quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

 

Dom Luciano Duarte e a ousadia dos gênios

 


(1925-2018)

Se vivo fosse, nesse dia 18 de janeiro de 2023, Dom Luciano Duarte estaria comemorando 77 anos de consagração sacerdotal. A admiração que sempre nutri por Dom Luciano Duarte (1925-2018) nasceu quanto eu ainda era jovem vocacionado, e, depois, seminarista, no final da década dos anos oitenta, participando dos encontros vocacionais no Seminário Menor de Aracaju. Como esquecer aquele tempo e suas visitas frequentes aos seminaristas? Pelo menos, para mim, foi um tempo de desejo ardente de florescimento multicultural, ouvindo e aclamando, com tantos encômios dignos de sua autoridade pessoal e eclesiástica, o então Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Aracaju. O fulgor de sua inteligência era, realmente, contagiante. Portanto, o que trago aqui outra coisa não é, senão, um breve memorandum sobre o mítico de multifacetada personalidade que ficou conhecido no meio intelectual de Sergipe e na própria Igreja católica simplesmente como Dom Luciano Duarte.

Grande visionário, intelectual de profundo e rico veio oratório e dialético, versátil na exposição vocabular de seu conhecimento linguístico. O homem da palavra ligeira e cortante, da réplica espontânea, no belo estilo polido da finesse dos grandes espíritos argutos, sábios, mas também capaz de ajudar os menos afeitos ao rico patrimônio do saber, da “sabedoria acumulada” de que fora dotado pela própria natureza de sua insistência na formação do caráter e da individualidade. Mas nada aconteceu por acaso, no sentido de que ele não tenha se esforçado para atingir os páramos mais elevados da grandeza que a envergadura de sua genialidade poderia lhe favorecer. Com efeito, a intensidade da educação que recebemos pode tornar-se uma referência que determina, negativa ou positivamente, a vida de quem se abre ou se fecha aos dotes cognoscitivos dos próprios recursos que brotam dentro da claridade dos pensadores.

Grande estudioso, insaciável na ânsia pelo saber, de raciocínio investigador, extremamente inquieto e saliente nos limites das aquisições já adquiridas, Dom Luciano era um espírito sempre desejoso de ir mais além, alfinetado pelas respostas prontas que trazia sob os riscos ou traços da pena literária, lúcido até onde lhe permitiram os rasgos do brilhantismo intelectual. Dom Luciano Duarte sabia se posicionar, de modo categórico e certeiro dentro dos vários ambientes em que se encontrava, sob qualquer tema ou assunto, mesmo não agradando nem convencendo. No entanto, estava convencido de suas certezas, de suas convicções pessoais, fundamentadas no fértil solo do conhecimento erudito de que se servia para expor seus argumentos.

Embora o caráter e a personalidade de uma pessoa possam crescer e amadurecer no tempo cronológico de sua formação educacional ou acadêmica, levando em consideração outros efeitos da conceituação antropológica do indivíduo – sua infância e adolescência, o meio onde foi criado e educado, o acesso que pôde ter às letras e aos livros, a oportunidade de leituras e elaboração do pensamento etc. – o fato é que algumas mentes privilegiadas podem se destacar, desde cedo, mediante o mistério inebriante da acuidade espiritual e intelectiva de suas percepções mais tenras. Penso que isso tenha acontecido com o homenageado, Dom Luciano Duarte. Gênios brincam como gênios, mesmo que o alcance de sua criatividade seja traído pela não concretude de seus anseios na vida futura. Aliás, quem pode garantir a vida futura? Ouvi um dia, numa pregação da quinta-feira santa, na missa do lava-pés, Dom Luciano dizer que quase morreu quando criança, muito doente. Mas conseguiu se tratar e sobreviver, e não apenas não se tornou mais um número nas estatísticas do governo federal, aumentando o índice da mortalidade infantil no país, mas, sobretudo – dizia ele – havia se tornado alguém importante e influente no seio da sociedade sergipana e alhures. Na verdade, ele se referia, no contexto da celebração, ao modo como, muitas vezes, o Senhor Jesus poderia nos lavar os pés, servindo-se daquela maneira.

Nos vários “recreios culturais”, que tive e tenho com a amiga Ana Maria Medina, da Academia Sergipana de Leras, ela me contou que, num episódio narrado em seu diário seminarístico, consta que, numa brincadeira de menino, ele dizia que queria ser “gente grande”, no sentido da importância de uma personalidade que se destacasse pelos seus talentos, numa espécie de peça de teatro, o que ele escreveu aos onze anos. Desse modo, ele já se colocava como aquele a quem todos deveriam obedecer, isto é, a “Dom Luciano Duarte”. Certamente, adormecida nas dobras da alma pueril do menino levado, inteligente, jazia o tom brincalhão de quem, futuramente, se tornaria, de verdade, importante e influente. Esse fato, narrado por ele mesmo, fez-me acordar dentro das lembranças da fantasia da alma, algo que li, por sua influência, sobre Geovanni Papini, um dos tantos convertidos do século XX, entre os quais podemos destacar também o filósofo Maurice Blondel (1861-1949) e escritor Léon Bloy (1846-1917), sobre os quais ele falava com largueza de conhecimento e riqueza de detalhes da vida dos dois.

