sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Internacionalmente Conectados


Internacionalmente Conectados 

Do ponto de vista antropológico, com o apoio e a referência dos avanços tecnológicos e virtuais das possibilidades de translado e comunicação, o processo migratório também se ampliou, de modo que o mundo se tornou uma “aldeia global” como recentemente se reconheceu. As distâncias se encurtaram, e as possibilidades que há não muito tempo eram mais reduzidas agora abrem as portas do mundo ou do universo multicultural a todos os povos. Hodiernamente, outras são, de fato, as facilidades que motivam a imigração crescente e cada vez mais acelerada. Dois autores modernos publicaram um livro intitulado Anthropology (Joy Hendry; Simon Underdown) no qual eles abordam, entre outras colocações, o fenômeno antropológico na era da comunicação global. Por que as pessoas se movem? Quais as causas culturais, pessoais ou de outros interesses que estão por trás de sua sede de ir e vir buscando contanto com outros povos? E eles apresentam, pelo menos, três modalidades de incitação do movimento em derredor do mundo. 

 


Primeiro, são apresentadas as razões econômicas por meio das quais as pessoas buscam melhores condições de vida em outros lugares. Em determinadas circunstâncias, as pessoas se mostram com habilidades para oferecer benefícios como no caso da “reciprocidade” em suas transações comerciais, mesmo que, em outros casos, com o passar do tempo, isso possa gerar conflitos a nível local por conta da alta onda de desemprego que afeta o contexto internacional. Tal intercâmbio cultura, evidentemente, enriquece o outro lugar, dependendo daquilo que os povos levam consigo para suprir as necessidades da permanência numa terra diferente da sua. O veio cultural, social, religioso, histórico ou até mesmo folclórico de suas tradições enquanto povo pode, inclusive, dar um panorama novo à identidade do lugar. 
A segunda conjuntura de emigração apresentada pelos referidos autores, está relacionada à dificuldade que as pessoas têm para viver em seu próprio país, por se encontrarem no lado errado, oposto, à situação política que divide o povo, como no caso de uma guerra civil, ou porque suas ideias são contrárias ao regime que está no poder. Talvez, esse aspecto seja uma das chagas mais tristes da sociedade moderna, de modo especial, pelo desrespeito à dignidade humana. O mundo vive em ebulição, e o noticiário internacional sempre fala do desespero dos que saem, sobretudo, de países pobres onde a ditadura esmaga as pessoas, levando-as a fugirem em busca de abrigo, ou porque, com o elevado índice de pobreza e miséria circundante, outra alternativa não têm senão forçar a porta da aflição extrema em demanda de melhores condições de vida. No entanto, no percurso de travessia, feito especialmente pelo mar, em embarcações precárias e lotada de gente mais do que o suportável, acabam naufragando e muitos morrem antes de chegarem à outra margem, à margem da esperança. A Itália, por exemplo, é um dos países mais abertos e acolhedores da Europa no que concerne à chegada das embarcações que se aproximam de seu litoral. É, pois, na Itália onde muitos encontram apoio e asilo político, que é um direito internacional e deveria ser concedido a todos, quando sentem sua vida terrivelmente ameaçada. A terceira e última abordagem sobre o movimento dos povos refere-se ao fenômeno das viagens feitas por um curto período, ou não, tendo como fundamento o trabalho ou o estudo realizado em outro país. Geralmente, são os fatores econômicos que favorecem tais possibilidades. Um ou outro membro da família pode viajar ao exterior, talvez, enviando a economia de seus ganhos para casa, com a finalidade de ajudar em algum propósito especifico como a compra de uma casa ou o início de um negócio. Há também o caso dos filhos serem enviados para estudar ou fazer o chamado “intercâmbio cultural” em outra nação, o que futuramente poderá favorecer alguma vantagem em concursos ou mesmo quando eles estiverem inseridos no mercado de trabalho. 

 
 

Concluindo o pensamento dentro do âmbito das migrações, eles abortam ainda a importância do turismo, visto como uma forma de educação ou divertimento – “recreação” –para o movimento dos povos, mas também enquanto reposta nova à mudança tecnológica. Segundo eles, as rápidas formas de transporte se desenvolveram e abriram-se muito para o mundo de modo que, pelos preços, muitas pessoas podem, pelos menos ocasionalmente, chegar a outros lugares, mesmo com o impacto causado às populações que habitam o destino da viagem. Desse modo, a antropologia do turismo focalizou os efeitos dessa enorme indústria internacional, em níveis locais, procurando os benefícios econômicos, mas também calculando o preço da mudança social e cultural.

