quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

15 Anos de Ministério Sacerdotal

15 Anos de Ministério Sacerdotal 

 

No próximo dia 21 de janeiro, estarei completando 15 anos de exercício de Ministério Sacerdotal. De lá para cá, Deus me concedeu a possibilidade de aprofundar sempre mais a riqueza do dom vocacional por meio de muitas experiências que gostaria de partilhar com meus queridos leitores. Como havia anunciado aqui nesse espaço jornalístico, publicarei o meu oitavo livro intitulado: “Pérolas de Espiritualidade Paulinas”. Depois formularei o convite oficial, mas quem desejar já pode agendar-se para a Missa de Ação de Graças, às 19h30, na Igreja do Bem-aventurado José de Anchieta, no Conjunto Augusto Franco. O texto a seguir foi elaborado com base na mensagem final do livro que publicarei na ocasião. 

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! Não encontrei outra expressão melhor para iniciar a “mensagem final” dessa obra comemorativa. Sim, louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, por ter-me concedido a graça de poder chegar aos quinze anos – Bodas de Cristal – de exercício do Ministério Sacerdotal, mesmo que nunca tenha sido Pároco. Poucos sacerdotes têm o privilégio de poder fazer tal afirmação. Essa é a minha história. Louvado seja Deus! 

Como se poderá perceber ao longo das páginas do livro “Pérolas de Espiritualidade Paulina”, por meio dos acenos que faço à figura de São Paulo e ao conteúdo espiritual e evangelizador de seus textos, trata-se do esforço de ensaio sobre a magnitude de algumas “pérolas de espiritualidade” encerradas em suas missivas pastorais, com o intuito de animar, exortar, chamar a atenção, evangelizar e, sobretudo, apresentar Jesus Cristo como o único Salvador de todos, por meio de quem podemos obter o dom supremo da redenção pela efusão de seu sangue. A grandeza de sua teologia e cristologia é inesgotável. Cada expressão poderia encher páginas e mais páginas de reflexão e amadurecimento quanto ao conhecimento de Cristo. Porém, o mais importante dentro do contexto de sua apresentação é a abertura que o leitor deve ter em relação à novidade de Cristo, Morto e Ressuscitado, o único capaz de fazer “novas todas as coisas” (Ap 21,5). De fato, essa é a sua intenção pedagógica e doutrinal mais emergente e comprometedora. Ninguém deveria permanecer indiferente ao seu apelo de conversão ao Senhor, qual exigência imperativa do acolhimento à pessoa de Cristo e à profissão de fé no redentor de nossa humanidade pecadora. Por isso que é motivo de grande alegria e comoção interior, poder celebrar o dia 21 de janeiro de 2013 dentro do Ano da Fé – de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013, Festa de Cristo Rei – que o Santo Padre, o amabilíssimo Papa Bento XVI, proclamou, a fim de que todos os cristãos católicos possam “tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro” (Porta Fidei, n. 15). 

A palavra do Papa focaliza, também, de maneira enfática e concreta, a urgência do testemunho cristão. Na verdade, “aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir a mente e o coração de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim” (Porta Fidei, n. 15). De alguma maneira misteriosa, também o nosso coração deve deixar transbordar o testemunho sincero do Senhor em nossa vida, mesmo se, para isso, não devamos negar nem esconder a displicência e a luta do combate interior pelo empenho de conversão, por causa das fragilidades vulneráveis da vontade humana diante dos apelos do Senhor. Como diria o próprio São Paulo, bordejando inseguro pelas águas impetuosas de sua humanidade, “Eu sei que o bem não mora em mim, isto é, na minha carne. Pois o querer o bem está ao meu alcance, não, porém o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que ajo, e sim o pecado que mora em mim” (Rm 7,18-20). Claro que com o final de tal afirmação, São Paulo não está querendo negar, sob nenhuma hipótese, a responsabilidade pessoal do homem diante da prática do mal, conforme acena uma nota da Bíblia de Jerusalém. Ou seja, as naturais inclinações para o mal, marcadas pela concupiscência, não podem dispensar o homem de sua condição de liberdade e alvedrio quanto aos condicionamentos de suas escolhas. É quando o velho Adão salta dentro de nós. Portanto, da consciência da realidade de cada decisão pessoal, nasce, de igual maneira, a responsabilidade moral pelas suas consequências. Todavia, é especialmente a gratuidade do Senhor quem nos conduz pelo caminho da conversão e da liberdade interior para o assentimento de seu desejo de santidade para todos. Com a proclamação do Ano da Fé, o Papa nos convida a sintonizar o botão da fé em Cristo, núcleo da pregação e motivação da própria fé. Que possamos impor-nos ao desafio das solicitações de Cristo e de sua Igreja, de modo que, como ainda pede o Santo Padre, possamos “descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé [...]. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria” (Porta Fidei, n. 7). 

Para mim, é uma grande graça poder comemorar os 15 anos de exercício do Ministério Sacerdotal dentro de um ano – o Ano da Fé – tão importante na vida de todos os cristãos, especialmente, procurando “ser” mais do que “fazer” coisas, segundo uma afirmação do então Cardeal Joseph Ratzinger, na catedral de Freising, em 1978. Não nos é exigido somente “o fazer”, mas antes “o ser”, intimamente relacionado com Cristo em seus mistérios. Desse modo, afirmava o Cardeal Ratzinger, apenas nessa profundidade por meio da qual se deixa tocar pessoalmente, e pela qual se dispõe a colocar-se a si mesmo em jogo, é possível corresponder ao dom do Senhor. Consciente dos desafios que vivemos nos tempos pós-modernos, o futuro Papa já nos advertia sobre os perigos de uma vida superficial e medíocre, inclusive, para os sacerdotes da Igreja de Cristo. Não somos “funcionários de Deus”, mas nos colocamos à disposição do mistério que se realiza na Igreja e no mundo por meio de nossa generosidade e doação.