terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Águias que voam alto...

                                                          ÁGUIAS QUE VOAM ALTO
                                                                              
                                                                             

Águias que voam alto também devem saber fazer voos rasantes! Quem se preparou para correr muitos quilômetros, também deve estar aberto à possibilidade de chegar somente até o meio do caminho; quem pensou em escrever muitas páginas de um livro, também pode deleitar-se apenas com a beleza de um breve poema; quem imaginou viver cem anos, também pode ser constrangido a ter de abreviar a existência para vinte e cinco; quem excogitou vencer muitos prêmios, também pode contentar-se com os louros fortuitos de momentos esporádicos de vitória; quem se preparou para altas ondas, também pode apreciar o balanço suave das maretas; quem sonhou a vida brilhando de felicidade, também pode habituar-se a situações de tristeza...


Essas frases de pensamentos cortados vieram-me à mente quando vi o meu último texto – “Vinde e vereis” – enviado para esse distinto Jornal, retalhado e reduzido a periódicos semanais do “continua próxima semana”, sem nem sequer ter sido consultado ou ouvido propostas dos seus dirigentes, que me confiaram, há mais de um ano, a responsabilidade e a competência de ocupar o espaço com minha colaboração semanal! Confesso que ver o meu texto truncado, não me agradou. Eu não escrevo novelas com cenas para o próximo capítulo. No entanto, reconheço que nem todo mundo é capaz de ler um texto prolixo com perseverança e serenidade. A impaciência é própria dos tempos modernos. O fato é que escrever não é uma tarefa fácil. Na verdade, a composição de um texto literário requer muita leitura, disposição de tempo, sabedoria e criatividade, a fim de que o justo caminho das letras encontre a constituição das ideias. A inspiração não brota em mentes preguiçosamente ociosas. Mas escrever pouco também é uma maneira de demonstrar a capacidade intelectiva em abordar a corrente dos pensamentos sem cansar o leitor.


Claro que, se formos criticamente honestos com a nossa inteligência, não podemos deixar de reconhecer que, em muitos tabloides apresentados aos nossos olhos, há muito espaço dedicado à baboseira infrutífera de raciocínios que se arrastam do nada à coisa alguma, tudo fruto de uma sociedade vazia de sentido e superficial na mediocridade nossa de cada dia.


Enfim, vamos considerar que essa seja uma nova fase de minha colaboração no preparo esmerado do constitutivo, presente e distinto Jornal de Aracaju. Com efeito, se os bons são omissos, como não nos admirar com o avanço e o progresso dos maus? Pois bem, reflitamos sobre a questão!