A apreciação dos sobreditos autores reflete muito bem o motivo pelo qual também Londres é invadida por turistas do mundo inteiro. Aqui também é uma encruzilhada da humanidade como disseram de Paris. E eu não me excluo do privilégio dos que compõem o universo viandante desses pobres mortais.

Ao lado disso tudo, ainda existe o fenômeno da cibernética moderna, cuja teia de comunicação se estende por meios até pouco tempo inimagináveis. Os autores também falam do assunto. Envolvido dentro das múltiplas modalidades das chamadas “redes sociais”, o complexo mundo das ramificações dos sistemas de relações interpessoais passa pelas máquinas da tecnologia moderna. Por exemplo, tudo hoje pode se concentrar dentro de um simples aparelho telefônico, no caso, o celular. Mesmo de longe, continuamos presentes na vida dos amigos, das pessoas queridas, dos familiares, sem por isso, nos darmos conta de que nos afastamos cada vez mais do tradicional jeito de nos comunicar com as pessoas. Basta apenas percebermos o modo de como as pessoas se comportam nos lugares públicos ou privados de posse de seus aparelhos, em casa, na rua, nos ambientes formativos, nos hospitais, dentro dos transportes, no convívio social, nos relacionamentos amorosos e, até mesmo, no face a face com outro, não perdermos um instante de conexão com o dispositivo tecnológico ao alcance da mão e dos olhos. Caminhando, comendo, dormindo ou acordado, ouvindo música e, às vezes, até mesmo estudando, não desgrudamos o olhar da tela para vermos a novidade do último recado ou da mais nova publicidade. A interação com a máquina parece roubar-nos um pouco de nós mesmos e dos outros, o que pode repercutir na frieza dos relacionamentos e no apreço devido ao outro. O interesse pela máquina deu lugar à superficialidade e ao demérito em relação à presença das pessoas circundantes. 



Definitivamente, a máquina se transformou em uma extensão do nosso corpo como já apregoava a filosofia antropológica diante dos condicionamentos das coisas que tocamos com muita frequência. Se o mundo já era velho para algumas pessoas, imaginemos então para aqueles que desconhecem completamente o suporte irreversível que as tecnologias modernas trouxeram para os tempos atuais. Atravessamos o mundo, mas permanecemos internacionalmente conectados.


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Igreja Santa Maria dos Anjos

Igreja de Santa Maria dos Anjos – Londres

  
 (São Carlo Borromeu)

Na casa paroquial dessa Igreja londrina, fiquei hospedado por duas semanas, de 14 a 30 de agosto de 2014. Segundo uma breve narração, escrita pelo Padre Mark Langham (que era o pároco em agosto de 2001), a história da Igreja de Santa Maria dos Anjos começou em 1840, com a colaboração de uma senhora católica, Helena Hargrave, que, com noventa anos, empregou o jovem arquitete, Thomas Mayer, a fim de que construísse uma capela em Westbourne Grove. Em 1851, foram iniciados os trabalhos de uma capela e uma escola, de modo que o local passou a se chamar Westmoreland Road. Embora a escola tenha sobrevivido, a nova e grandiosa construção, que seria dedicada a Santa Helena, não foi concluída. 
 

