segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Justin Bieber, um garoto e sua voz!

Justin Bieber: um garoto e sua voz



Justin Bieber é capaz de unir talento, competência e responsabilidade com tudo aquilo que a vida está oferecendo-lhe, o que, talvez, muita gente medíocre não tenha condições de fazer. Quase noventa por cento das pessoas com quem falei de Justin Bieber, sobretudo, adolescentes ou pessoas não tão adultas, fizeram uma expressão de desprezo e indiferença, como se perguntassem: “Você também é fã dele, aquele metido?”. Reagem como se ele fosse o vizinho da casa ao lado, que nos dá o direito de bisbilhotar sua vida com a intromissão de comentários desse tipo. Como reações à minha abordagem, vi muitas caretas e trejeitos irrefletidos de quem pensa que ele surgiu do nada, ficou famoso e rico e, agora, explode na efervescência incontrolável de fanáticos que vão atrás de seus shows. É provável que alguns de meus leitores também se comportem de modo semelhante. E não há nada de estranho nisso. Talvez, perguntem-se: “Que tem a ver, um padre, escrevendo sobre Justin Bieber?”. Não seria falta do que fazer ou do que dizer?”. Até que poderia ser. No entanto, é, justamente, por conta dessa falta do que fazer, que me são reservados espaços em dois distintos jornais de Aracaju, nos quais eu escrevo semanalmente.
A verdade é que há pessoas que se incomodam com a velocidade inesperada do sucesso alheio, sem, nem sequer, permitir-se a dignidade de descobrir o caminho percorrido pelas pessoas até chegarem aonde chegaram. Fama e dinheiro não caem do céu nem se aliam à imbecilidade dos incompetentes. Justin Bieber foi um achado valioso dentro das dobras da cibernética moderna – a internet – essa rede de comunicação onde encontramos de tudo e, de igual maneira, alimentamos nossos sonhos e despertamos para o irreal a partir do real. Encontrado no You Tube, onde sua mãe, religiosa, postava todos os vídeos caseiros de seus ensaios musicais, de suas batidas ritmadas em tambores e em tudo o que ele via pela frente, como se fosse baterias improvisadas na extensão de seu pequeno universo material, que se alongava na amplidão de seu talento mirim. Foi numa igreja do Canadá, na pequena cidade de Stratford, onde seu espírito se abriu à musicalidade, de modo que, a partir dali, ele aprendeu a tocar muitos instrumentos como guitarra, bateria, piano, etc. É ele mesmo que o conta: “Na igreja que minha mãe frequentava, os cultos sempre tinham muita música, em sua maior parte tocada por uma banda gospel contemporânea. Os membros da banda eram nossos amigos, e, às vezes, em algum desses encontros, o percursionista me deixava tocar vários daqueles instrumentos barulhentos. Quando ele percebeu que eu queria tocar – e não apenas brincar –, me colocou no seu colo enquanto tocava a bateria. Depois de um tempo, ele me emprestou as baquetas e me deixou arriscar algumas levadas. Aos quatro, cinco anos, eu conseguia escalar o banquinho e tocar bateria sozinho. Foi nessa mesma época que descobri que podia sentar ao piano e espancá-lo também”.
O talento caminha junto à perseverança do desejo de realizar seus sonhos. Daí sua insistência em superar as dificuldades iniciais: “Quando cresci o suficiente para conseguir passar os braços em volta de um violão, comecei a me aventurar com esse instrumento também. Você precisa criar força nas mãos, e até que fique com calos nos dedos, parece que as cordas estão te cortando como navalhas. Isso provavelmente desestimula muita gente. Devem pensar: ‘Opa, tocar violão deve ser divertido. E parece bem fácil’. Depois de meia hora saem dizendo: ‘Ai! Isso machuca mesmo’. E, aí, elas se esquecem de como aquilo que deveria ser algo divertido, e acabam desistindo”. Não obstante as dificuldades, claro que o gênio musical também nasce da espontaneidade com que seu espírito parece estar impregnado ou mergulhado no próprio ar que respira. Assim, sem saber muito bem como o explicar, ele expressa-se dizendo: “Quando ouvia a música que tocava na Igreja, eu podia sentir aquelas harmonias pairando no ar como se fosse umidade. Não era exatamente um aprendizado: era como se a música fosse absorvida pela minha pele. Não sei como explicar de outra forma”.
