quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

15 anos de Sacerdócio: Nos albores do minstério sacertotal

15 Anos de Sacerdócio  
Nos albores do Ministério Sacerdotal


Ainda dentro da comemoração dos meus 15 anos de exercício do Ministério Sacerdotal, segunda-feira próxima, dia 21 de janeiro, também gostaria de aproveitar a ocasião, para agradecer a Deus a possibilidade que me concedeu para poder amadurecer e tornar mais fecundo o ministério e o serviço à Igreja de Cristo em todos os lugares por onde passei ao longo desses quinze anos: Rosário do Catete, Carmópolis, General Maynard – meus primeiros amores sacerdotais – a Coordenação Pastoral Catequética na Arquidiocese e na equipe do Regional Nordeste III, a Reitoria do Seminário Menor “S. C. de Jesus”, o Economato e a Vice-reitoria do Seminário Maior “Nossa Senhora da Conceição”, da Província Eclesiástica de Aracaju e a Paróquia “Jesus Ressuscitado”, no Bairro Jardins. Em tudo, pudemos constatar que o Senhor, realmente, não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos. De fato, é a escola da fé e do abandono às moções do Espírito Santo que nos elege, chama e escolhe em Cristo, que nos permite jogar-nos na aventura vocacional da Igreja Santa do Senhor. Foi, pois, assim, que nos albores das primícias sacerdotais, o Senhor me concedeu a oportunidade de ganhar a amizade de tantos amigos e benfeitores.

Mais tarde, em 2002, o Senhor permitiu que eu me dirigisse à Cidade Eterna, Roma, a fim de aprofundar os estudos no intento de melhor e mais preparado poder servir à Igreja particular de Aracaju. Foi um tempo de ricas e inesquecíveis experiências pelo Velho Continente, morando no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, nas proximidades do coração da Igreja de Cristo, que do Vaticano palpita e faz jorrar o sangue da energia evangelizadora para o mundo inteiro. Ali, podíamos ver o Santo Padre, o Papa, sempre que possível. As aulas na Pontifícia Universidade Gregoriana, os amigos vindos do mundo inteiro, as inquietações com as exigências dos estudos, o aprendizado de novas línguas, os desafios de viver num universo cultural tão cosmopolita e diversificado pelo mosaico pluricultural de tantas civilizações presentes no turismo da cidade, os finais de semana em Orbetello, as férias na Alemanha pelas terras de Beethoven, Martinho Lutero, Santa Edith Stein, Sebastian Bach, o divertimento com o cinema mudo de Bonn, os passeios ao longo do rio Reno, o primeiro contato com o Continente Africano pelas vielas do Togo e do Benin, a excursão pela terra de Cristo, a Palestina, do Norte ao Sul, o vislumbre do banho no Mar Vermelho e no Mar Morto, as noites no deserto do Neguev, o frescor das planícies verdes da Galileia, do Lago de Tiberíades, o Monte Tabor e o monte das Oliveiras, os dias na Cidade de Sião, Jerusalém, visitando os lugares santos, o Monte Calvário e o Santo Sepulcro, o Cenáculo de Jerusalém e o muro das Lamentações, a visita aos túmulos dos patriarcas e matriarcas do Povo de Israel, na gruta de Macpela, nas terras de Hebron, o esplendor do monte Hermão, nas fronteiras do Líbano, a ida à Cesareia Marítima, onde São Paulo ficou preso antes de viajar para Roma e à Cesareia de Filipe, o ambiente de suspeita terrorista vividos em Tel-aviv, as cidades de Paris e Londres, Greenwich, “onde começa o tempo” [“The time begins here!”], a estada em San José de Costa Rica, o agito das águas revoltas do Oceano Pacífico, enfim, tudo isso e muito mais reverberam em minha alma a grandeza dos caminhos do Senhor que me permitiu ir mais longe do que eu jamais teria ousado poder imaginar.

Numa palavra, em minha vida vocacional e sacerdotal tudo é fruto da gratuidade operosa do meu Senhor e meu Deus, que me chamou antes mesmo de me modelar no ventre de minha mãe, para usar a expressão do profeta Jeremias (Jr 1,5). Tudo em minha vida é graça do Senhor, embora eu tenha consciência de não responder condignamente à riqueza transbordante de seus dons divinos. Infelizmente, os limites vulneráveis da vontade muitas vezes condicionam o seguimento radical das pegadas do Senhor. Mas é preciso que nos esforcemos com convicção e maturidade espiritual no Senhor. Que ele continue derramando sobre nós as delicadezas de sua graça.

Durante esse tempo, muitas pessoas, entre parentes e amigos, desapareceram do horizonte de minha existência. Gostaria de poder declinar o nome de cada uma delas no rol de minhas reminiscências, para manifestar gratidão e reconhecimento a todas elas durante o tempo da minha formação, mas, sobretudo, da minha vida sacerdotal. No entanto, se eu pudesse falar-lhes, pessoalmente, dir-lhes-ia apenas que todas elas fazem parte da galeria da saudade presente nas paredes internas do meu coração.

Sei que a dinâmica da vida e do tempo também levou alguns amigos para longe de mim, por circunstâncias múltiplas e, às vezes, alheias à nossa vontade. No tempo da saudade interior, eles continuam habitando meu coração pela recordação dos bons momentos vividos no calor humano do afeto de sua companhia. Como afirmavam os gregos, a amizade ainda é o maior bem da vida. Se o inverno for intenso, não congela a fortaleza de seus sentimentos; se a primavera for estéril, não mata a resistência do perfume de suas flores; se o verão for escaldante, não sufoca a brisa suave de suas noites densas, escuras; e se o outono for indiferente, não destrói a leveza de seu encanto.

Não poderia concluir sem fazer menção ao dia da minha Ordenação Presbiteral, em Carira, no dia 21 de janeiro de 1998, há exatos 15 anos. Que momento pleno de graça e verdade pela misericórdia do Senhor que me quis sacerdote de sua Igreja, segundo a Ordem do Rei Melquisedec, a mais antiga ordem que existe! Por tudo, enfim, mais uma vez, repito: Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo! A Ele o tempo e a eternidade pelos séculos dos séculos sem fim. Amém.