domingo, 1 de janeiro de 2012

Feliz Ano Novo!!


Feliz ano novo! 



Mesmo que muitos sonhos tenham ficado perdidos no meio do caminho, feliz ano novo! Mesmo que os desejos mais prementes de sua alma sedenta de realizações tenham sido frustrados pelas incongruências da vida, feliz ano novo! Mesmo que nem todas as lágrimas tenham sido enxugadas, feliz ano novo! Mesmo que os tempos novos que se abrem na esteira da existência não tragam consigo velhas amizades, feliz ano novo! Mesmo que tudo pareça caótico e fracassado em derredor, feliz ano novo! Sim, por tudo e, apesar de tudo, feliz ano novo!
Quem foi que disse que todos os sonhos precisam ser vividos e realizados? Quem foi que disse que o sabor amargo das desilusões da vida não carrega consigo aprendizados de esperanças? O fato é que a festa da vida segue seu curso diante de quem não ficou enterrado sob os escombros existenciais dos limites cronológicos e passageiros. Quem ficou enterrado é porque morreu. Mas nós continuamos vivos e precisamos retomar os desafios da inexorabilidade do tempo, com otimismo e coragem. Na verdade, o que realmente queremos dizer quando externamos augúrios de “feliz ano novo”? Será que não são palavras vazias de significado em face das esperanças perdidas? “Feliz ano novo” é mais do que um desejo profundo. É mais do que uma vontade. Simplesmente, é mais do que palavras. “Feliz ano novo” carrega os sonhos da humanidade na esperança de superação dos conflitos e guerras internacionais, mas também dentro de nossas casas, em nossas famílias, no círculo dos amigos que ainda se entreolham com desconfiança. Nesse sentido, muros de separação precisam ser vencidos e substituídos por pontes que possibilitem o diálogo sincero, a verdade necessária à reaproximação de todos, de modo que o olhar bondoso quanto às carências dos irmãos seja a expressão mais cara à fraternidade universal. E é nessa direção que a mensagem do Papa fala a todos e cada um de nós.
Como habitualmente acontece, o dia primeiro de janeiro de cada ano é dedicado à fraternidade universal dos povos, sendo considerado o dia mundial da paz, por ocasião do qual o Santo Padre, o Papa Bento XVI, dirige uma mensagem a todos os povos, especialmente, aos líderes globais que são, de modo direto e institucional, os mais responsáveis pelo bem-estar da união entre todas as nações. Na mensagem desse ano de 2012, o pensamento do Romano Pontífice volta-se, sobretudo, para a juventude diante do grave contexto histórico em que vivemos, com acentuada preocupação quanto aos problemas e desafios econômicos que podem desencorajá-los em busca de suas conquistas e realizações. Conforme anuncia o título, o Papa espera e deseja que todos os governantes e outras instituições como a família, que, ao contrário do que muitos pensam, ainda continua sendo “a célula da sociedade”, colaborem quanto à urgência da justiça e da paz entre os povos. Eis, pois, a intenção do Papa em sua mensagem: “O início de um ano novo, dom de Deus à humanidade, induz-me a desejar a todos, com grande confiança e estima, de modo especial que este tempo, que se abre diante de nós, fique marcado concretamente pela justiça e a paz. Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor ‘mais do que a sentinela pela aurora’ (v. 6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante. É verdade que, no ano que termina, cresceu o sentido de frustração por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia; uma crise cujas raízes são primariamente culturais e antropológicas. Quase parece que um manto de escuridão teria descido sobre o nosso tempo, impedindo de ver com clareza a luz do dia”.
