Gaudete in laetitia fratrum
Alegrai-vos na alegria
dos irmãos! Esse foi o pensamento que me assaltou o espírito quando
vi fotografias de Dom Genivaldo Garcia, Bispo da Diocese de Estância, em
Sergipe, visitando o Santo Padre, o Papa Francisco, ou até mesmo na Basílica do
Vaticano, juntamente com alguns irmãos bispos, eleitos para o episcopado entre 2022
e 2023, especialmente, aqui, no Brasil. Fico imaginando a alegria que não deve
ter sido poder participar de um encontro de formação na Santa Sé, no coração da
Igreja, e com a presença do Santo Padre, o chefe visível da unidade universal
da Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Que outra instituição
religiosa tem esse carisma ou essa organização hierárquica, para levar a cabo a
determinação do Senhor Jesus, que pediu aos Apóstolos que fossem pelo mundo
inteiro anunciando a todos os povos a Boa Nova da salvação eterna? Digam o que
quiserem dizer, mas só a Igreja Católica Apostólica Romana tem esse privilégio!
Na Igreja Católica, o episcopado é um convite
especial do Senhor a fazer parte da plenitude da vocação do Ministério
Sacerdotal. Mas não é para todos! O epíscopo é uma espécie de vigia, de
atalaia, alguém que olha acima dos outros – conforme a etimologia grega do termo
– numa espécie de vigilância permanente, a fim de que os súditos possam
caminhar, segundo as leis de Cristo e da Igreja, para chegarem à vida eterna. Assim,
os bispos agem “com Pedro e sob Pedro”. Trata-se, pois, de uma beleza bastante
significativa no contexto eclesial. De fato, o Concílio Vaticano II afirma: “Todos
os bispos, como membros do corpo episcopal, sucessor do colégio Apostólico, são
consagrados não só em benefício de uma diocese, mas para a salvação de todo o
mundo. O mandato de Cristo de pregar o Evangelho a toda a criatura afeta-os
primária e imediatamente a eles, com Pedro e sob Pedro”. (Ad Gentes, n. 38). Ou seja, em comunhão
com o Papa, os bispos assumem ainda a responsabilidade para fazerem acontecer a
“dilatação do corpo de Cristo”.
Tão sublime é a missão do bispo, que outro
documento destaca o seguinte: “Na pessoa dos bispos, quando coadjuvados pelos
presbíteros, é o próprio Senhor Jesus Cristo que está presente no meio dos
fiéis. Embora sentado à direita de Deus Pai, não se ausenta da comunidade dos
seus pontífices; mas é principalmente através do Ministério excelso dos bispos que
Jesus Cristo prega a palavra de Deus a todos os povos e administra
continuamente o sacramento da fé aos crentes; e, graças ao ofício paternal dos
mesmos (cf. 1Cor 4,15), vai incorporando por geração sobrenatural novos membros
ao seu corpo; finalmente, pela sabedoria e prudência dos bispos, dirige e
orienta o povo do Novo Testamento na sua peregrinação para a eterna bem-aventurança”.
(Lumem Gentium, n. 21). Bonita
e extraordinária missão apostólica a eles confiada, como a toda a Igreja, com a
participação e a colaboração missionária dos sacerdotes e igualmente dos fiéis
leigos.
Sei dos pecados dos homens da Igreja, que não
são santos como gostaríamos – mas também nem anjos nem demônios; sei de suas
feridas e vulnerabilidades mais profundas, diante da missão que lhe é exigida
pela própria Igreja; e, aqui, não estou me referindo especificamente a um
indivíduo por excelência. Refiro-me à fragilidade a que todos nós fomos
expostos pela “desorientação antológica” que quebrou o eixo da humanidade quanto
à relação divina; refiro-me à desobediência de Adão, que nos precipitou a todos
nós nas garras da concupiscência da carne e dos olhos e consequentemente na
soberba da vida. (cf. 1Jo 2,15-17). Tudo isso como consequência do pecado. No
entanto, resgatados por Cristo pela generosa entrega do Filho de Deus, o novo
Adão, voltamos maravilhosamente à intimidade com o Pai criador. Dessarte, o próprio
Filho de Deus, Jesus de Nazaré, quis colaboradores, os discípulos, dentre os
quais ele escolheu os “apóstolos”, cuja palavra significa “enviados”. (cf. Lc 6,12-19).
Agora, Dom José Genivaldo Garcia está também
entre eles, na linha da sucessão apostólica, de modo que nós também nos
alegramos com sua chegada ao episcopado! Ele é nosso amigo; ele é nosso irmão,
saído do clero da arquidiocese de Aracaju. Por isso, alegramo-nos pelo seu
chamado a tal ministério, pelo seu “sim” a Deus, pelo seu “fiat”’ – “faça se!” Que
a experiência junto ao Santo Padre, com outros bispos de sua geração, anime-o
imensamente, a fim de que corresponda sempre com mais generosidade à missão que
lhe fora confiada pelo Pastor dos pastores, Jesus, o dono da messe. A ele, nosso
abraço, nosso respeito, nossas orações por sua fidelidade. (Dr. PGRS).