Geovanni Papini, que dizia nunca ter sido criança, sisudo na fisionomia do rosto, já era tratado e apelidado como “velho”, aos sete anos de idade. Não brincava como as outras crianças de sua contemporaneidade, mas, penetrado por uma inteligência brilhante e astuciosa, rivalizava com o próprio Deus em peças de teatro que imaginava, querendo concretizar o acontecimento bíblico de quando a serpente disse a Adão e Eva que eles seriam como o próprio Deus.

Assim sãos os gênios e sua ousadia intelectual, tempestivamente provocados por suas intuições mais profundas. Às vezes, tento fantasiar em minhas especulações a ousadia da genialidade de meninos assim, abertos aos ventos do espírito, com as asas da inteligência volitando sobre os encantos de suas criações inocentes. Devaneios ou sede de autoafirmação mesmo? Consciência plena dos caminhos de suas buscas ou enlevos francos de sua esperteza em arrebatamentos idealistas? Não sei! Mas tenho certeza de que as sementes dos grandes sonhos plantados na alma dos pequenos gênios podem ser sinais de virtude, de coragem ou de desejo de realizações oportunas. Contudo, a vida é o caminho dessas vitórias e conquistas, mas os limites são os desafios impostos pela superação dos grandes ideais e aspirações do espírito humano. Aquele menino virou padre e, depois, também Arcebispo da Arquidiocese de Aracaju.

O tempo é o senhor de todos os sonhos! Para os ideais daquele menino também. Levantando-se do chão pelo crescimento da força física, mas também intelectual, seu caminho estaria marcado pela lucidez com que, sempre, se embrenhou pelas florestas altas do saber e do conhecimento, percorrendo o mundo pela construção acadêmica que a Igreja lhe abriu durante a formação, porém ampliando, cada vez mais, o horizonte das inquietações que lhe perturbavam o espírito. Não se deteve no conhecimento das coisas da Igreja, apenas, mas igualmente se deixou desassossegar pela conjuntura mundial das ideologias que, de um modo ou de outro, espezinhou e vilipendiou a dignidade humana em conflitos revolucionários de governos caudilhistas e déspotas. Ele, que costumava citar o pensamento de um pastor inglês, metodista, John Wesley (1703-1791) – que dizia que, ao abrir a janela de sua casa pela manhã, contemplava o mundo inteiro como se fosse sua paróquia – também saiu das sacristias e elevou seu pensamento e suas preocupações sobre os telhados do mundo em decomposição moral, espiritual, ética, deteriorando-se nos seus valores mais prementes.

Outrossim, a alma dos gigantes não se contenta com o mundo pequeno de suas percepções, mas com a grandeza e a elasticidade de suas inquietações mais profundas. Não quis somente ser o padre ou pastor, especializado nas coisas da Teologia e da Igreja, mas também se abriu para o mundo, fazendo seu doutorado na Sorbonne de Paris, aos pés de grandes filósofos e amigos como Jean Guitton e Paul Ricoeur, também egrégios inspiradores de grandes ideais pela elevação espiritual da humanidade. (Dr. PGRS). 

 

 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

 

Signore, Ti amo 


 
Joseph Aloisius Ratzinger (1927-2022) - Bento XVI 

Jesus, eu Te amo! Dizem que essas foram as últimas palavras do Papa Emérito, Bento XVI, ao morrer no dia 31 de dezembro de 2022, derradeiro dia do ano. Certamente, uma palavra síntese do que foi a sua vida inteira, porque a ousadia dos santos passa pela brevidade de um discurso, que resgata, solenemente, na introspecção da alma, a coerência da fé e da vida dos amigos de Cristo. Jesus eu Te amo! Quantas vezes nós tivemos a coragem de dizer isso? Mas não, levianamente, da boca para fora, como manifestação do que, na verdade, não corresponde aos nossos atos ou às nossas atitudes cotidianas diante d’Aquele a quem dizemos amar! Eu não ousaria responder! Infelizmente, na maioria das vezes, nosso comportamento contradiz a essência do que falamos ao sabor das incoerências mais devastadoras do nosso agir. Mas Bento XVI sabia o que estava dizendo!

