O Mês da Bíblia
Aqui
no Brasil, para os cristãos católicos, o mês de setembro ficou conhecido como “o
mês da Bíblia”. Trata-se, portanto, de um tempo em que todos nós somos
convidados a aproximar-nos mais da Palavra de Deus, permitindo que ele
transforme nossa vida.
A
Sagrada Escritura não é propriedade de ninguém senão de Deus mesmo que,
autorrevelando-se, dá-se a conhecer ao seu povo. Nela, encontramos a “carta
magna” do imenso amor misericordioso de Deus que ama as suas criaturas com um
amor, escandalosamente incondicional. Assim, a História da Salvação que a
Bíblia narra e revela, contém a extraordinariedade do zelo infinito de Deus que
procura, de maneira incansável, atingir a obra-prima de toda a sua criação, o
homem, diante de quem ele derrama, com generosa e abundante gratuidade, toda a
sua complacência.
Lendo
as páginas sagradas ninguém pode permanecer indiferente ao conteúdo do amor
divino, como se nada tivesse a ver com a profusão do testemunho amoroso de
Deus, que a todo custo procura o homem, tentando e desejando encontrá-lo. Na
verdade, a palavra da Bíblia deve ser uma palavra que incomoda. E ela incomoda
porque nos coloca diante de nós mesmos, com todas as nossas misérias humanas,
espirituais, morais, mas que, ao mesmo tempo, precisam ser alcançadas pela
misericórdia e pela graça divinas. E é Cristo, a Palavra por excelência feita
carne, quem nos apresenta a consolação de Deus, o Pai Eterno, visto que Ele,
com a sua Encarnação, “revela o homem ao próprio homem [...]” (GS, n.22). Mas
será que nós conhecemos verdadeiramente a Bíblia? Qual é o nosso relacionamento
e diálogo com ela?
O Papa Bento XVI
afirma: “A palavra divina ilumina a existência humana
e leva as consciências a reverem em profundidade a própria vida, porque toda a
história da humanidade está sob o juízo de Deus: ‘Quando o Filho do Homem vier
na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, sentar-Se-á, então, no seu
trono de glória. Perante Ele reunir-se-ão todas as nações’ (Mt 25,31-32). No
nosso tempo, detemo-nos muitas vezes superficialmente no valor do instante que
passa, como se fosse irrelevante para o futuro. Diversamente, o Evangelho recorda-nos
que cada momento da nossa existência é importante e deve ser vivido
intensamente, sabendo que cada um deverá prestar contas da própria vida. [...]
Desse modo, é a própria palavra de Deus que nos recorda a necessidade do nosso
compromisso no mundo e a nossa responsabilidade diante de Cristo, Senhor da
História”.
Por
conseguinte, o caminho de amor à Palavra de Deus deve ser percorrido na
consciência ardorosa de que “as Sagradas Escrituras têm o poder de comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus. [Pois, na verdade],
toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para
corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito,
qualificado para toda boa obra” (2Tm 3,15-16). De fato, ninguém se perde
por seguir a palavra do Senhor, viva e eficaz.