terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

João Paulo II e a figura do Sacerdote

João Paulo II e a figura do Sacerdote

 



O alcance do ministério petrino do Beato João Paulo II sempre enfatizou, de maneira doutrinal e catequética, a grandeza do exercício no ministério sacerdotal, ao longo de todo o seu pontificado. E o reflexo mais rico e profundo dessa convicção está nas cartas que ele dirigia aos sacerdotes do mundo inteiro, a cada Quinta-feira Santa. Depois, elas foram compiladas num único volume feito na Itália, com o título que seria traduzido por “O amor maior: Eucaristia e Sacerdócio. Cartas de João Paulo II aos sacerdotes para a Quinta-feira Santa (19979-2005)”, sob os cuidados de Leonardo Sapienza. 


A primeira carta é da Quinta-feira Santa de 12 de abril de 1979 e, a última, de 24 de março de 2005, poucos dias antes de sua morte. Vivendo com o mundo inteiro a expectativa dos acontecimentos que culminariam no seu desaparecimento do nosso meio, no dia 2 de abril seguinte, suas palavras carregam a mesma emoção que senti, quando, de Israel, a Terra de Jesus, eu podia constatar pelos meios de comunicação os derradeiros movimentos de sua existência: “O meu pensamento vem a vós, sacerdotes, enquanto transcorro dias de convalescência e de reabilitação no hospital, doente entre os doentes, unindo na Eucaristia o meu sofrimento ao de Cristo. Nesse espírito, quero refletir convosco sobre alguns aspectos da nossa espiritualidade sacerdotal”. 


Antes mesmo de tornar-me sacerdote, todos os anos, em Brasília, os seminaristas recebiam a carta que o então Cardeal Arcebispo, Dom José Freire Falcão, apresentava aos sacerdotes. Sempre a li com muito interesse e vontade de conhecer melhor o mistério pelo qual estaria disposto a consagrar toda a minha vida. O conteúdo das cartas é uma riquíssima fonte de inspiração e motivação para que continuemos apostando que vale a pena oferecer a vida por Cristo, o Senhor e Salvador de nossas almas, especialmente, pela consciência e lucidez que o texto transmite à luz do próprio testemunho do, hoje, Beato João Paulo II. 


Já no início de seu Pontificado, o pensamento de João Paulo II demonstrou a intenção de ter em consideração a vocação de todos os sacerdotes de Cristo dispersos pelos lugares mais longínquos e obscuros da terra e também dentro sua própria interioridade. Assim, expressou-se o referido Papa em sua primeira carta aos sacerdotes: “No princípio de meu novo ministério na Igreja, sinto profundamente a necessidade de dirigir-me a vós, a todos, sem nenhuma exceção, Sacerdotes, seja diocesano seja religioso, que sois meus irmãos, em virtude do Sacramento da Ordem. Desejo, desde o começo exprimir a minha fé na vocação que vos une aos Bispos, numa particular comunhão de sacramento e de mistério, mediante a qual se edifica a Igreja, Corpo místico de Cristo”, de cujo mistério todos os cristãos fazem parte como de um imenso edifício espiritual, que tem como alicerce o próprio Senhor, Jesus Cristo, a pedra que os pedreiros rejeitaram e que se tornou a “Pedra” angular.