O Dia do Papa
Para
os católicos da Igreja de Roma, o último Domingo do mês de junho é sempre
considerado o Dia do Papa. Colocado à frente do Rebanho do Senhor como chefe
visível da unidade dos cristãos católicos, Pedro é a figura de maior destaque
na Festa dos Apóstolos Pedro e Paulo. De fato, foi a ele que Cristo disse: “Tu
és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Hades
[as potências do mal] nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16,18); “Apascenta as
minhas ovelhas” (Jo 21,16.17).
De
espírito arrebatador e exaltado, impulsivo e extrovertido, disposto, inclusive,
a dar a sua vida por Cristo, quando todos o abandonariam na noite da traição e
do julgamento, negou conhecer Jesus no momento grave e histórico de sua
condenação. E fê-lo diante de duas criadas e de outras pessoas que estavam lá:
“Não sei o que dizes”; “Não conheço esse homem” (Mt 26,69-74). Traiu-o,
manifestando a frieza própria dos homens na hora da perseguição e do medo.
Depois, arrependido, chorou amargamente, tendo cantado o galo (Mt 26,75), como
havia predito o próprio Cristo: “Em verdade te digo que esta noite, antes que o
galo cante, me negarás três vezes” (Mt 26,34). Mas, retomando o esforço do
caminho de seu amadurecimento na fé, atingindo também o coroamento do martírio
pelo testemunho mais radical do amor ao Mestre de Nazaré, entregou-se,
generosamente, à causa do projeto de seu Senhor. Assim, vendo o balanço
interior de Pedro no momento da provação, quem de nós poderia colocar-se fora
da estranha força da inquietação que nos assalta na hora crucial da verdade da
nossa fé? Na hora de encararmos os riscos que a adesão a Cristo comporta na
exigência do seguimento fiel e incondicional aos seus apelos de generosidade e
entrega pessoal? Quem não carrega dentro de si um “Pedro”, vacilante e medroso,
hesitante e até covarde, em determinadas circunstâncias do “sim” que Cristo nos
pede quando nos convida: “Segue-me!”?
Hoje,
Pedro se chama Francisco. É o Papa Francisco, que, depois de tempos turbulentos
e revoltos e de águas profundamente agitadas – “acolhendo” a renúncia de seu
predecessor, o Papa Bento XVI – assumiu a responsabilidade do timoneiro da
barca de Pedro, que é a verdadeira Igreja de Cristo. Passam-se os papas, mas a
Igreja do Senhor permanece firme, inabalável na imensidão de suas águas
profundas, singrando vagas impetuosas, em direção ao porto seguro da
eternidade, onde seu dono a espera na plenitude da Igreja triunfante, nos céus.
Deus
abençoe o Papa Francisco, concedendo-lhe firmeza e coragem para confirmar o
rebanho na fé e apascentar as ovelhas do Senhor ainda peregrinas e dispersas
pelo mundo inteiro.