quarta-feira, 13 de setembro de 2023

 

Gaudete in laetitia fratrum

 

 


Alegrai-vos na alegria dos irmãos! Esse foi o pensamento que me assaltou o espírito quando vi fotografias de Dom Genivaldo Garcia, Bispo da Diocese de Estância, em Sergipe, visitando o Santo Padre, o Papa Francisco, ou até mesmo na Basílica do Vaticano, juntamente com alguns irmãos bispos, eleitos para o episcopado entre 2022 e 2023, especialmente, aqui, no Brasil. Fico imaginando a alegria que não deve ter sido poder participar de um encontro de formação na Santa Sé, no coração da Igreja, e com a presença do Santo Padre, o chefe visível da unidade universal da Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que outra instituição religiosa tem esse carisma ou essa organização hierárquica, para levar a cabo a determinação do Senhor Jesus, que pediu aos Apóstolos que fossem pelo mundo inteiro anunciando a todos os povos a Boa Nova da salvação eterna? Digam o que quiserem dizer, mas só a Igreja Católica Apostólica Romana tem esse privilégio!

Na Igreja Católica, o episcopado é um convite especial do Senhor a fazer parte da plenitude da vocação do Ministério Sacerdotal. Mas não é para todos! O epíscopo é uma espécie de vigia, de atalaia, alguém que olha acima dos outros – conforme a etimologia grega do termo – numa espécie de vigilância permanente, a fim de que os súditos possam caminhar, segundo as leis de Cristo e da Igreja, para chegarem à vida eterna. Assim, os bispos agem “com Pedro e sob Pedro”. Trata-se, pois, de uma beleza bastante significativa no contexto eclesial. De fato, o Concílio Vaticano II afirma: “Todos os bispos, como membros do corpo episcopal, sucessor do colégio Apostólico, são consagrados não só em benefício de uma diocese, mas para a salvação de todo o mundo. O mandato de Cristo de pregar o Evangelho a toda a criatura afeta-os primária e imediatamente a eles, com Pedro e sob Pedro”. (Ad Gentes, n. 38). Ou seja, em comunhão com o Papa, os bispos assumem ainda a responsabilidade para fazerem acontecer a “dilatação do corpo de Cristo”.

Tão sublime é a missão do bispo, que outro documento destaca o seguinte: “Na pessoa dos bispos, quando coadjuvados pelos presbíteros, é o próprio Senhor Jesus Cristo que está presente no meio dos fiéis. Embora sentado à direita de Deus Pai, não se ausenta da comunidade dos seus pontífices; mas é principalmente através do Ministério excelso dos bispos que Jesus Cristo prega a palavra de Deus a todos os povos e administra continuamente o sacramento da fé aos crentes; e, graças ao ofício paternal dos mesmos (cf. 1Cor 4,15), vai incorporando por geração sobrenatural novos membros ao seu corpo; finalmente, pela sabedoria e prudência dos bispos, dirige e orienta o povo do Novo Testamento na sua peregrinação para a eterna bem-aventurança”. (Lumem Gentium, n. 21). Bonita e extraordinária missão apostólica a eles confiada, como a toda a Igreja, com a participação e a colaboração missionária dos sacerdotes e igualmente dos fiéis leigos.

Sei dos pecados dos homens da Igreja, que não são santos como gostaríamos – mas também nem anjos nem demônios; sei de suas feridas e vulnerabilidades mais profundas, diante da missão que lhe é exigida pela própria Igreja; e, aqui, não estou me referindo especificamente a um indivíduo por excelência. Refiro-me à fragilidade a que todos nós fomos expostos pela “desorientação antológica” que quebrou o eixo da humanidade quanto à relação divina; refiro-me à desobediência de Adão, que nos precipitou a todos nós nas garras da concupiscência da carne e dos olhos e consequentemente na soberba da vida. (cf. 1Jo 2,15-17). Tudo isso como consequência do pecado. No entanto, resgatados por Cristo pela generosa entrega do Filho de Deus, o novo Adão, voltamos maravilhosamente à intimidade com o Pai criador. Dessarte, o próprio Filho de Deus, Jesus de Nazaré, quis colaboradores, os discípulos, dentre os quais ele escolheu os “apóstolos”, cuja palavra significa “enviados”. (cf. Lc 6,12-19).

Agora, Dom José Genivaldo Garcia está também entre eles, na linha da sucessão apostólica, de modo que nós também nos alegramos com sua chegada ao episcopado! Ele é nosso amigo; ele é nosso irmão, saído do clero da arquidiocese de Aracaju. Por isso, alegramo-nos pelo seu chamado a tal ministério, pelo seu “sim” a Deus, pelo seu “fiat”’ – “faça se!” Que a experiência junto ao Santo Padre, com outros bispos de sua geração, anime-o imensamente, a fim de que corresponda sempre com mais generosidade à missão que lhe fora confiada pelo Pastor dos pastores, Jesus, o dono da messe. A ele, nosso abraço, nosso respeito, nossas orações por sua fidelidade. (Dr. PGRS).