Percorrendo o histórico de sua vida pessoal, do seu amor a Cristo e da sua fidelidade incondicional à Igreja do Senhor, a lucidez de sua consciência é comovente. Com efeito, tudo o que fez e viveu – inclusive enfrentando os inimigos internos e externos da Igreja, a fim de não negociar com o mundo moderno os valores da pregação do Evangelho – foi para fazer valer o depositum fidei – o depósito da fé – em detrimento das falsas doutrinas ventiladas por supostos teólogos e liturgistas, entre outros “pensadores” convertidos às ideologias mais diversas dos dias que correm. Dentro desse contexto, “como seu posto na Cúria o obrigara a defender a ortodoxia católica contra a heresia e a inovação, os sentimentos por ele antes da eleição iam da idolatria ao puro ódio”. (Coulombe, 2022, p. 502). E, assim, a sua vida se derramou, do início ao fim, custodiando o patrimônio multissecular da Igreja contra os lobos ferozes, que tentam enganar o rebanho para satisfazer o modismo de egoísmos penetrados de autodeterminação e vontades mundanas. Ele não era um homem de visão míope e limitada pela cegueira dos que imaginam os valores da fé e da doutrina da Igreja como acidentais e passíveis de mudança ao sabor das modas contemporâneas. Por isso, ele condenou a “ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.

No evangelho que ouvimos (Jo 1,35-42), a expressão do Apóstolo André dirigida ao irmão Simão Pedro é bastante significativa: “Encontramos o Messias, que quer dizer Cristo”. Joao Batista estava com dois de seus discípulos que o ouviram dizer: “Eis o cordeiro de Deus”’, indicando Jesus. Depois, eles seguiram a Jesus que lhes perguntou: “O que estais procurando?”. E, então, eles quiseram saber: “Rabi, onde moras?”. Em seguida, vem o suave convite de Cristo: “Vinde e vereis!”, e foram ver onde ele morava, de modo que permaneceram com ele naquele dia. Certamente, foi um dia muito agradável e de muitos ensinamentos. Foi, pois, naquela ocasião que André fez o anúncio a Pedro, conduzindo-o até Jesus que lhe disse, fitando-lhe os olhos: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado ‘Cefas’ (que quer dizer pedra)”. Para compreender bem essa passagem do Evangelho, não é suficiente recorrermos apenas às ideias pessoais que tentam elaborar a dimensão mais profunda de seu conhecimento. Trata-se, pois, de um acontecimento cristocêntrico, que traz à vida dos Apóstolos a amizade fiel, até a morte, ao seu Senhor e Mestre. Assim, o pano de fundo exegético indica-nos melhor o alcance de sua abordagem. Pensemos com os estudiosos!

Na visão de Poppi (2006, p. 568), o chamado não é uma escolha humana, mas nos evangelhos sempre aparece como consequência da iniciativa de Cristo. “O que estais procurando?”. Na Bíblia, com frequência se fala da procura pela sabedoria personificada, que convida os homens a acolher suas instruções, a seguir as suas vias e a participar do seu banquete (Pr 8-9); e ela, por sua vez, vai a procura daqueles que são dignos do seu seguimento. (Sir 6,18ss: Sb 6,12-16). Portanto, parece eu seja necessário reconhecer uma aproximação intencional entre Jesus e a sabedoria divina, que o homem deve procurar (zēteîn) para conhecer a verdade e encontrar e encontrar a salvação. Com certeza, iluminado pelas moções do Espírito Santo, Bento XVI percebeu essa realidade de busca ou de esforço de reposta ao chamado de Cristo durante a sua existência. Não por acaso, ele se colocou como um entre tantos outros “Cooperadores da Verdade”! Mas que verdade? A única revelada por Deus ao homem, à criatura humana, fazendo descer dos céus o Seu Filho eterno para ser o nosso Salvador. Foi ele mesmo, o Filho, quem assim se nos manifestou: “Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida!” (Jo 14,6).

Bento XVI foi um papa de muitas surpresas, inclusive com o ineditismo de sua renúncia! Renunciou por amor à Igreja, que sempre a reconheceu como não sendo sua nem nossa. A Igreja é de Cristo! A Igreja é de Deus! E ele o sabia! Mas renunciou também por fidelidade ao Fundador, que, um dia, disse a Pedro: Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo ecclesiam meam, et portae inferi non prevalaebunt adversus eam (Mt 16,19).

Bento XVI foi um gigante na pregação e defesa da fé católica, pela qual consumiu todas as suas forças, do início ao fim da vida, para que grandes e pequenos pudessem saborear a alegria da experiência do encontro com Cristo. Diante de um mundo raivoso e apóstata, longe das sublimes exigências da dimensão da fé concreta, ele foi o último bastião de uma era. Portanto, rezemos pelo Papa Defunto, Bento XVI!

