segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Caridade não pratica o mal!

                                       A CARIDADE NÃO PRATICA O MAL 
   
                                                        

O amor deve vencer os escombros da superficialidade de nossas atitudes e ações. Mais ainda, ele deve purificar o sentido errado que demos à plenitude de sua significação. Quantas vezes por dia trazemos nos lábios a palavra “amor” sem a devida correspondência à legítima revelação do que as intenções escondem por trás da hipocrisia de nossas satisfações!

Por que será que São Paulo diz que “quem ama o outro cumpriu a Lei?”. Ele mesmo dá-nos a resposta: “De fato, os preceitos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e todos os outros se resumem nesta sentença: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é a plenitude da Lei” (Rm 13,8-10). O amor é tão importante na convivência humana que Santo Agostinho ensina, sem medo de errar: “Ama e faze o que queres!”. O amor não pode errar, e é por isso que ele pode redimensionar todas as outras categorias dos sentimentos de nossa alma na justa medida de sua compreensão e aplicabilidade no circuito livre de nossas escolhas e manifestações de simpatia, de amizade, de amor, de afeição, de apreço merecido pelo outro. Mas, essa atitude deve ser trabalhada constantemente, tentando trazer à luz da consciência a necessidade do amadurecimento nas situações mesmas que vivemos.

Na vivência do amor cristão, somos intimados a superação dos conflitos próprios de nossa humanidade. O grande problema para a aceitação dos defeitos alheios é que, com frequência, colocamo-nos acima de quaisquer suspeitas. O evangelho de São João retrata isso de maneira extraordinária. Uma mulher surpreendida em adultério é levada até Jesus. Seus inimigos, “com os olhos injetados do sangue da ira”, levam-na diante dele dizendo que “a lei [de Moisés] manda apedrejar tais mulheres”. Como sempre, a atitude de Cristo é surpreendente, comovente. No início, ele parece fingir que não entendeu bem a questão, mas, com a insistência da provocação furiosa dos detratores, ele não deixou passar a oportunidade para mais uma lição de vida, para mais um ensinamento teológico, ético, do acolhimento misericordioso de Deus, em nome de quem ele age com autoridade divina: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. É verdade, com que facilidade atiramos pedras sobre nossos irmãos!. Todavia, no caso do evangelho, cada um, olhando no mais profundo da própria consciência, foi saindo, “a começar pelos mais velhos” (Jo 8, 1-11).

A ponta aguda do ensinamento de Cristo mostra o quando somos intolerantes com os outros e clementes para com nós mesmos. Um pouco mais de reflexão pessoal poderá ser útil ao melhoramento e à abertura confiante e leal dos bons afetos que gostaríamos de dever condignamente aos transeuntes que flanam, livres e desimpedidos, pelos bulevares luminosos da existência.