domingo, 18 de novembro de 2012

Santo Agostinho e as Confissões!


Santo Agostinho e As Confissões


Na frágil estampa de nossa solícita memória, há figuras extraordinárias que são evocadas em determinadas circunstâncias de nossa vida. Por exemplo, o estudo da Patrística aborda a caravana dos padres e escritores mais ilustres do Ocidente, entre os quais se destaca Santo Agostinho, o Bispo de Hipona, que merece especial relevo e inestimável apreciação e consideração. Esse farol debaixo do véu espesso das obscuridades e incertezas de seu tempo, já iluminou o coração de muitos filhos da Igreja, e ainda vai projetar, talvez, sem o saber, o manto de sua luz sobre a história da humanidade ao longo dos séculos, como um facho luminoso, cujo alcance acompanha, indeterminadamente, a linha incomensurável do tempo nas mínimas categorias de segundos, minutos, horas, dias, noites, anos, séculos. E o clarão de sua luminosidade chegou até nós, tendo já decorrido pouco mais de uma década do início do terceiro Milênio. 

Portanto, a seguir desenvolvemos uma reflexão oportuna, de modo a oferecer uma visão, sem dúvida parcial e incompleta, da vida desse Santo, mas que coloca em meritório destaque umas de suas obras mais influentes e mais lidas, em todos os séculos: As Confissões. Segundo Daniel Rops, “são uma das cinco ou seis obras que desejaríamos ver sobreviver a todos os desastres da história. Esta obra chama-se simplesmente As Confissões”. Será, pois, à mercê dessa embevecida obra que se descortinará o horizonte das perspectivas norteadoras do presente desabotoar de ideias. Assim, com o esmero de uma aplicação condigna à elaboração e desenvolvimento desse intento, convém salientar que a delimitação que leva a termo nosso objetivo – o de uma reflexão simples, mas digna de nota – está sob a dependência das coordenadas limítrofes do título a cujo mérito se deve, satisfatoriamente, a conclusão da disquisição a respeito das Confissões de Santo Agostinho, fio condutor que enfatiza, de modo considerável, três temas principais: A Biografia do Santo, um de seus livros mais importantes, sobretudo, por apresentar um novo estilo de literatura, As Confissões, e uma meditação, breve, mas bem acentuada, na temática do Homem que se abre para Deus, enquanto busca de realização plena na intimidade com o Bem Supremo, num processo de crescimento espiritual rumo à conversão, conforme o próprio exemplo de Santo Agostinho. Com efeito, é o que constatamos na leitura das páginas, às vezes, difíceis, às vezes, deleitáveis, de sua obra As Confissões. É, pois, justamente, daí que vamos haurir, paulatinamente, argumentos que confirmem, de modo categórico, a convicção profunda da referida constatação. Feitas tais considerações, basta-nos torcer para que na leitura subsequente – com os textos que virão depois – seja verificada a concretização do projeto inicial, a fim de que tudo seja ad maiorem Dei gloriam – para a maior glória de Deus – à mercê de quem se encontra a possibilidade da realização de todos os nossos sonhos, de todos os nossos projetos, sem nos esquecer dos riscos que envolvem e amortecem a plenitude da realização dos mesmos. 

Inicialmente, talvez, assalte-nos o espírito uma pergunta, querendo roubar a tranquilidade aparente de nossa consciência revolta: “Por que uma biografia?”. Certamente, não precisamos de muitas excogitações para encontrar uma resposta simples e segura a tal questionamento. O fato é que a biografia introduz-nos – pelo conhecimento e pela inteligência – no mundo de um passado remoto que a história se encarrega de tornar presente pelo vigor borbulhante da crista das vagas que se debatem, incansavelmente, contra os muros da memória, cuja penumbra, qual figuras que se levantam das sombras dos séculos, faz-nos distinguir civilizações que, na vulnerabilidade inexorável do tempo, nasceram, cresceram, existiram, mas também agonizaram seu último suspiro e morreram, deixando-nos resquícios incontestáveis de sua existência geográfica e histórica. 

Desse modo, no piscar de olhos da biografia, entendemos o personagem estudado – no caso, Santo Agostinho – as inquietações mais profundas de seu espírito e de sua época; mergulhamos no seu tempo e nas especulações que envolveram todo o seu ser. Quem foi Santo Agostinho? Onde ele viveu? Por que caminhos intelectuais andou e etc.? São perguntas que não podem fugir da esfera da vida de alguém a quem queremos conhecer melhor e mais profundamente.