segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Maria da Assunção




Maria da Assunção 

 

Domingo passado, a Igreja no Brasil celebrou a Assunção de Nossa Senhora, comemorada no dia 15 de agosto. Durante séculos, a intuição milenar da Igreja de Cristo percebeu que, sobretudo, fundamentada na teologia bíblica, dizendo “sim” ao projeto divino e tendo já sido concebida sem a mancha do pecado original, a Mãe de Jesus, mais do que qualquer outra criatura sobre a face da terra, sempre esteve intimamente ligada ao seu próprio Filho. Eis, então, o que afirmara o Papa Pio XII, em 1950, quando proclamara o Dogma da Assunção de Maria: “Desde o segundo século, os santos padres apresentam a Virgem Maria qual nova Eva para o novo Adão: intimamente unida a ele – embora com submissão – na mesma luta contra o inimigo infernal (como tinha sido previamente anunciado no proto-evangelho [cf. Gn 3,15), luta que iria terminar com a completa vitória sobre o pecado e a morte, coisas que sempre estão juntas nos escritos do Apóstolo das gentes (cf. Rm 5 e 6; 1Cor 15,21-26.54-57)”. 

E o Santo Padre continuava: “Por este motivo, assim como a gloriosa ressurreição de Cristo era parte essencial e o último sinal desta vitória, assim também devia ser incluída a luta da santa Virgem, a mesma que a do seu Filho, pela glorificação do corpo virginal”. Bendita aquela que acreditou! Assim, o comportamento de fé da Mãe de Deus é motivo de alegria para todos os cristãos, que com veneração, acolhem-na em sua vida, a pedido de Cristo que nos diz: “Eis [aí, a] tua mãe” (Jo 19,27). Maria disse “sim” com os lábios, o coração e a vida inteira, sem nenhuma chance de permitir que as inspirações do tentador pudessem desviá-la, por um milésimo de segundo sequer, da sinceridade absoluta de suas atitudes, fiéis e obedientes à vontade de Deus. Eis por que ela se encontra, lá, antes de todos nós, de onde também nos espera para que participemos da gloria celeste, junto ao seu Filho. De fato, é confiante nessa esperança que a Igreja reza nesse dia: “Deus eterno e todo poderoso, que elevastes à glória do céu em corpo e alma a imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto a fim de participarmos da sua glória”. 

Na afirmação São Paulo, “todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, o Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo” (1Cor 15,22-23). Nessa perspectiva de realização plena no céu, Maria pertence a Cristo, desde todo o sempre pelo misterioso desígnio do Pai celestial. Assunta ao céu, em corpo e alma, a Mãe de Jesus já está revestida da imortalidade de que ainda fala São Paulo, uma espécie de “moradia que não é feita de mãos humanas, mas que é eterna” (1Cor 5,1). Na terra, somos peregrinos em direção ao cumprimento definitivo das promessas divinas no tempo da eternidade de Deus. Olhando para Maria, em quem resplandece a glória da ressurreição de Cristo, alimentamos a esperança de, também, nós chegarmos lá.