quinta-feira, 22 de abril de 2021

 

Unit: Gratidão e Tributo

 

 

Em 2017, resolvi voltar à Universidade para estudar Direito. Como costumo dizer, “a porta do conhecimento não se fecha nunca”. Assim, num breve histórico, gostaria de manifestar gratidão a todas as pessoas que, mais de perto, me proporcionaram essa possibilidade. Quando a vida começa a degringolar em determinadas conjunturas, é preciso abrir-se a novos horizontes, a fim de não ficarmos prisioneiros nem reféns de estradas que parecem nos levar a lugar nenhum, do mesmo modo como, quando as nuvens plúmbeas da existência se tornam densas e obscuras, faz-se necessário encontrar novas luzes. Foi o que tentei fazer com as portas que se me abriram.

Até os quarenta e seis anos de idade, nunca havia me passado pela cabeça, nem de longe, pelos espaços siderais da estratosfera intelectual, a ideia de estudar Direito. Mas aconteceu que, um dia, a amiga da Academia Sergipana de Letras, Ana Maria Fonseca Medina – com quem tive muitas oportunidade de me encontrar, em seus penates, inclusive para refeições no seio da sua família, ao lado se seu esposo, o Senhor Alair Jorge Decker Medina, e tantos outros familiares, onde também tínhamos o nosso “recreio cultural” – depois de muita insistência e boa vontade, conseguiu convencer-me de que eu poderia fazer parte do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, da mesma Academia Sergipana de Letras. Já fazia alguns anos que ela me abordara sobre a possibilidade, mesmo antes de 2014, quando me mudei para Jerusalém onde fui estudar como bolsista, agraciado pela Comunidade das Irmãs de Sion, residentes em Paris. Todavia, o feito se realizou apenas depois que voltei. Mais uma vez, no regresso, ela me questionou sobre minha disposição em ir participar do referido Movimento Cultural. Dei meu assentimento, e, algum tempo depois, ela apresentou meu Curriculum Vitae ao sodalício para estudo de possível aprovação do meu nome. Mas no meio daquela plêiade de intelectuais, composto por homens e mulheres elitizados pela competência magistral de sua veia literária, poética, cultural e histórica, estava alguém que se interessou vivamente pelo meu curriculum vitae, e disse que gostaria de me conhecer.

Tratava-se, então, do Fundador da UNIT, Jouberto Uchôa de Mendonça. Sabendo do ocorrido, não perdi tempo, e fui atrás da realização de mais um sonho acadêmico. Um pastor evangélico, americano, que aprendi a admirá-lo lendo seus livros de teologia bíblica, afirmou o seguinte: “Uma das agonias do inferno será a lembrança das oportunidades desperdiçadas”. (Wiersbe). Então, para não correr o risco, resolvi escrever uma carta endereçada ao Senhor Jouberto Uchôa, com o seguinte teor:

“Itabaiana, 2 de dezembro de 2016. Sou o Padre Gilvan Rodrigues dos Santos, da Arquidiocese de Aracaju, formado com licenciatura em Filosofia, curso reconhecido pela Unit, e mestrado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, conforme o Curriculum apresentado. No momento, gostaria de poder aprofundar meus conhecimentos através do Direito, desejando realizá-lo na honrosa Universidade Tiradentes (Unit), a partir de 2017, no campus de Itabaiana onde moro atualmente. Na verdade, seria uma possibilidade para ver o mundo pelos óculos do Direito. Para tanto, gostaria de, se possível, solicitar uma bolsa de estudos que me permitisse ajudar nos custos. Com estima, admiração e reconhecimento, muitíssimo grato!”

Não demorou quinze dias para que a resposta chegasse por meio da secretária do Departamento de Assuntos Acadêmicos (DAA) da Unit da Farolândia. Uma voz feminina me dizia que telefonava da parte do Senhor Uchôa, afirmando que eu fora autorizado a fazer a matrícula na Universidade; que eu poderia concluir o curso – “mas nem comecei?” – devendo apenas pagar a matrícula no início de cada período.

Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida naquela época. Senti-me aéreo, flutuando dentro de mim mesmo, por saber que alguém me confiara tamanha responsabilidade. E que responsabilidade! Naquele instante entendi mais empiricamente a palavra de Santo Agostinho quando asseverou: “Quando a alegria é pequena, a alegria entra dentro de nós, mas quando a alegria é muito grande, nós entramos na alegria”. Aquela euforia interior era o início de novos tempos na minha vida. Realizei os trâmites legais, junto ao departamento acadêmico da Unit, e me matriculei, patrocinado por uma bolsa exclusiva de estudos.

Matriculado, fui dispensado de doze disciplinas reconhecidas do curso de Filosofia, e estou concluindo o curso em quatro anos e meio. A grade ficou meio irregular, não tive turma certa, pendulando entre os vários períodos, de turma em turma, até à iminente conclusão. Para os meus cinquenta anos de vida, Deus não poderia ter me dado presente melhor. À época, alguém me disse feliz: “Nossa, padre, considere-se o cometa halley do século XXI, ter conseguido uma bolsa assim”.

Outrossim, convém destacar que na ponta dessa cadeia narrativa, estava alguém, cujo nome, eu não poderia deixar de declinar audível e solenemente, prestando, assim, tempestiva homenagem de reconhecimento e gratidão, por me elevar, colocando-me no meio intelectual sergipano e abrindo, para mim, as portas dos sodalícios culturais do Estado de Sergipe, como o IHG-SE (Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe) e da ASI (Associação Sergipana de Imprensa), dos quais também sou membro. Seu nome, já citado? Ana Maria Fonseca Medina. Pois bem, foi a partir daquela apresentação que ela fez da minha pessoa, especialmente, indicando-me para fazer parte do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, da Academia Sergipana de Letras, que outra porta do destino se abriu no horizonte da minha existência. Ela foi a protagonista do salto que dei em direção ao Direito.

A gratidão é, pois, um sentimento profundamente enraizado no meu coração dos humildes. Certamente, a grandeza da Unit – em todas as suas dimensões, de competência, responsabilidade, serviço social, academia estudantil, de pesquisa e conhecimento científico tão profícuo, etc. – é a expressão mais grandiosa que se derrama da própria vida e empreendimento existencial do Senhor Uchôa. Sou muito grato e feliz por fazer parte desse universo acadêmico, ao lado de professores, alunos, funcionários, administradores, servidores et alii. Que tudo isso seja, então, reverberação do quanto somos agradecidos.

Portanto, hoje, no aniversário de 59 anos de fundação do Grupo Tiradentes, gratidão e reconhecimento são reflexos do sentimento que nos reveste por dentro, por toda a benemerência social, profissional e acadêmica que se estende sobre o território sergipano e além fronteiras. Parabéns! Ad multos annos.