Mais tarde, em 1855, os recursos se esgotaram e a igreja ficou sem ser concluída. No entanto, isso não passou despercebido aos olhos do Cardeal Nícolas Wiseman, o então arcebispo da nova Arquidiocese de Westminster. Ali ele quis estabelecer um centro de atividades religiosas para incentivar e encorajar a fé em Londres. Para realizar seu propósito, ele contou com a colaboração de várias ordens religiosas que o ajudaram no tabalho. Assim, eles provaram que poderia ajudar mais com a sua própria presença do que com a tarefa do Cardeal, que queria, na verdade, um grupo de sacerdotes que combinassem lealdade ao seu Arcebispo com o fervor de uma comunidade religiosa. O primeiro pensamento do Cardeal Wiseman era o de um Oratório, e ofereceu a igreja inacabada, que se situava na Bayswater, a Henry Newman – mais tarde feito cardeal – mas quando ele declinou, novamente, ela retornou para Henry Edward Manning. Manning, que era um antigo Anglicano, arquidiácono de Chichester, e destinado ao alto ofício na igreja da Inglaterra, converteu-se ao catolicismo em 1851. Desse modo, em 1854, o Cardeal Wiseman pediu a este convertido para estabelecer a comunidade dos padres em Bayswater. Como inspiração, Manning escolheu São Carlo Borromeu (como patrono), o bispo reformista do século XVI, em Milão, e recebeu a permissão do Papa Pio IX para fundar a Congregação das Oblatas de São Carlos. Com três outros sacerdotes, ele estabeleceu-se em duas casas perto da igreja ainda não acabada. O arquiteto Henry estava empregado, e, por volta de 1857, a igreja foi telhada e a casa paroquial também fora construída. Portanto, no dia 2 de julho de 1857, Santa Maria dos Anjos foi aberta para louvor com uma esplêndida missa celebrada pelo Cardeal Wiseman, à qual comparecem muitas lideranças da nobreza e do clero católico. O nome da nova igreja, Santa Maria dos Anjos, reflete a devoção de São Carlos Borromeu e do Cardeal Manning a São Francisco de Assis, pois se trata da transladação da famosa Igreja de Santa Maria dos Anjos, em Assis.
Manning teve um profundo amor pela sua paróquia, e escreveu mais tarde que ali vivera os mais felizes dias de sua vida. Com a morte do Cardeal Wiseman, em 1865, Manning se tornou o seu sucessor sendo o segundo Arcebispo de Westminster. Em 1892, o Padre Herbert Vaugahn, da Congregação dos Oblatas, seguindo o Cardeal Manning, tornou-se o terceiro Cardeal da referida Arquidiocese. O apostolado dos Oblatas continuou através dos anos, realizando seu ministério em várias comunidades de Bayswater e Notting Hill. No entanto, por volta de 1970, o modelo e as necessidades da população local mudaram de tal modo que o Cardeal Heenan sentiu que o estilo de vida e as regras já não eram mais apropriados à Ordem, e, assim, tomou a decisão [“controversa” e “dolorosa”] de suprimi-la. Com o desaparecimento dos Oblatas, muitos tesouros e relíquias da Igreja ficaram dispersa e, infelizmente, muito da herança dos Oblatas de São Carlos se perdeu. 
No geral, a igreja conserva o frescor de seus tempos de outrora, isto é, do tempo de sua fundação, conforme considerações do Cardeal Manning. Dentro dela, existem várias capelas como a Capela das Relíquias ou de Santa Helena e Maria Madalena. O tema central dessa capela é a Crucifixão de nosso Senhor Jesus Cristo e seus sofrimentos. Não poderia faltar, claro, a capela de São Carlos Borromeu, pois é um monumento à história de Santa Maria dos Anjos e aos Oblatas. Nessa capela, as primeiras discussões das regras da Congregação dos Oblatas tiveram lugar. O altar contém uma pequena pintura de São Carlos Borromeu, acrescentada em 1903. Entalhados em suas dobras, estão dois santos que largamente influenciaram São Carlos Borromeu, São Filipe Neri, seu amigo, e São Francisco de Assis. 


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Graça e Paz da parte de Deus Pai!


Graça e paz da parte de Deus Pai 
(Texto de número 200 do meu Blog)


 

1PAULO, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, 2aos santos e irmãos fiéis em Cristo, que estão em Colossos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. 
3Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós,4porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes para com todos os santos; 5por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6que já chegou a vós, como também está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade; 7Como aprendestes de Epafras, nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo, 8o qual nos declarou também o vosso amor no Espírito.


 

9Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; 10para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus; 11corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da sua glória, em toda a paciência, e longanimidade com gozo; 12dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz; 13o qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; 14em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; 15o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. 17E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. 

