quarta-feira, 13 de março de 2013

Um Papa chamado Francisco


Um Papa Chamado Francisco 

 Franciscus


Com muita alegria e entusiasmo cristão, podemos acompanhar, ao vivo, pela televisão internacional, a eleição do Papa Francisco. É a primeira vez na história da Igreja que um Papa assume o nome de Francisco, e, em quase mil e trezentos anos, ele surge de fora do Continente Europeu. Foram 13 dias de Sé Vacante, desde quando o Papa Bento XVI renunciou no dia 28 de fevereiro. Como sua renúncia fora comunicada há exatamente um mês e um dia antes do início do novo Conclave, certamente, desde aquele momento os cardeais já se levantaram para negociar as hipóteses e sugestões do nome cardinalício para que o papa fosse eleito. 


Seu nome: Papa Francisco! Um jesuíta de simplicidade franciscana que parece intencionar unir duas vertentes do apostolado de dois santos com o mesmo nome para nortear sua orientação pastoral de condução da barca de Pedro pelos desafios do mundo contemporâneo: pobreza e evangelização. Um Papa que deve preocupar-se com os pobres, ao mesmo tempo que, também, deve evangelizá-los, levando a boa-nova de Cristo para todos os homens. Quem não conhece a história de São Francisco de Assis, que viveu entre os séculos XII e XIII, devotando sua vida ao estilo evangélico? Amigo dos pobres, ele despojou-se da riqueza e opulência do pai para esposar a própria pobreza. Pelos noticiários que vimos e ouvimos, o novo Cardeal que virou Papa caracteriza-se pela simplicidade e proximidade aos pobres. Bonito saber de sua sugestão quando foi criado Cardeal, em 2001, pelo Papa João Paulo II: os amigos de sua arquidiocese que pensavam em acompanhá-lo àquele momento tão solene, atenderam ao seu pedido para que o dinheiro da viagem fosse revertido aos mais necessitados da comunidade. Um testemunho concreto de caridade fraterna. 


Quanto a São Francisco Xavier, um jesuíta, que faleceu em meados do século XVI, ele destacou-se pelo espírito missionário e evangelizador, sobretudo, deixando os países europeus para dedicar-se à cristianização do Oriente, como do Japão e da Índia. Um teimoso aventureiro do evangelho de Cristo. 


Ao aproximar-se do Pórtico da Basílica do Vaticano de onde se apresentou, as palavras do novo Papa traduzem o sentido profundo de seu pontificado e de sua vida, inspirada na fraternidade e no amor recíproco: “E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela!”




Francisco: O Papa do Fim do mundo! 




Agora, sim, vai chegar o fim do mundo mesmo! Os Cardeais eleitores do segundo Conclave do início do terceiro milênio elegeram um papa “do fim do mundo!” Assim, apresentou-se o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, da Argentina, que, ao ser eleito Papa, intitulou-se Francisco: “Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde”. 


A fumaça branca começou a subir pela chaminé e se espalhar pelos ares de Roma, às 19h06min. Habemos Papam! Esse foi o anúncio feito pelo Cardeal Jean-Louis Tauran, francês, do pórtico da Basílica do Vaticano, às 20h18. Quem no-lo poderia dizer ou revelar por antecipação mais essa surpresa histórica da Igreja Católica? O Papa é sempre o Papa e, quanto a isso, ninguém discute. Ele é aquele que Cristo colocou à frente de sua Igreja (Mt 16,13-19) com a responsabilidade de confirmar os seus irmãos na fé (Jo 21, 15-17). Porém, tentar adivinhar a sua origem, sua nacionalidade, suas tendências teológicas, seus talentos reflexivos ou comunicativos não é tarefa fácil, sobretudo, porque, no final, o Espírito Santo acaba surpreendendo todos os palpites da imprensa em ebulição. Tanta especulação barata a troco de nada. Mas a imprensa vive disso. Depois de 13 dias de Sé Vacante, com a renúncia de Bento XVI, eis que, agora, teremos de habituar-nos ao novo rosto do Romano Pontífice. Acabou-se o tempo da expectação. A curiosidade de todos foi satisfeita às 20h18, horário local, em Roma. Então, já temos Papa. Viva o Papa! 



