João Paulo II e a figura do
Sacerdote
O
alcance do ministério petrino do Beato João Paulo II sempre enfatizou, de
maneira doutrinal e catequética, a grandeza do exercício no ministério
sacerdotal, ao longo de todo o seu pontificado. E o reflexo mais rico e
profundo dessa convicção está nas cartas que ele dirigia aos sacerdotes do
mundo inteiro, a cada Quinta-feira Santa. Depois, elas foram compiladas num
único volume feito na Itália, com o título que seria traduzido por “O amor
maior: Eucaristia e Sacerdócio. Cartas de João Paulo II aos sacerdotes para a
Quinta-feira Santa (19979-2005)”, sob os cuidados de Leonardo Sapienza.
A
primeira carta é da Quinta-feira Santa de 12 de abril de 1979 e, a última, de
24 de março de 2005, poucos dias antes de sua morte. Vivendo com o mundo
inteiro a expectativa dos acontecimentos que culminariam no seu desaparecimento
do nosso meio, no dia 2 de abril seguinte, suas palavras carregam a mesma
emoção que senti, quando, de Israel, a Terra de Jesus, eu podia constatar pelos
meios de comunicação os derradeiros movimentos de sua existência: “O meu
pensamento vem a vós, sacerdotes, enquanto transcorro dias de convalescência e
de reabilitação no hospital, doente entre os doentes, unindo na Eucaristia o
meu sofrimento ao de Cristo. Nesse espírito, quero refletir convosco sobre
alguns aspectos da nossa espiritualidade sacerdotal”.
Antes
mesmo de tornar-me sacerdote, todos os anos, em Brasília, os seminaristas
recebiam a carta que o então Cardeal Arcebispo, Dom José Freire Falcão,
apresentava aos sacerdotes. Sempre a li com muito interesse e vontade de
conhecer melhor o mistério pelo qual estaria disposto a consagrar toda a minha
vida. O conteúdo das cartas é uma riquíssima fonte de inspiração e motivação
para que continuemos apostando que vale a pena oferecer a vida por Cristo, o
Senhor e Salvador de nossas almas, especialmente, pela consciência e lucidez
que o texto transmite à luz do próprio testemunho do, hoje, Beato João Paulo
II.
Já
no início de seu Pontificado, o pensamento de João Paulo II demonstrou a
intenção de ter em consideração a vocação de todos os sacerdotes de Cristo
dispersos pelos lugares mais longínquos e obscuros da terra e também dentro sua
própria interioridade. Assim, expressou-se o referido Papa em sua primeira
carta aos sacerdotes: “No princípio de meu novo ministério na Igreja, sinto
profundamente a necessidade de dirigir-me a vós, a todos, sem nenhuma exceção,
Sacerdotes, seja diocesano seja religioso, que sois meus irmãos, em virtude do
Sacramento da Ordem. Desejo, desde o começo exprimir a minha fé na vocação que
vos une aos Bispos, numa particular comunhão de sacramento e de mistério,
mediante a qual se edifica a Igreja, Corpo místico de Cristo”, de cujo mistério
todos os cristãos fazem parte como de um imenso edifício espiritual, que tem
como alicerce o próprio Senhor, Jesus Cristo, a pedra que os pedreiros
rejeitaram e que se tornou a “Pedra” angular.