quarta-feira, 26 de junho de 2013

São José na Liturgia da Igreja Católica


São José na Liturgia da Igreja Católica 




Sempre pensei que a menção do nome de São José, o esposo de Maria, a mãe de Jesus, fazia falta na Liturgia da Igreja. Com efeito, apesar da discrição com ele é apresentado nas narrativas dos evangelhos de Mateus e Lucas, sua figura não deixou de ser importante no seio da Sagrada Família de Nazaré. Silencioso, nunca disse nada, nenhuma só palavra foi dita por ele no contexto em que ele aparece envolvido no mistério da encarnação do Filho de Deus, Jesus, cuja paternidade humana, mesmo se putativa, fora-lhe confiada.

Não que a Igreja nunca tenha se interessado pelo alcance do testemunho espiritual de homem “justo [e santo]”, como destaca o próprio evangelista Mateus (cf. 1,19). Ou seja: “Por causa desta relação especial com Jesus e Maria, José sempre foi muito venerado na Igreja. Pio IX, resumindo a herança dessa grande tradição, proclamou-o patrono da Igreja Universal, e Leão XIII o indicava como modelo de todas as famílias cristãs. Bento XV escreveu: ‘A casa divina, que José governou... continha os princípios da Igreja nascente... Como consequência disto o santo patriarca deve sentir como confiada a si, por especial razão, toda a multidão dos cristãos’” (Enrico Peppe). E ainda: “Pio XII o propôs como modelo par todos os trabalhadores e fixou o dia 1º de maio como festa de São José Trabalhador, que ‘enobreceu o trabalho humano, sustentado e animado pela convivência de Jesus e Maria’ e ‘exercendo sua arte com empenho e virtudes admiráveis, tornou-se o mestre de trabalho do Cristo Senhor que não desdenhou ser chamado filho do carpinteiro’” (Enrico Peppe). 

 


Seu nome é citado 35 vezes em todo o Novo Testamento. Mas, claro que se trata também de outros Josés, como José, irmão de Tiago (Mt 27,56) e José de Arimateia (Mt 27,57; Mc 15,43.45). No entanto, na grande maioria das citações, faz referência a “José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo” (Mt 1,16). Com efeito, já são quase dois milênios de história do Cristianismo, e, somente agora, no dia 20 de junho de 2013, por meio de um Decreto, emitido pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o seu nome foi inserido nas orações eucarísticas II, III e IV do Missal Romano. A nota é da própria Congregação: “Pelo seu lugar singular na economia da salvação como pai de Jesus, São José de Nazaré, colocado à frente da Família do Senhor, contribuiu generosamente à missão recebida na graça e, aderindo plenamente ao início dos mistérios da salvação humana, tornou-se modelo exemplar de generosa humildade, que os cristãos têm em grande estima, testemunhando aquela virtude comum, humana e simples, sempre necessária para que os homens sejam bons e fiéis seguidores de Cristo. Deste modo, este Justo, que amorosamente cuidou da Mãe de Deus e se dedicou com alegre empenho na educação de Jesus Cristo, tornou-se guarda dos preciosos tesouros de Deus Pai e foi incansavelmente venerado através dos séculos pelo povo de Deus como protetor do corpo místico que é a Igreja”.

E a mesma nota continua: “Na Igreja Católica os fiéis, de modo ininterrupto, manifestaram sempre uma especial devoção a São José honrando solenemente a memória do castíssimo Esposo da Mãe de Deus como Patrono celeste de toda a Igreja; de tal modo que o Beato João XXIII, durante o Concílio Ecumênico Vaticano II, decretou que no antiquíssimo Cânone Romano fosse acrescentado o seu nome. O Sumo Pontífice Bento XVI acolheu e quis aprovar tal iniciativa manifestando-o várias vezes, e que agora o Sumo Pontífice Francisco confirmou, considerando a plena comunhão dos Santos que, tendo sido peregrinos conosco neste mundo, nos conduzem a Cristo e nos unem a Ele”.

Por fim, a mesma nota encerra sua argumentação, afirmando: “Considerando o exposto, esta Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, em virtude das faculdades concedidas pelo Sumo Pontífice Francisco, de bom grado decreta que o nome de São José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, seja, a partir de agora, acrescentado na Oração Eucarística II, III e IV da terceira edição típica do Missal Romano. O mesmo deve ser colocado depois do nome da Bem-aventurada Virgem Maria como se segue: na Oração Eucarística II: “ut cum beata Dei Genetrice Virgine Maria, beato Ioseph, eius Sponso, beatis Apostolis”; na Oração Eucarística III: “cum beatissima Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum beatis Apostolis”; na Oração Eucarística IV: “cum beata Virgine, Dei Genetrice, Maria, cum beato Ioseph, eius Sponso, cum Apostolis”. 




Por conseguinte, para todos os cristãos católicos isso deve ser motivo de muita alegria, especialmente, para os homens que foram considerados dignos de carregar consigo o homônimo de tão insigne defensor da Família de Nazaré.