Um Papa Chamado Francisco
Com
muita alegria e entusiasmo cristão, podemos acompanhar, ao vivo, pela televisão
internacional, a eleição do Papa Francisco. É a primeira vez na história da Igreja
que um Papa assume o nome de Francisco, e, em quase mil e trezentos anos, ele
surge de fora do Continente Europeu. Foram 13 dias de Sé Vacante, desde quando
o Papa Bento XVI renunciou no dia 28 de fevereiro. Como sua renúncia fora
comunicada há exatamente um mês e um dia antes do início do novo Conclave,
certamente, desde aquele momento os cardeais já se levantaram para negociar as
hipóteses e sugestões do nome cardinalício para que o papa fosse eleito.
Seu
nome: Papa Francisco! Um jesuíta de simplicidade franciscana que parece
intencionar unir duas vertentes do apostolado de dois santos com o mesmo nome
para nortear sua orientação pastoral de condução da barca de Pedro pelos
desafios do mundo contemporâneo: pobreza e evangelização. Um Papa que deve preocupar-se
com os pobres, ao mesmo tempo que, também, deve evangelizá-los, levando a
boa-nova de Cristo para todos os homens. Quem não conhece a história de São
Francisco de Assis, que viveu entre os séculos XII e XIII, devotando sua vida
ao estilo evangélico? Amigo dos pobres, ele despojou-se da riqueza e opulência
do pai para esposar a própria pobreza. Pelos noticiários que vimos e ouvimos, o
novo Cardeal que virou Papa caracteriza-se pela simplicidade e proximidade aos
pobres. Bonito saber de sua sugestão quando foi criado Cardeal, em 2001, pelo
Papa João Paulo II: os amigos de sua arquidiocese que pensavam em acompanhá-lo
àquele momento tão solene, atenderam ao seu pedido para que o dinheiro da
viagem fosse revertido aos mais necessitados da comunidade. Um testemunho
concreto de caridade fraterna.
Quanto
a São Francisco Xavier, um jesuíta, que faleceu em meados do século XVI, ele destacou-se
pelo espírito missionário e evangelizador, sobretudo, deixando os países
europeus para dedicar-se à cristianização do Oriente, como do Japão e da Índia.
Um teimoso aventureiro do evangelho de Cristo.
Ao
aproximar-se do Pórtico da Basílica do Vaticano de onde se apresentou, as
palavras do novo Papa traduzem o sentido profundo de seu pontificado e de sua
vida, inspirada na fraternidade e no amor recíproco: “E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja
de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de
fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros.
Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que
este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal
Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão
bela!”
Francisco: O Papa do Fim do
mundo!
Agora,
sim, vai chegar o fim do mundo mesmo! Os Cardeais eleitores do segundo Conclave
do início do terceiro milênio elegeram um papa “do fim do mundo!” Assim,
apresentou-se o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, da Argentina, que, ao ser eleito
Papa, intitulou-se Francisco: “Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um
Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao
fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana
de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma
oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para
que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde”.
A
fumaça branca começou a subir pela chaminé e se espalhar pelos ares de Roma, às
19h06min. Habemos Papam! Esse foi o anúncio feito pelo Cardeal Jean-Louis
Tauran, francês, do pórtico da Basílica do Vaticano, às 20h18. Quem no-lo
poderia dizer ou revelar por antecipação mais essa surpresa histórica da Igreja
Católica? O Papa é sempre o Papa e, quanto a isso, ninguém discute. Ele é
aquele que Cristo colocou à frente de sua Igreja (Mt 16,13-19) com a
responsabilidade de confirmar os seus irmãos na fé (Jo 21, 15-17). Porém,
tentar adivinhar a sua origem, sua nacionalidade, suas tendências teológicas,
seus talentos reflexivos ou comunicativos não é tarefa fácil, sobretudo,
porque, no final, o Espírito Santo acaba surpreendendo todos os palpites da imprensa
em ebulição. Tanta especulação barata a troco de nada. Mas a imprensa vive
disso. Depois de 13 dias de Sé Vacante, com a renúncia de Bento XVI, eis que,
agora, teremos de habituar-nos ao novo rosto do Romano Pontífice. Acabou-se o
tempo da expectação. A curiosidade de todos foi satisfeita às 20h18, horário
local, em Roma. Então, já temos Papa. Viva o Papa!