Que o Senhor da messe, a quem ele amou incondicionalmente, conceda-lhe contemplar nos céus a luz de sua face, dizendo-lhe: “Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor!” (Mt 25,23). Amém! (Dr. PGRS).

 


terça-feira, 3 de janeiro de 2023

 

Um padre na vitrine da Arquidiocese

 

 

Um dia, há muito anos, eu fui visitar o Pe. Raul com outro sacerdote que não o conhecia ainda, e ele ficou bastante entusiasmado com o reverendo. Depois, voltando para casa, ele me disse: “Rapaz, o Pe. Raul deveria ser colocado numa vitrine da Arquidiocese para admiração e inspiração do clero mais jovem e, sobretudo, dos seminaristas”. Contudo, infelizmente não é assim que, às vezes, a Instituição ver os padres mais avançados nos anos.

Eu tive o privilégio de ser coroinha do Pe. Raul, lá atrás, nos idos da década de setenta e oitenta, em Carira, e fui testemunha do seu zelo pastoral, ao dedicar-se incansavelmente ao pastoreio do rebanho que lhe fora confiado. Tanto que sou fruto de seu ministério sacerdotal naquelas terras tórridas e inclementes em tempos de seca prolongada, onde o duro chão nada fazia florescer, castigando, então, o sertanejo que até passava fome e tinha dificuldades para alimentar os filhos. Foram tempos sofridos no meio daquela gente, mas o Pe. Raul, no frescor da juventude sacerdotal, era uma motivação para a fé simples do povo. Carismático no sentido prático do evangelho, dedicado à cura das ovelhas, assistia espiritualmente, não apenas a sede paroquial, no caso, a matriz, mas se desdobrava para ir aos povoados, construindo capelas, pedido ajuda à própria comunidade, não deixando faltar-lhes oportunamente a missa nas localidades. Com ele, fiz a Primeira Comunhão! Também o acompanhei pelas redondezas, no verão, no inverno, nas estações de chuva, em meio aos riscos das estradas inundadas, etc. Ou seja, vi de perto seu desgaste pelo bem da comunidade.

Mais tarde, fui para o seminário menor de Aracaju, e, lá, fui seu aluno de latim, em 1987, quando ele se mudara para o Grageru, na capital. Na nova comunidade, assumindo a missão do pastoreio, igualmente revelou seus dotes como escritor e poeta, publicando livro de poemas. Homem da palavra fácil, ainda teve tempo de desenvolver a inteligência engenhosa para a pintura, uma obra de arte que exige criatividade e vislumbres pontuais da mente do artista. Pinturas em tela, com tinta; gravuras rabiscadas a lápis de cor ou apenas de grafite; tudo isso mostrava o gosto pela cultura polivalente que lhe rebentava na alma. Mais tarde, em 1996, voltou a Carira para preparar as minhas ordenações diaconal e sacerdotal. Fez tudo com muito carinho e generosidade, junto à comunidade. Seu “primogênito” tornava-se padre no dia 21 de janeiro de 1998. Há 25 anos!

Ao celebrar o Jubileu de Ouro Sacerdotal nos brindou com o livro “Cartas para Francisco”, em 2013, retratando, através de missivas endereçadas ao pobrezinho de Assis, suas preocupações pastorais no vicariato de Carira. Na verdade, um belo resgate de boas lições vividas como sacerdote. No final dessa obra, há uma coleção iconográfica de sua autoria que resume a história de São Francisco. Feita a lápis de cor, parecem figuras tridimensionadas pela percepção da acuidade do criador. Ainda há outras obras suas que não foram publicadas por falta de recursos pecuniários, inclusive uma que auxiliou muito a Ir. Morais na sua obra “Província Eclesiástica de Aracaju: Evangelizando para a vida” (2014). Sua colaboração foi muito valiosa, e a autora lhe agradeceu condignamente a generosidade da pesquisa.

Agora já octogenário, no dia 3 de janeiro de 2023, comemorou mais uma primavera, no alto de seus 86 anos de vida, e caminha para o sexagenário aniversário de ordenação sacerdotal, no dia 7 de julho do ano em curso. Vive numa casinha em Itabaiana, na solidão de seu peregrinar, ajudando no que pode às religiosas de um hospital, desgastando seus dias com alegria testemunhal e espírito de bom humor. Sim, sua pessoa deveria ser colocada na vitrine da arquidiocese de Aracaju, não somente para ser reconhecido como consagrado do Senhor, mas, também, elevado ao pedestal da dignidade do que foi sua vida derramada pela Igreja e pelos cristãos por onde passou. Enfim, um testemunho vivo, fiel e alegre do serviço ao Senhor. (Dr. Pe. Gilvan Rodrigues dos Santos).