Absurdos da Hipocrisia do
Estado dito Laico
O
que realmente significa a palavra “laico” nos lábios de quem o julga ser o
antônimo de religiosidade? Será que, de fato, todos os resquícios do sagrado
devem ser banidos da vida social do Estado que se considera, arrogantemente,
laico, como se a irreligião fosse a verdadeira expressão do respeito à “liberdade
religiosa”? Que ninguém se assuste, mas vai chegar o dia em que, por exemplo,
um padre não poderá mais andar por aí vestido a caráter, porque estará causando
escândalo aos incrédulos, o que já acontece em alguns ambientes públicos da
Europa, onde uma muçulmana não pode mais entrar numa Universidade portando a
sua burca, mesmo que o distintivo seja usado com toda a serenidade de suas
convicções religiosas. De tempos em tempo, o tema volta às raias da discussão
hipócrita e sem fundamento plausível dos detratores da agressividade dos
símbolos religiosos, sobretudo, para os ateus ou aqueles que não professam
religião nenhuma.
Em
alguns lugares, o Crucifixo já foi banido de paredes públicas de edifícios do
Governo. Vestes de identidade que expressem a pertença a esse ou àquele credo
também já não podem ser usadas em determinados lugares, por conta do
constrangimento que podem causar aos que se imaginam independentes e livres das
superstições fantasiosos dos deuses, que podem abençoar o amaldiçoar os seus
súditos, conforme aderência ou não aos seus preceitos. Agora, chegou a vez de
banir o nome de Deus das cédulas brasileiras onde podemos ler, com o auxílio de
uma ótima lupa: “Deus seja louvado!”. Com tantas outras coisas mais sérias e
urgentes que precisariam ser tratadas com mais rigor, preocupação e
responsabilidade pelas autoridades jurídicas competentes do nosso país, como a
torrente de violência e podridão política que assolam o país inteiro, levando
vidas humanas, de maneira implacável, para a sarjeta da destruição e do
descontrole social, entra em cena o despropósito de imaginar que uma afirmação
de louvor a Deus seja preconceituosa e constrangedora para os descrentes.
Se
a intenção deve ser levada até às últimas consequências como querem,
preparem-se, também, para trocar o nome de muitas cidades, no Brasil e no
mundo, que estão profundamente ligadas ao fato religioso, como é o caso de São
Paulo e de São Salvador da Bahia, para citar somente dois rápidos exemplos.
Para quem não sabe, São Paulo foi o grande Discípulo e Apóstolo de Jesus Cristo
que entregou e consumiu toda a sua vida pela causa do evangelho, que anunciava
a salvação trazida pelo Filho eterno de Deus. Como não ligar a história dessa
imensa metrópole aos primórdios do Cristianismo que chegara ao Brasil aportado
pelas caravelas de Pedro Álvares Cabral – que se dirigia para a Índia – e do
labor do apostolado dos jesuítas que aqui vieram plantar a cruz do Evangelho? Quanto
a São Salvador da Bahia, de quem se trata senão de nosso bendito Redentor e
Salvador Jesus Cristo? Nos Estados Unidos e na própria América Latina, quantas
cidades possuem nomes relacionados à religião? Faça a lista! Dê-se ao trabalho
de pesquisar e você ficará surpreso com o resultado. E quanto às pessoas,
inclusive, públicas que carregam sobre si os estigmas da religião de Cristo em
seus nomes? Também não deveriam mudar? Penso que sim, a fim de não
constrangerem sua geração, nem ascendente nem descendente, conspurcando-a com a
suposta praga do catolicismo.
E
não é somente isso! Quem for honestamente crítico, verdadeiro e coerente com
sua inteligência, sabe muito bem dos imensos benefícios que o Cristianismo
sempre carregou consigo nas costas de sua História, permitindo chegar às portas
da modernidade todo o seu valor cultura, moral, espiritual, sobretudo, expresso
na arte, em geral, na literatura e na pintura. O que dizer, então, dos belíssimos
vitrais catequéticos que estampam as igrejas antigas e medievais – muitas das
quais já se transformaram em hotéis de luxo, prefeitura, bares de dança e etc –
como florescimento de um novo estilo de transmissão do conhecimento, ainda se pejada
dos atributos religiosos do mesmo Cristianismo? Não são contornos
indispensáveis à elaboração cultural contemporânea? Tudo isso não deveria, de igual
modo, ser varrido de museus e outros templos de conservação desses resquícios
de culto à Divindade? Estúpida e arrogante pretensão de laicidade! Parafraseando
a Sagrada Escritura, maldita nação cujo deus [com “d” minúsculo] não é o
Senhor!
Mais
grave do que se afastar da religião, como pretende o mundo moderno, será o
iminente risco de proibirem as pessoas de professarem a sua fé livremente,
segundo os ditames de sua consciência. Desse modo, aparentemente, inofensivo, mas
contundentemente agressivo e déspota, novas perseguições irão sendo forjadas nas
consciências deletérias dos valores cristãos que ameaçam tanto à lisura impoluta
de suas posturas imperativas. Assim, eles vão empurrando para as catacumbas modernas
o voo livre da religião de Cristo, que nada mais quer além de poder cumprir seu
papel com a liberdade e o desimpedimento permitidos a qualquer outra profissão de
fé ou credo religioso. Hoje, o que parece ser simples ameaça, inevitavelmente, poderá
transformar-se na rejeição radical a qualquer tipo de louvor e reconhecimento da
soberania do dono do mundo, Deus mesmo, tanto para os que creem quanto para os que
não creem. De fato, não é a consciência humana quem dá legitimidade e existência
à própria Divindade. Ela é anterior a tudo e a todos, e existe apesar de nós e sem
nós.