terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cristo, a fonte viva do amor comum de todos


Cristo, a fonte viva do amor comum de todos 

 



Ainda no primeiro pensamento de João Paulo II aos sacerdotes, em 1979, ele continuava: “Portanto, a vós todos, que, em virtude de uma graça especial e por singular doação a nosso Salvador, suportais ‘o peso do dia e o calor do sol’ (cf. Mt 20,12), entre os múltiplos cuidados do serviço sacerdotal e pastoral, estão voltados o meu pensamento e o meu coração, desde o momento em que Cristo me chamou a esta Cátedra, sobre a qual um tempo Pedro deveu, com sua vida e sua more, responder até o fim à pergunta: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?’ (cf. Jo 21,15s)”. 


É o pensamento do Papa que voa de sua preocupação e pousa sobre cada um dos homens da terra que se dispuseram a responder, com liberdade interior e por especial dom e vocação, ao radicalismo do mais exigente amor, aquele que leva alguém a dar a sua vida “pelos amigos”, a exemplo do próprio Cristo (cf. Jo 15,13). Feliz e bela inspiração teve o Papa João Paulo II naquela ocasião do início de seu Pontificado! Dedicar um pouco de suas elucubrações, falando diretamente ao coração dos sacerdotes, como um pai abre seu coração aos filhos, tendo ciência de que as tempestades do espírito também se formam sobre a vida dos consagrados do Senhor, desabando em suas inquietações pastorais cotidianas de todo tipo, repercutindo, inclusive, em conjunturas pessoais que afetam o próprio zelo pastoral pela comunidade que lhe fora confiada pela Igreja de Cristo por meio da pessoa do seu bispo. 


Na sua exposição, o Beato João Paulo II faz referência a muitos documentos que enriquecem a tradição bimilenar da Igreja sobre a importância da vida sacerdotal ao longo da história. No entanto, o que o move, de maneira mais espontânea e concreta, como ele mesmo o reconhece, é a fonte viva do amor comum de todos – Bispos e Sacerdotes – em relação a Cristo e à sua Igreja. Amor que nasce pela graça da vocação sacerdotal, amor que é o maior dom do Espírito (cf. Rm 5,5; 1Cor 12,31; 13). Segundo ele, o Concílio Vaticano II aprofundou a concepção do sacerdócio, apresentando-o no conjunto de seu magistério como expressão das forças interiores, dos dinamismos pelos quais se configura a missão de todo o Povo de Deus na Igreja. 


Referindo-se ao “Povo de Deus”, o Beato João Paulo II fez questão de, logo no início de sua alocução, relembrar aos sacerdotes a diferença essencial que existe entre o “sacerdócio comum dos fiéis” e o “sacerdócio ministerial”, que somente os padres, legítima e validamente ordenados, recebem pelo Sacramento da Ordem. Para isto, ele recorre, de maneira particular, à nova luz trazida pelo Concílio Vaticano II. Tal distinção é, profundamente, essencial, a fim de que possamos vislumbrar, em tons mais evidentes, a riqueza do Sacerdócio de Cristo, e do qual estão revestidos os consagrados do Senhor.