Quem teve a oportunidade de ver o documentário sobre sua vida, sabe que a primeira viagem de avião que ele iria empreender seria para a Disney World, depois de ter conseguido algum dinheiro na rua onde cantava para os transeuntes. Desse modo, ele pensava em dar um presente à sua mãe, que iria com ele. Eis o que ele confessa com muita simplicidade: “Para nós, ir à Disney era uma possibilidade tão remota quanto ganhar na loteria”. No entanto, um empresário, Scooter Braun, depois de muita insistência para encontrar Justin Bieber e sua mãe, a fim de assegurar-lhes a possibilidade de um contrato, e assim investir na carreira do garoto, conseguiu convencê-los de seu talento, levando-o à sua casa em Atlanta, nos Estados Unidos. Como a mãe estava desconfiada com outras propostas anteriores, teve certa resistência, mas, acabou aceitando a proposta. Então, o garoto decolou. Cercado por pessoas que o ajudam no equilíbrio de suas conquistas, tentam fazer com que ele não se perca dentro de seu próprio universo. Nesse sentido, sua afirmação é a luminosidade inquietante de sua consciência: “Meu mundo se tornou muito grande rápido demais, e tendo em vista um monte de exemplos tristes, muitas pessoas esperavam que eu me perdesse neste mundo”.
Para uma criança que viu seu mundo ampliar-se de uma hora para outra, tudo pode ser muito louco e, talvez, capaz de tolher-lhe, precocemente, o direito a uma vida normal como a de todos os garotos de sua idade. É o preço da fama e da singularidade de suas descobertas como artista, que o distancia do lado comum da vida. Do anonimato, ele subiu rapidamente aos palcos do mundo inteiro e tem ido pelos quatro cantos, levando a demonstração de seu gênio musical. Filho de uma mãe religiosa, que sempre teve medo de que a fama subisse à cabeça e o desviasse da formação íntegra do caráter e da personalidade, ele também tinha noção do mundo em que estava se jogando com todas as consequências levadas consigo. O fato é que muitos artistas mirins, entre os quais atores e cantores, não souberam bem como lidar com a realidade da fama, do dinheiro, permitindo-se o envolvimento com drogas e outras realidades que precipitaram seu talento e sua vida num verdadeiro caos de antivalores e contratempos que acabaram por engoli-los na voracidade fútil de seus entorpecentes. Quando, por exemplo, Justin Bieber soube que Madona afirmou ter roubado a infância de Michael Jackson, ele gritou aos seus tutores: “Não deixem isso acontecer comigo”. E, realmente, se depender dos cuidados das pessoas que o acompanham por toda parte, ele terá vida longa no palco espontâneo de seu talento. O trabalho é duro, exigente, árduo, e nada de dar tanta liberdade aos arroubos de sua molequice.
Dezessete anos e meio já parecem uma vida longa para quem saiu do anonimato, há tão pouco tempo. Na sua festa de dezesseis anos nada de bebidas com álcool nem cigarro nem drogas ou algo que pudesse entornar o bom senso e a camaradagem própria de seus amigos, de seus convidados: “Todos especulavam se eu iria comemorar fazendo algo doido, mas eu só queria ficar com a minha família, meus amigos e minha equipe”. Terminada a festa, ele pegou um avião e foi ao Canadá curtir com a família seus dezesseis anos, inclusive, com direito a jogar boliche. Ao lado de sua projeção rápida no cenário internacional, ele também despertou ira e raiva em muitas pessoas que não gostam de seu jeito de ser, e falam mal dele. Intrigado com isso, ele comenta: “É engraçado quando leio coisas sobre mim que não são verdade. Por que as pessoas reservam um tempo de seu dia para odiar um garoto de dezesseis anos?”.
Pelo bem ou pelo mal, o importante é que saibamos respeitar as pessoas como elas são. Não somos iguais nem tivemos os mesmos talentos ou as mesmas possibilidades, o que não nos autoriza destratar ou difamar a quem quer que seja. Agora, no Brasil, tenho certeza de que, mais uma vez, Justin Bieber demonstrará ser quem sempre foi, isto é, um garoto em transição com seu talento e sua voz, encantando os que lhe reservam a honra de poderem participar de seus shows. Não sei o significado da tatuagem do nome “Jesus”, em hebraico, nas costelas esquerdas de seu corpo. Teríamos de perguntar a ele. No entanto, como a oração está sempre presente no início de seus shows, espero que Cristo o abençoe e o conserve, assim, tendo-O como uma referência à frente de todas as suas conquistas, pois, foi ele mesmo quem disse: “Meu talento vem de Deus”. Bem-vindo, entre nós, Justin Bieber! Que sua estrela não pare de brilhar tão cedo!