sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Vota bem, meu Brasil!


Vota bem, meu Brasil!
“Vota pra mim!”

 


Vota bem, meu Brasil! Mais uma vez, no Brasil, vamos experimentar momentos de promessas e de sonhos. De promessas que os candidatos à Presidência da República e de outros cargos eletivos dentro do circuito federal e estadual fizeram. De sonhos que despertaram no povo a vontade de ver melhorias concretas na saúde, na educação, na infraestrutura habitacional e nas cidades, ruelas e favelas, na capacidade de segurança dos ambientes públicos e privados, na distribuição mais equitativa da renda per capita, do favorecimento real, com tantos outros benefícios que são patrocinados pelo Estado e gatunados pela corrupção usurpadora da “res-publica” – da coisa pública! Como foram as campanhas? Que candidatos não mentiram ao povo, de novo? Que problemas sociais mais urgências já foram solucionados durante o tempo da propaganda partidária obrigatória de ser ouvida, a não ser que o rádio e o televisor fossem desligados? Quem conhece, verdadeiramente, o sentido lato da democracia fingida que acoberta interesses espúrios e tenta impor antivalores disseminados, de maneira sorrateira e discreta, como protótipos do autêntico bem-estar coletivo e individual? 

 


Vota bem, meu Brasil! Uma nação inteira, entusiasmada com o fascínio político ou até mesmo pessoal de seus candidatos, se acorda para mais um dia histórico. Que bom seria se a vitória fosse, de verdade, da DEMOCRACIA, do governo do Povo, que nada tem além do sofrimento cotidiano das injustiças concorridas em seu próprio nome quando os maiores privilégios chegam apenas à minoria que se diz seu representante. Sem educação, sem saúde decente – basta constatar a agonia desesperadora no tumulto dos hospitais do Estado; sem saneamento básico nos bairros mais pobres e isolados dos grandes centros urbanos, alguns dos quais só recebem visitas no período que antecede às eleições; sem alimentação saudável para todos, pois, no Brasil ainda há pessoas que morem de fome; sem direito aos remédios que o Estado tenta patrocinar com os acordos feitos entre governo e laboratórios, que monopolizam a aquisição dos mesmos por quem sofre de doenças mais graves, como o câncer manifestado em suas múltiplas matizes; sem isso e sem mais quilo, como o Brasil pode-se dizer emergente se é incapaz de gerir, com mais competência e dinamismo prático, conjunturas sociais tão gritantes e urgentes e, ao mesmo tempo, tão elementares para a dignidade de um povo? 
 


Vota bem, meu Brasil! Isso não é somente um desejo de quem nem sequer vai votar, morando no exterior, mas é também, quem sabe, o sonho de que promessas e mais promessas se realizem de maneira vistosa no Brasil, como superação do preto no branco de tantos contrastes que mapeiam o tecido social democrático em decomposição por força de comportamentos vis de políticos compromissados com seu próprio bolso. O dinheiro, como já disseram, é excremento de satanás. E, duvido que, por trás do mais simples e aparente gesto de bondade ou interesse de alguns políticos – espero e torço para que seja da minoria – não estejam os olhos esticados nos favores pecuniários das tramoias políticas, sem falar das regalias e dos privilégios que o próprio status lhes confere. Abrir mão do máximo em favor do mínimo não é uma atitude que desperte na ganância de muitos a generosidade para com os menos favorecidos. Aos ricos, tudo! Aos pobres, nada! Aliás, como já brincaram, “aos ricos, o Progresso”! “Aos pobres, a Ordem!”. Infelizmente, “Ordem e Progresso” estão de lados opostos pela conjunção que deveria ser aditiva, “que une” e, não, como nesse caso, adversativa, “que contrasta”. Nossa aposta é nos bons políticos que ainda existem, embora, dificilmente, saibamos nominá-los! Há aqueles de boa vontade que assumem os compromissos de campanha com intuito de erradicar as desigualdades de todo tipo que assolam o país. 
 


Vota bem, meu Brasil! Vota com disposição e vontade de ver novos rumos para a grande nação brasileira! Enquanto há muita preocupação e irritações de minorias querendo a aprovação de seus “direitos humanos” – por acaso, a Constituição já não vale para todos os “humanos” do Brasil? – por que não fazer valer o que ela já propõe para todos, de igualdade de direitos e deveres, na totalidade das exigências comuns para todos? A não ser que, dentro da amplitude das novas demandas corporativistas de certos grupos, alguns não sejam humanos, o que, no caso, também não haveria necessidade de tais reivindicações. A lei deve ser uma só e para todos, sem prerrogativas e discriminação que favoreçam uns em detrimento de outros. Vivemos o tempo das “fobias” – “cristianofobia”, “homofobia”, “islamofobia”, “heterofobia”, etc., – uma palavra que entrou na moda como reação contra quem não aprova atitudes que contradizem o modo de vida desses mesmos grupos. Faltam respeito e tolerância em relação às diferenças de pensar e de agir no contexto geopolítico da modernidade, sem deixar de considerar que qualquer tipo de violência contra quem quer que seja – repito: “quem quer que seja” – deve ser repudiado energicamente, em qualquer lugar do mundo. A carnificina que ainda hoje degrada a dignidade humana não pode ser apreciada com indulgência por ninguém. Na verdade, quando o tecido social sangra em qualquer parte do mundo, é uma parte de nós mesmos que também verte sangue, machucando a ferida de nossa própria dignidade. Desse modo, os totalitarismos invisíveis modernos, que ainda oprimem nossos irmãos de osso, carne e sangue, precisam ser detidos pela boa convivência de todos os vizinhos, pois, civilização e barbárie não podem conviver bem juntas. Tal “barbárie” designa “também comportamentos objetivamente desprezíveis que nos fazem descobrir a realidade efetiva do mal moral, que vai além da do problema [em si] da persistência da animalidade que existe em nós” (Alain Cambier). 
  
 
Vota bem, meu Brasil! Desafortunadamente, ainda estamos muito longe de viver a dimensão democrática que atinja todos os níveis sociais do Brasil. Mas não devemos perder, de vez, a esperança em dias melhores. Sonhar é uma maneira de não permitir que morram os ideais sublimes que embalam o desejo da política honesta para todos os povos. Também para o Brasil. Sobretudo, para o Brasil, nossa “Pátria Amada!” Sonhar para que o “progresso” não seja somente técnico, mas também moral, pois, como escreveu o autor moderno acima referido, “o progresso técnico não é garantia do progresso moral”, podendo, inclusive, aquele ir contra esse. Esse autor cita o pensamento de Rousseau, segundo o qual, o progresso das ciências e das artes não torna os homens necessariamente mais virtuosos. Quem acompanha a crítica dos cristãos em relação à defesa político-partidária de alguns “princípios” da imposição do Estado dito laico sabe o que isso significa. 


 


Vota bem, meu Brasil! Que a mesma obrigatoriedade que temos para votar, sob pena de perdemos os direitos civis de legítimos cidadãos brasileiros, seja a mesma do voto consciente, nem vendido nem trocado, a fim de que a corrupção que acontece no universo político do Brasil não comece nas próprias urnas. Que os candidatos que serão indigitados nas urnas sejam representantes condignos da esperança de seu povo. E que o verde da esperança e o amarelo da riqueza nacional se entendam sobre todos os filhos “gentis da Pátria amada, Brasil!”. 



 Vota bem quem vota com consciência!