O melhor candidato nas
eleições
Se
há um tempo em que o inferno parece baixar à terra, é o tempo de política.
Trata-se do momento em que a gente descobre o mundo maravilhoso e mágico da
política. Comício, passeatas e carreatas deveriam ser iguais a partida de
futebol, com local certo, horário marcado, para iniciar e terminar, sendo que o
eleitor fanático deveria pagar o ingresso para entrar no local.
Infelizmente
não é isso o que acontece quando vamos por aí, sem ter nada a ver com esse ou
aquele candidato, e somos obrigadamente constrangidos a entrar no desfile de
carros de torcedores que levam suas bandeiras com desejos de vitória nas urnas.
E não digam que ninguém iria atrás deles, porque o fanatismo e o interesse
falam mais alto do que a comodidade da indiferença diante das promessas dos
candidatos. Nesse contexto, duvido que eles se deparariam com pessoas sensatas,
que sabem que a preciosidade de seu tempo não merece o desperdício com
discursos demagógicos, falaciosos e, inclusive, difamatórios. Quem não tem
propostas para apresentar aos eleitores deveria ser proibido de se pronunciar
nos horários gratuitos e obrigatórios com a intenção de angariar votos, com a
consequente possibilidade de poder ocupar o cargo público para o qual se
candidatou.
Impressiona-me
a quantidade numérica de pessoas que se apresentam nesse momento tão importante
para a história do nosso país. Eu daria um prêmio a quem me dissesse de que
buracos elas saem com tanta impetuosidade e sede de poder! Há pessoas sem
nenhuma notoriedade social, quanto mais política. Pessoas até semianalfabetas,
que se julgam no direito de representar o povo em nome de quem deverá legislar
ou governar. Como pode ignorantes querer algum prestígio no escalão do poder
quando mal sabem assinar o seu próprio nome? Escolaridade e formação não
deveriam ser exigidas, comprovadamente, antes de os partidos fecharem suas
chapas, seus conluios ou conchavos? Lembro-me de que, certa vez, numa cidade do
interior, perguntei a um vereador, como que eles iriam elaborar a Carta Magna
do município se eles mesmos nem sequer tinham conhecimento da Constituição
Federal e Estadual nem de outros assuntos necessários à criação de uma lei. E
ele, na maior cara de pau, provocativa e despudoradamente, disse-me que eles
copiariam a de outro município. Claro, assim tudo fica muito mais fácil no
submundo da ignorância política, enquanto a maioria paga o preço da teimosia
burra e reincidente de seus prováveis representantes.
Fico
até imaginando a capacidade argumentativa desses microcéfalos, forjados de
sabedoria política, quando não passam de truões recobertos de interesses
pessoais, sugando nas tetas do poder o prestígio imerecido das prevaricações
mantidas por suas artimanhas eleitoreiras. A bem da verdade, parafraseando o
poeta inglês Pope, o melhor mesmo é não esperar nada dos políticos, pelo menos
assim, nunca teremos desilusões quanto a não realização de suas promessas. Ah, desculpem,
mas quanto ao melhor candidato apresentado nas eleições, com certeza, ele é o
voto secreto, para não morrermos de vergonha depois que a democracia for
vencida ou derrotada nas próprias urnas.