quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quaresma, tempo de penitência e conversão!

                         QUARESMA, TEMPO DE PENITÊNCIA E CONVERSÃO
                                                        
                                                                  

Aos meus queridos leitores, gostaria de falar sobre o livro que acabei de publicar: “Quaresma, itinerário de conversão para a Páscoa do Senhor”. Todo o texto do livro está condensado numa profunda revisão de vida que o cristão deve fazer quanto à necessidade de verdadeira e autêntica conversão. De fato, a conversão se dá quando o homem, caindo em si mesmo, é capaz de recorrer ao auxílio da graça divina, depois de arrepender-se de seus pecados – qualquer tipo de desobediência à lei divina – e, consequentemente, esforça-se para voltar-se para Deus. Então, apresento um itinerário de reflexão que permita e facilite ao leitor entrar nesse processo de conversão, sobretudo, à luz do texto e do testemunho de um dos grandes homens de Israel que se penitenciou diante de Deus, no caso, o Rei Davi, cuja experiência de temor e fé serve para todos os homens de qualquer tempo e época. Uma leitura sadia pode ajudar-nos muito nesse sentido.


Aproveito, pois, a oportunidade do título do livro e da época que estamos iniciando no calendário litúrgico da Igreja, no intento de ajudar os cristãos no seu caminho de fé em direção à grande celebração da Páscoa do Senhor, ponto culminante de Semana Santa, depois da Quaresma. De fato, o tempo forte da Quaresma apresenta-nos a circunstância favorável, a fim de que mergulhemos nossa consciência cristã no mistério inaudito de nossa Redenção. Portanto, na ciência de que Deus amou tanto o mundo que mandou o seu Filho para ser o nosso Salvador (Jo 3,16), o cristão deveria viver o tempo da Quaresma “com os olhos fixos em Jesus” (Hb 12), pois, somente, contemplando suas feridas, seremos capazes de vislumbrar o quanto ele sofreu por conta de nossa rebeldia interior, de nossas faltas, de nossos pecados. Ele morreu por nós e, assim, deveríamos alimentar a consciência desse amor sublime, incondicional, por todos nós. Daí decorre a necessidade lógica da conversão diária, contínua, num esforço sincero de resposta, mesmo se limitado, ao seu extraordinário amor.


Nós vivemos num mundo terrivelmente estressado, cansativo, e, desse modo, deixamos pouco tempo e espaço para a reflexão, que alimenta a alma e o espírito no desejo de plenitude. Portanto, desequilibrados, impacientes e agitados dentro de nós mesmos, buscamos terapias e subsídios de consolação em psicólogos, psicanalistas, esquecendo-nos da grande riqueza que é Sacramento da Penitência. É por meio dele que o sacerdote, que age na pessoa de Cristo, perdoa os pecados. Só Deus pode perdoar os pecados. Logo, Cristo na pessoa do sacerdote é quem o faz, porque ele é Deus. Seria muito bom se os cristãos pudessem repensar a riqueza desse Sacramento, que nos devolve a intimidade com Deus, purificando-nos de todas as nossas mazelas interiores. Psicólogo nenhum, psicanalista nenhum – embora não neguemos a importância de seu trabalho – perdoa pecado. O sacerdote, sim, pode perdoar os pecados, e o cristão volta à pureza de sua alma, de seu coração.


A Quaresma é um tempo de preparação para a Semana Santa: Paixão e Morte, que culminam na Ressurreição de Jesus. No entanto, os sintomas do mundo moderno têm apresentado uma civilização cada vez menos temente a Deus e, de modo consequente, descrente e indiferente a qualquer dimensão religiosa do homem. Preferimos a religião do “faça por você mesmo!”. Trata-se da vivência da religião por conveniência. Mas a “religião doméstica”, desprovida do sentido da comunidade, mergulha a pessoa na solidão de seus próprios critérios. Muitas vezes, são critérios falsos, porque ninguém vive bem a religião inventada por si mesmo. Nossa religião foi funda por Cristo, no sentido pleno da palavra que tem sua origem no verbo “religar”. Sim, apenas, em comunhão com Cristo é que o homem se estabelece diante de Deus com os direitos e prerrogativas que o próprio Cristo lhe confere com o mistério de sua Encarnação e Redenção. O resto é vontade falida de autosalvação! Todavia, não sou tão pessimista assim. Embora cada vez menos, isto é, participantes de uma minoria fiel ao Senhor Jesus, mais definidos e menos livres, no turbilhão de perseguições que se levantam contra os discípulos do Senhor, ainda há muita gente que vive a pureza de sua fé na simplicidade dos que reconhecem e acolhem Jesus como seu único Senhor e Salvador.


A verdade é que, na minha vida, a escritura tem se tornado um belo vício literário. A inspiração nasce do “entretenimento da alma consigo mesma”, para usar uma bonita ideia de Platão. Ela vem de situações inesperadas, de leituras que faço, de meditações que elaboro no canteiro solitário do envolvimento com as palavras. É o pensamento que se materializa na coordenação livre, não forçada, das páginas brancas de papéis desejosos de preenchimento. Tendo descoberto a preciosidade desse dom, penso poder ajudar muitas pessoas no garimpo literário de suas escolhas e reflexão. O livro pode ser adquirido em várias Igrejas da Arquidiocese, entre as quais cito algumas: Igreja Jesus Ressuscitado, Catedral, Igreja São Pedro e São Paulo; na Cúria Metropolitana, Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, Igreja São Salvador, no centro da Capital, Igreja São Domingos Sávio e Igreja do Bem-aventurado José de Anchieta.


Enfim, reflitamos com o Papa Bento XVI: “O período quaresmal é o momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher com sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo” (Grifo meu). Eis, aí, um grande e desafiador propósito nessa Quaresma: Caminhar com decisão para Cristo! Mas, o que isso significaria e o que poderia exigir de nossa espiritualidade desejosa de progresso e ascensão para Deus?