Seu nome é Papa Francisco! Certamente, uma homenagem a dois Santos chamados Francisco. São Francisco de Assis, que viveu no final século XII e início do século XIII, em tempos de circunstâncias, tanto sociais quanto eclesiais, muito difíceis. Ele quis empregar toda a sua vida ao estilo de vida evangélica, conforme a pobreza e a simplicidade. Ele que afirmava: “Ninguém me ensinava o que eu devia fazer; mas o próprio Altíssimo me revelou que devia viver segundo o santo Evangelho”. O outro se chamava São Francisco Xavier, pertencente à congregação do novo Papa, um Cardeal jesuíta. Voltado à evangelização dos povos, não podemos esquecer-nos do empenho missionário que o levou a aportar no Oriente, morrendo às portas de Goa, na Índia, em 1552. Era “um navarrês teimoso”, segundo os historiadores; “o missionário mais audacioso de todos os tempos, procurava sacudir o torpor da Europa para que fossem enviados ao Oriente não mais cobiçosos comerciantes em busca de riqueza, mas generosos apóstolos da Boa-nova” de Cristo e de seu evangelho. Como sabemos, o nome que o Santo Padre se impõe é de escolha totalmente livre e pessoal. Uma inspiração, quiçá, espiritual que pode ter a vida do Papa, cujo nome ele assume na sucessão à Cátedra Petrina. Quem é ele? De onde ele vem? Qual sua influência nos últimos tempos do pontificado ratzingueriano? Seu nome constava na lista dos mais papáveis como tanto averiguaram a imprensa internacional e muitos vaticanistas? Ou será um rosto desconhecido que precisa ser descoberto? Seu pontificado no-lo dirá. Com a idade de 76 anos, com certeza, ele terá mais tempo para dizer a quem veio e qual será sua “política” administrativa da Igreja de Roma. 



No momento, nada mais nos resta, além de agradecermos a Deus a oportunidade de mais um Papa que deve trazer dentro do coração a própria verdade imutável e perene do Evangelho de Cristo. É ele mesmo, isto é, o Senhor Jesus, quem nos concede tão precioso dom. São tempos novos para a Igreja do Senhor, sempre fiel aos mandamentos e ensinamentos de seu fundador. Amiúde, o mundo gostaria de ouvir discursos aplausíveis por parte do Papa. Todavia, nem sempre o que Cristo prega por meio da Igreja é tão producente quanto gostaríamos. A palavra do Evangelho semeada no coração dos homens encontra resistências pela cultura libertina com que estamos contaminados. Todos os “direitos” concedidos pela gravidade de nossas escolhas, às vezes, contrárias à vontade de Cristo que nos quer todos santos, tentam encontrar um ponto de apoio no relativismo com que fundamentamos suas razões. O esperado diálogo com o mundo moderno, tão moralmente distante dos preceitos divinos, ainda não vai encontrar o respaldo necessário à superação das expectativas. Por isso que, por incrível que pareça, ainda hoje, muitos cristãos são levados para morrer de fome e de sede no deserto. Muitos outros são incinerados dentro de suas próprias igrejas e comunidades, como vimos em episódios recentes na Nigéria. E os intolerantes ainda se consideram no direito de pedir tolerância. As minorias querem ter direitos, desprezando e sufocando os mesmos direitos da maioria. 


Bem-vindo, Papa Francisco! Bendito o que vem em nome do Senhor! Deus conceda vida longa, saúde e paz ao novo “Vigário de Cristo na terra”, a fim de que ele possa, em meio às vicissitudes temporais, dentro e fora da Igreja, conduzir o rebanho do Senhor à fraternidade universal entre todos os povos.