 
  18E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. 19Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, 20e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. 
21A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo vos reconciliou 22no corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis, 23se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro. 
24Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; 25da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; 26o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; 27 aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; 28a quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo; 29e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente (Colossenses, 1,1-29). 
 


sábado, 23 de agosto de 2014

A caminho de Jerusalém


A Caminho de Jerusalém

 


Nem todo mundo que vai para Jerusalém deve passar necessariamente por Londres, mas comigo isso aconteceu. Na verdade, o projeto de passar por Londres em direção a Jerusalém não estava no meu esquema de vida pessoal até o dia 14 de janeiro de 2014, quando o Arcebispo Metropolitano de Aracaju, Dom José Palmeira Lessa, comunicou-me a decisão de permitir que eu fosse aprofundar meus estudos em algum lugar do mundo. Tudo era muito novo. Nem mesmo a ideia de que eu poderia me ausentar da Arquidiocese por dois anos estava em meus planos. Como eu já havia morado em Roma quatro anos, onde fiz o mestrado e Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, optei por conhecer outro lugar, cuja língua também seria um desafio para os códigos intelectivos da inteligência. 



O conhecimento de qualquer língua nova é sempre um desafio muito grande, sobretudo, quando as teias da memória se tornam mais invadidas pela espessura dos nós com que o tempo se encarrega de obstruir a liberdade do conhecimento. Em 2005, quando eu estive em Jerusalém pela primeira vez, dada a tranquilidade do lugar, um dos pedidos que fiz a Deus foi o de, um dia, poder voltar para morar ali, pelo menos, dois anos. Foi o que me aconteceu, pois tudo eu recebi como um grande presente de Deus. Hoje, diante dos desafios do mundo moderno nada é muito fácil. Tudo custa muito caro. A estada nos lugares, o preço que temos de pagar pelo acesso à cultura e às informações que se sedimentam na constituição do patrimônio do saber, tudo é avaliado a preço de ouro pelas exigências dos deslocamentos. A cultura não é fruto da graça infusa, que chega aos porões da mente – ou às portas da alma – sem o esforço necessário à sua aquisição. Quem correu atrás dela sabe o quanto pagou. É que a busca pelo saber arranca dos interessados todas as energias factuais de seus desejos de conquista. Sem medo, eles se lançam na aventura fascinante pelo desconhecido e por ele assumem todos os riscos imprevisíveis de sua aparente loucura. No caso dos crentes, como acontece na vida do sacerdote, trata-se de um verdadeiro ato de fé, quando, por disposição divina, ele abandona todas as suas seguranças para se arriscar nas ondas revoltas do mar existencial que não está totalmente claro no horizonte de suas certezas. 


Inicialmente, somos tomados pelo entusiasmo próprio de quem não pode deixar passarem as chances da realização de seus sonhos. Tudo parece se transformar dentro da mente e das dobras do espírito quando o choque de conjunturas assim surpreendem as portas da existência. O ritmo da vida assume contornos de empolgação e vibrações em demanda das reais condições da concretude, de tal maneira que as expectativas do dia a dia em relação aos afazeres se tornam condicionados pela inércia de objetivos que nos deixam quase perdidos quanto ao que deveríamos fazer com mais concentração. A euforia tenta transtornar o equilíbrio interior em detrimento da serenidade que devemos carregar conosco em situações de imprevisibilidade. A ansiedade toma conta de nós como quando estamos dentro de uma aeronave em pleno voo, e percebemos que as turbulências externas influenciam negativamente a tranquilidade dos passageiros. E isso nos persegue até que as nuvens sombreadas pelas incertezas desapareçam da visibilidade do olhar, o que pode levar algum tempo. 

 


Depois dos arroubos iniciais das provocações do destino, vem o tempo das batalhas pelas portas que deverão se abrir para que tudo se concretize, até passar, inclusive, pelo momento em que se pensa que nada será possível, e que tudo parece fadado ao fracasso e à mais completa frustração. Tudo consequência da não onisciência humana. Não podemos saber tudo ao mesmo tempo, embora nossas limitações nesse sentido devam convergir para os anseios da esperança. Da esperança que ilumina os propósitos de nossas conquistas. Ela é a motivação maior que nos conduz adiante, com perseverança e teimosia, almejando que tudo dê certo e se realize de verdade. A porta dos sonhos só se fecha para quem não tem a coragem de abri-la. Com efeito, a vida é uma passagem, de modo que não podemos nos deter paralisados no limiar do medo. Na verdade, a grandeza que o homem carrega dentro de si também é fruto de suas ousadias. Se assim não o fosse, quantas de suas conquistas e vitórias não teriam se perdido na fumaça obscura do tempo? 

 

São as surpresas da vida de todos os dias!