terça-feira, 29 de maio de 2012

...Mas livrai-nos do mal

                  ...MAS LIVRAI-NOS DO MAL
                              
                           

A oração do “Pai-nosso” não termina com a expressão “não nos deixeis cair em tentação”, mas com a sequência lógica de sua intercessão, isto é, “mas livrai-nos do mal”. É verdade que no bojo dessa belíssima “oração dominical” – a oração do Senhor – está presente o desejo de que também sejamos libertos do mal, quer dizer, do maligno e de todas as forças que possam denotar o poder de sua perversa maldade e rebeldia face à vontade divina. Assim, a oração manifesta a intenção de não sermos desagradáveis a Deus, não obstante todas as inclinações para o mal, fruto da concupiscência da carne, dos olhos, dos sentidos. Portanto, quem ofende ao Criador, por qualquer tipo de desobediência, cai na tentação e assente aos apelos do demônio, o Tentador desde o princípio e que, consequentemente, tenta colocar os homens contra Deus.

O fato é que, do mesmo modo como rezamos “não nos deixeis cair em tentação”, também, devemos dizer “mas livrai-nos do mal”. Somente o Senhor pode livrar-nos de toda espécie de maldade, de maneira que sejamos capazes de permanecer fiéis e obedientes a Deus, pois, como sabemos, tal “obediência” é própria de quem sabe não ser senhor de si mesmo, nem de suas pretensões egoístas, por mais bem intencionadas que sejam. Pedir a Deus que nos livre do mal também significa interceder para que nos livre de nossos inimigos, que são tantos.

Quem lê o evangelho de Cristo com lisura e honestidade, inclusive, intelectual, não se deixa levar pelas paixões, a fim de condicionar a legítima interpretação do que Jesus fez e ensinou. Por exemplo, não é verdade que Jesus mandou Pedro construir uma Igreja. Pelo contrário, quem se digna ler a história do evangelho para aprofundar seus conhecimentos, sem mascarar a verdade nele contida, não se dispõe a dizer supostas verdades, com ares de conhecedor profundo das realidades da Igreja de Cristo. De fato, eis o que afirma Jesus a Pedro: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a MINHA IGREJA, e as portas do Hades [as forças do mal] nunca prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Ao contrário do juízo sobre o qual se arvoram algumas pessoas, a Igreja não está cometendo erro nenhum quando toma decisões administrativas que lhe competem, e, por isso, não precisa arrepender-se de nada, muito menos, pedir perdão ou desculpas, a quem quer que seja. Para os ignorantes – especialmente aqueles que insistem em manter distância da Igreja, senão quando algum mexerico leviano lhe interessa, segundo as conveniências abusivas de seu parasitismo estonteante e provocador – a Igreja tem autoridade própria e se rege pelo Código de Direito Canônico, comparável à lei civil, mas fundamentada nos seus “cânones” que “se referem unicamente à Igreja Latina” e, portanto, não incidem sobre os hereges de plantão, muito menos sobre aqueles que não estão submetidos à autoridade do Papa.

Então, no caso da Arquidiocese de Aracaju, como de qualquer outra Diocese, legitimamente, ligada ao Santo Padre pela sucessão apostólica, o Arcebispo tem autoridade e competência legais para o legítimo Governo de sua Arquidiocese, inclusive, com decisões pastorais administrativas que sejam cabíveis ao devido rumo das circunstâncias eclesiais do momento. Na Igreja, os cargos e as funções não são vitalícios, e o mesmo Código de Direito Canônico é muito claro quando determina que “tendo completado 75 anos de idade, o pároco é solicitado a apresentar ao próprio Bispo diocesano sua renúncia ao ofício; o Bispo, consideradas todas as circunstâncias da pessoa ou do lugar, decida se aceita ou adia” (Cân. 538). Somente o Papa tem cargo vitalício e, mesmo assim, eis o que sugere o Direito Canônico: “Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém” (Cân. 332).

Quanto ao mais, a Igreja pede humildade e obediência aos seus verdadeiros filhos. Quem não o for, também não precisa ter com que se preocupar, embora também não esteja impedido de rezar “mas livrai-nos do mal”.