Maria da Assunção
Domingo
passado, a Igreja no Brasil celebrou a Assunção de Nossa Senhora, comemorada no
dia 15 de agosto. Durante séculos, a intuição milenar da Igreja de Cristo
percebeu que, sobretudo, fundamentada na teologia bíblica, dizendo “sim” ao
projeto divino e tendo já sido concebida sem a mancha do pecado original, a Mãe
de Jesus, mais do que qualquer outra criatura sobre a face da terra, sempre
esteve intimamente ligada ao seu próprio Filho. Eis, então, o que afirmara o
Papa Pio XII, em 1950, quando proclamara o Dogma da Assunção de Maria: “Desde o
segundo século, os santos padres apresentam a Virgem Maria qual nova Eva para o
novo Adão: intimamente unida a ele – embora com submissão – na mesma luta
contra o inimigo infernal (como tinha sido previamente anunciado no
proto-evangelho [cf. Gn 3,15), luta que iria terminar com a completa vitória
sobre o pecado e a morte, coisas que sempre estão juntas nos escritos do
Apóstolo das gentes (cf. Rm 5 e 6; 1Cor 15,21-26.54-57)”.
E
o Santo Padre continuava: “Por este motivo, assim como a gloriosa ressurreição
de Cristo era parte essencial e o último sinal desta vitória, assim também
devia ser incluída a luta da santa Virgem, a mesma que a do seu Filho, pela
glorificação do corpo virginal”. Bendita aquela que acreditou! Assim, o
comportamento de fé da Mãe de Deus é motivo de alegria para todos os cristãos,
que com veneração, acolhem-na em sua vida, a pedido de Cristo que nos diz: “Eis
[aí, a] tua mãe” (Jo 19,27). Maria disse “sim” com os lábios, o coração e a
vida inteira, sem nenhuma chance de permitir que as inspirações do tentador
pudessem desviá-la, por um milésimo de segundo sequer, da sinceridade absoluta
de suas atitudes, fiéis e obedientes à vontade de Deus. Eis por que ela se
encontra, lá, antes de todos nós, de onde também nos espera para que
participemos da gloria celeste, junto ao seu Filho. De fato, é confiante nessa
esperança que a Igreja reza nesse dia: “Deus eterno e todo poderoso, que
elevastes à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria, Mãe do
vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto a fim
de participarmos da sua glória”.
Na
afirmação São Paulo, “todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem
determinada: Em primeiro lugar, o Cristo, como primícias; depois, os que
pertencem a Cristo” (1Cor 15,22-23). Nessa perspectiva de realização plena no
céu, Maria pertence a Cristo, desde todo o sempre pelo misterioso desígnio do
Pai celestial. Assunta ao céu, em corpo e alma, a Mãe de Jesus já está
revestida da imortalidade de que ainda fala São Paulo, uma espécie de “moradia
que não é feita de mãos humanas, mas que é eterna” (1Cor 5,1). Na terra, somos
peregrinos em direção ao cumprimento definitivo das promessas divinas no tempo
da eternidade de Deus. Olhando para Maria, em quem resplandece a glória da
ressurreição de Cristo, alimentamos a esperança de, também, nós chegarmos lá.