Diante das vicissitudes históricas por que passamos, com circunstâncias difíceis para todos as nações, inclusive, para aquelas que se sentiam autossuficientes na suposta e inatingível segurança econômica, o Papa convida-nos à esperança. De fato, não obstante tudo, não podemos deixar de alimentar o sonho das realizações. No entanto, somente se estivermos firmes na convicção do salmista, que consegue entrever por trás da bruma dos obstáculos a certeza da vinda do Salvador, é que conseguiremos transpor os umbrais de toda desolação e frustrações, propriamente humanas. Por isso que o Santo Padre exorta em seu discurso: “Mas, nesta escuridão, o coração do homem não cessa de aguardar pela aurora de que fala o salmista. Esta expectativa mostra-se particularmente viva e visível nos jovens; e é por isso que o meu pensamento se volta para eles, considerando o contributo que podem e devem oferecer à sociedade. Queria, pois, revestir a Mensagem para o XLV Dia Mundial da Paz duma perspectiva educativa: ‘Educar os jovens para a justiça e a paz, convencido de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo”. Na verdade, a juventude é o futuro da humanidade. Porém, para que os jovens se tornem dignos de levar adiante o papel de sua responsabilidade, não apenas por convicções pessoais, mas, de modo especial, pela capacidade de ver muito além do horizonte que os circunda, é preciso o empenho de todos, no intento de que eles atinjam os fins desejados. Infelizmente, os jovens parecem desorientados e desencontrados por falta de referências seguras, que os motivem e os animem ao progresso inerente às suas conquistas. Sem educação, sem estudos, sem motivações grandiosas, e, às vezes, até mergulhados nas drogas de todo tipo e embalados pelas modas da pegação momentânea que desgastam suas melhores energias em coisas fúteis e passageiras, que futuros eles podem esperar? Como, então, sedimentar o alicerce do futuro da humanidade em pessoas vazias e sem entusiasmo pelas inquietações mais prementes que ameaçam o próprio seguir adiante?
Por isso que eles precisam de ajuda, e o argumento do Papa é producente: “A minha Mensagem dirige-se também aos pais, às famílias, a todas as componentes educativas, formadoras, bem como aos responsáveis nos diversos âmbitos da vida religiosa, social, política, econômica, cultural e mediática. Prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade, mas um dever primário de toda a sociedade”. Portanto, cada setor da vida social pode ajudar os jovens com a parcela de contribuição que lhe cabe. A despeito dos desafios atuais, em conjunturas cada vez mais difíceis e provocantes, em que muitos pais não conseguem vislumbrar nada além do caos, o Papa convida-os a não desanimarem quanto à educação e à formação dos filhos. Vale a pena apostar na força que brota dos sonhos juvenis. No entanto, eles não se realizam por si mesmos. A maturidade caminha ao encontro de um conjunto de possibilidades que exigem dos jovens determinação e afinco.
Nesse contexto, a família se torna muito importante e fundamental na vida dos jovens. Por isso que o Papa insiste: “Vivemos num mundo em que a família e até a própria vida se vêem constantemente ameaçadas e, não raro, destroçadas. Condições de trabalho frequentemente pouco compatíveis com as responsabilidades familiares, preocupações com o futuro, ritmos frenéticos de vida, emigração à procura dum adequado sustentamento se não mesmo da pura sobrevivência, acabam por tornar difícil a possibilidade de assegurar aos filhos um dos bens mais preciosos: a presença dos pais; uma presença, que permita compartilhar de forma cada vez mais profunda o caminho para se poder transmitir a experiência e as certezas adquiridas com os anos – o que só se torna viável com o tempo passado juntos. Queria aqui dizer aos pais para não desanimarem! Com o exemplo da sua vida, induzam os filhos a colocar a esperança antes de tudo em Deus, o único de quem surgem justiça e paz autênticas”.
Ciente de todos os desafios da modernidade para as famílias, o Pontífice não esquece o reconhecimento de uma vivência sólida alicerçada na verdade e na liberdade, na justiça e na paz, tudo isso com os olhos voltados para Deus, o único que pode oferecer-nos um auxílio seguro, como reza o salmista. Dirigindo-se aos jovens, o otimismo do Papa ainda os incentiva, dizendo: “Sabei que vós mesmos servis de exemplo e estímulo para os adultos, e tanto mais o sereis quanto mais vos esforçardes por superar as injustiças e a corrupção, quanto mais desejardes um futuro melhor e vos comprometerdes a construí-lo”. Que os votos de Feliz Ano Novo possam traduzir-se, concretamente, em esperança e realizações para todos. Então, Feliz Ano Novo!