sábado, 22 de dezembro de 2012

Antes do Natal, já que o mundo não acabou...

Antes do natal, Já que o mundo não acabou... 


O Natal é o momento mais rico da esperança do Povo de Deus, porque, nele, resplandece para todos os povos a Salvação que vem de Deus, Jesus Cristo, o Emanuel, o Deus conosco. É, pois, assim, envolvido no mistério da Encarnação de Deus, que nos preparamos para o gesto sublime da reconciliação que Ele nos traz, “cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). Graça porque Ele é pura gratuidade. Verdade, porque somente à luz de sua presença é que descobrimos quem nós somos de verdade.
Se ele nos traz a reconciliação com Deus, o Pai criador, é porque sua missão sinaliza algo que também nós podemos fazer em relação aos nossos irmãos, sobretudo, quando somos capazes de reconhecer que nos ferimos e nos machucamos reciprocamente nos atropelos de nossa sede de realização e plenitude. Assim, no balanço reflexivo do coração, ainda podemos buscar, antes que chegue o Natal do Senhor, consolo e serenidade pela atitude do perdão, dado e recebido, pela generosidade do acolhimento. Final de ano é um tempo propício para tal ato de reconhecimento e abraço fraterno. Na verdade, cada um sabe o que seu coração desejaria para encontrar o melhor remédio espiritual de suas feridas. Mas também vale a vontade de reaproximação e amizade. No vai e vem da existência, quem possui o brio em enxergar o valor do outro sabe quanto pesa o companheirismo sadio dos amigos. Por isso que muitos relembram com saudade o tempo da convivência e a necessidade do cultivo das boas relações humanas pela vida afora, do tempo de estudos, da gestão no trabalho, das reminiscências da infância, e por aí vai a saudade do que já passou e dos amigos que se distanciaram.
E mesmo quando, por alguma circunstância, devêssemos tirar alguém da nossa lista, não deveríamos pensar que o outro seja descartável como lixo que tiramos de nossa cozinha, que apodrece no recanto da vida e é levado para o entulho da indiferença. Mesmo quando nem tudo correspondeu aos anseios da liberdade que procuramos diante do outro, ainda assim, a prudência aconselha discrição nos ataques ofensivos da crítica impiedosa e destruidora dos afetos. De fato, as pessoas podem ir embora da nossa vida, mas a tristeza fica acumulada no coração doído pela tristeza da ausência. E, dependendo do grau de animosidade e indisposição, gerados pelas turbulências relacionais, o tempo não cura a cicatriz do desprezo, aumentando o abismo da separação e a melancolia da impossibilidade do diálogo desejado...
Natal, com a chegada de Deus entre nós, também é para tudo isso acima referido, especialmente, porquanto dele aprendemos a singularidade de cada pessoa na dispersão de suas incongruências existenciais. Pense nisso, e Feliz Natal a todos os meus assíduos leitores, e um ano novo cheio de muita paz de espírito e consolação divina.