domingo, 25 de novembro de 2012

Experiências do Povo de Israel...


Experiências do Povo de Israel 

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Muitas experiências duras do povo de Israel, tais como a escravidão no Egito, o tempo de errância durante o Êxodo, as dificuldades do percurso em direção à Terra Prometida, a opressão das nações vizinhas e dos impérios tiranos que o subjugaram, e o Exílio na Babilônia, tudo o levou ao sofrimento. 

A expressão é do próprio salmista: “À beira dos canais de Babilônia nos sentamos, e choramos com saudades de Sião; [...] Lá os que nos exilaram pediam canções, nossos raptores queriam alegria: ‘Cantai-nos um canto de Sião!’ Como poderíamos cantar um canto de Iahweh numa terra estrangeira?” (Sl 137,1-4). A literatura sapiencial sobeja em testemunhos vivos de dor e tristeza do povo eleito do Senhor. Mas não é somente a literatura espiritual sobre os desconfortos da alma que nos interessa. Precisamos ir mais além e perguntar-nos como isso se aplica na vida prática, ou melhor, como estamos dispostos a enfrentar os percalços espinhosos de sua concretude. De nada adianta o intelectualismo frio das palavras, sem a aplicabilidade coerente do conteúdo mordaz de suas atribuições nas fissuras interiores da vida em si mesma. 

São Paulo não fala de maneira fantasiosa. Ele está no olho do furacão das controvérsias reais de situações difíceis que parecem rebentar as barreiras de todas as suas resistências. Mas ele permanece firme, na fidelidade ao seu Senhor. Ele sabe, realmente, em quem depositou a sua fé (2Tm 1,12). E nada poderá demovê-lo do posto em que se encontra, sempre olhando adiante, com os olhos fixos no autor e realizador da própria fé, Cristo Jesus (Hb 12), inclusive, estando disposto a permitir que sua vida se derramasse em sacrifício de libação, pois “se o meu sangue for derramado em libação, em sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e me regozijo com todos vós; e vós também alegrai-vos e regozijai-vos comigo” (Fl 2,17). Envolvido totalmente com Cristo e a causa do evangelho, sua consciência límpida e transparente não o autoriza a dispensar-se da exigência mais radical de seu testemunho, o martírio, expressão máxima do abandono e da confiança no Senhor, justo Juiz, que lhe garantiu a coroa da vitória. 

Na expressão do Papa Bento XVI, “Paulo era um homem disposto a deixar-se ferir e era esta exatamente a sua força. Não se protegeu, não tentou tirar o corpo fora das contrariedades e das circunstâncias desagradáveis, menos ainda procurou garantir para si uma vida tranquila”. E mais adiante, continua o Romano Pontífice: “Paulo não pensava absolutamente que o dever prioritário da pastoral fosse evitar as dificuldades e não considerava que um apóstolo devesse em primeiro lugar preocupar-se em ter a opinião pública ao seu lado. Não, ele queria sacudir, romper o sono das consciências, até às custas da vida. [...] Também hoje a Igreja poderá convencer as pessoas somente à medida que os anunciadores estiverem dispostos a deixar-se ferir. Onde falta disponibilidade em sofrer pessoalmente, falta o tema decisivo da verdade, do qual a própria Igreja depende. Sua batalha será sempre e somente a batalha dos que aceitam sacrificar-se: a batalha dos mártires”. 

Ser cristão nos tempos modernos também é isto, quer dizer, arriscar tudo por causa de Cristo e da pregação do Evangelho, com o radicalismo ao qual, nem sempre, parecemos muito dispostos a levá-lo até às últimas consequências.