Seu
nome é Papa Francisco! Certamente, uma homenagem a dois Santos chamados
Francisco. São Francisco de Assis, que viveu no final século XII e início do
século XIII, em tempos de circunstâncias, tanto sociais quanto eclesiais, muito
difíceis. Ele quis empregar toda a sua vida ao estilo de vida evangélica,
conforme a pobreza e a simplicidade. Ele que afirmava: “Ninguém me ensinava o
que eu devia fazer; mas o próprio Altíssimo me revelou que devia viver segundo
o santo Evangelho”. O outro se chamava São Francisco Xavier, pertencente à
congregação do novo Papa, um Cardeal jesuíta. Voltado à evangelização dos
povos, não podemos esquecer-nos do empenho missionário que o levou a aportar no
Oriente, morrendo às portas de Goa, na Índia, em 1552. Era “um navarrês
teimoso”, segundo os historiadores; “o missionário mais audacioso de todos os
tempos, procurava sacudir o torpor da Europa para que fossem enviados ao
Oriente não mais cobiçosos comerciantes em busca de riqueza, mas generosos
apóstolos da Boa-nova” de Cristo e de seu evangelho. Como sabemos, o nome que o
Santo Padre se impõe é de escolha totalmente livre e pessoal. Uma inspiração,
quiçá, espiritual que pode ter a vida do Papa, cujo nome ele assume na sucessão
à Cátedra Petrina. Quem é ele? De onde ele vem? Qual sua influência nos últimos
tempos do pontificado ratzingueriano? Seu nome constava na lista dos mais
papáveis como tanto averiguaram a imprensa internacional e muitos vaticanistas?
Ou será um rosto desconhecido que precisa ser descoberto? Seu pontificado no-lo
dirá. Com a idade de 76 anos, com certeza, ele terá mais tempo para dizer a
quem veio e qual será sua “política” administrativa da Igreja de Roma.
No
momento, nada mais nos resta, além de agradecermos a Deus a oportunidade de
mais um Papa que deve trazer dentro do coração a própria verdade imutável e
perene do Evangelho de Cristo. É ele mesmo, isto é, o Senhor Jesus, quem nos
concede tão precioso dom. São tempos novos para a Igreja do Senhor, sempre fiel
aos mandamentos e ensinamentos de seu fundador. Amiúde, o mundo gostaria de
ouvir discursos aplausíveis por parte do Papa. Todavia, nem sempre o que Cristo
prega por meio da Igreja é tão producente quanto gostaríamos. A palavra do
Evangelho semeada no coração dos homens encontra resistências pela cultura
libertina com que estamos contaminados. Todos os “direitos” concedidos pela
gravidade de nossas escolhas, às vezes, contrárias à vontade de Cristo que nos
quer todos santos, tentam encontrar um ponto de apoio no relativismo com que fundamentamos
suas razões. O esperado diálogo com o mundo moderno, tão moralmente distante
dos preceitos divinos, ainda não vai encontrar o respaldo necessário à superação
das expectativas. Por isso que, por incrível que pareça, ainda hoje, muitos
cristãos são levados para morrer de fome e de sede no deserto. Muitos outros
são incinerados dentro de suas próprias igrejas e comunidades, como vimos em
episódios recentes na Nigéria. E os intolerantes ainda se consideram no direito
de pedir tolerância. As minorias querem ter direitos, desprezando e sufocando os
mesmos direitos da maioria.
Bem-vindo,
Papa Francisco! Bendito o que vem em nome do Senhor! Deus conceda vida longa,
saúde e paz ao novo “Vigário de Cristo na terra”, a fim de que ele possa, em
meio às vicissitudes temporais, dentro e fora da Igreja, conduzir o rebanho do
Senhor à fraternidade universal entre todos os povos.