimento existencial do Senhor Uchôa. Sou
muito grato e feliz por fazer parte desse universo acadêmico, ao lado de
professores, alunos, funcionários, administradores, servidores et alii. Que tudo isso seja, então, reverberação
do quanto somos agradecidos.
Portanto, hoje, no aniversário de 59 anos de fundação do Grupo Tiradentes, gratidão e reconhecimento são reflexos do sentimento que nos reveste por dentro, por toda a benemerência social, profissional e acadêmica que se estende sobre o território sergipano e além fronteiras. Parabéns! Ad multos annos.